Actualidade: Boas práticas de moto na cidade

Depois do confinamento e “defeso” do país, pareceu-nos pertinente relembrar algumas (boas) práticas que devemos ter quando conduzimos na cidade. Se para muitos será uma “reciclagem” de conhecimento, para tantos outros, recém-chegados, serão importantes dicas para se “guiarem” na selva urbana que são as cidades. 

Texto Domingos Janeiro • Fotos Arquivo

As scooters e as motos fazem parte do nosso quotidiano, de forma cada vez mais presente, ao ponto de muitos agruparem os motociclistas em dois grupos distintos: os que realmente nutrem paixão pelas motos e os que fazem da moto mais um “electrodoméstico”. Pois bem, tanto uns como outros merecem o nosso total respeito, sendo certo que grande parte dos “desapaixonados” ficarão rendidos não só aos encantos das motos, mas a todo o espírito que o meio oferece.

Com o aumento substancial de motos nas cidades, em particular de scooters, assistimos diariamente a práticas que não são as melhores e que além de poderem contribuir para uma imagem menos positiva do motociclista, podem até colocar a saúde em risco, não só dos próprios utilizadores da moto, mas de terceiros. Os conselhos que aqui vos deixamos são os que cremos serem os mais pertinentes, pois muitos mais poderíamos dar. Servirão para fazer pensar os menos experientes, mas também os que com anos de experiência nestas coisas das duas rodas, já interiorizaram comportamentos instintivos que nem sempre são os mais correctos.

Há um princípio geral, transversal a todos os utilizadores e tipos de motos, que se tivermos bem presente, é meio caminho andado para tudo correr bem: chama-se respeito pelo próximo! Depois, é escolher um bom seguro (as coberturas mudam de companhia para companhia, assim como os preços); optar por bom vestuário técnico; montar os acessórios necessários para o nosso conforto diário e, acima de tudo, sermos muito cautelosos. Jogar em antecipação, é palavra de ordem!

Temos todos a ganhar

Já há muito que deixou de ser “segredo” que as motos são a solução mais prática e viável para os graves problemas de mobilidade nas cidades. E nem a poluição pode servir de arma de “arremesso” porque a emissão de CO2 que as motos emitem, são realmente residuais, para não falarmos das eléctricas que cada vez mais pintam de “verde” as urbes. Economia, mobilidade e baixa pegada ecológica, os três princípios fundamentais que colocam a moto na dianteira das soluções de mobilidade! Com os olhos postos nestes três factores, temos assistido, nos últimos anos à chegada de muitos novos utilizadores, grande parte deles com o olhar puramente prático dos motociclos. Mas grande parte destes, estão agora a dar o passo seguinte para cilindradas maiores.

Equipamento

Longe vão os tempos em que o vestuário técnico para os motociclistas era limitado, com pouco sentido estético e muito caro. Todos esses “argumentos” estão completamente ultrapassados. Há marcas e modelos para todos os gostos, para todas as carteiras e com diversos níveis de protecções. Independentemente da cilindrada ou tipo de moto, é imperativo estar-se equipado com ténis/botas específicos para motociclistas; calças com reforços/protecções; blusão, luvas e capacete, de preferência fechado. Começamos pelo calçado: neste momento há calçado para todos os estilos, com a protecção necessária e confortável, pelo preço de um par de “ténis” convencionais.

As calças também evoluíram imenso e temos um sem fim de possibilidades: Gore-Tex, têxtil, de ganga ou até estilo “sarja”, muito confortáveis, com protecções que mal se notam e fáceis de desmontar. O preço? Bem, esse já deixou de ser também argumento dissuasor! Quanto aos blusões, nada a dizer, há modelos para todas as estações do ano e há os que são tudo em um, um pouco mais caros, mas cujo investimento acaba por compensar, e muito! As luvas, são imprescindíveis, pois em caso de queda, as mãos, geralmente, são sempre as primeiras a aterrar no asfalto! Também as há para todos os gostos e preços!

Por fim, o capacete! Os integrais, protegem melhor, mas também há os modelares e os jet. É imperativo experimentar o capacete, ver se fica justo e confortável na cabeça e, jamais podemos usar o capacete posto sem estar com a fivela de ajuste fechada e ajustada. Todo o equipamento deve ser do tamanho correcto para o utilizador e confortável!

 A moto também merece cuidado

Embora a tecnologia esteja cada vez mais avançada, deves ligar a moto antes de calçar as luvas e apertar o capacete. Assim dás tempo para que o motor ganhe alguma temperatura e evitas sair a frio. Principalmente nos meses em que a temperatura é mais baixa. Ainda antes de arrancar, deves conferir se os retrovisores estão regulados ao teu gosto e se consegues ver bem o que se passa atrás de ti e até às laterais.

Caso a tua moto/scooter tenha manetes ajustáveis, deves colocá-las da forma a que te sintas mais confortável. Quando estiveres pronto a arrancar, confere que não vem nenhum carro ou outro veículo a passar. Olha para ambos os lados, para os retrovisores e para a frente. Se o fizeres sempre, está a antecipar potenciais acidentes, muito comuns na cidade.

 Antecipação, a melhor arma

Antecipação, precaução e sentido de responsabilidade são conceitos que te salvam a “pele”. Nunca é demais verificar que não há perigos por perto. Os semáforos são uma fonte inesgotável de perigo, por isso, presta muita atenção. Mesmo quando o teu semáforo passe a verde, confirma que não tens peões a atravessar e que os carros estão parados nas restantes vias. Os problemas nos cruzamentos e semáforos, são, na sua grande maioria, causados por terceiros. Muita atenção!

Uma armadilha em cada esquina

São muitas as armadilhas com as quais somos confrontados diariamente nas cidades. Os buracos aparecem de dia para dia, em especial no inverno, como resultado do mau tempo. Mas há mais, muito mais! As tampas de esgoto, que além de escorregadias podem estar salientes, ou por outro lado, abaixo do nível do asfalto; as passadeiras e as setas de indicação pintadas no asfalto, com tinta escorregadia, principalmente quando molhadas ou nos dias de maior calor, quando começam a derreter.

Os carris dos eléctricos são um autêntico perigo, as rotundas que por norma acusam desgaste do alcatrão e são locais onde os derrames de combustível ocorrem com frequência; as juntas de dilatação das pontes e enchimento estilo “cola-alcatrão” utilizado nas fendas das estradas. Temos a juntar a isto tudo o alcatrão polido e as zonas de calçada. Que me perdoem os peões e ciclistas, mas estes podem ser também, muitas vezes, considerados potenciais armadilhas.

Embora os peões tenham prioridade, a maioria das vezes caminham distraídos e lançam-se para as passadeiras sem olhar para a estrada! Pela forma silenciosa com que se nos apresentam, as bicicletas merecem também atenção redobrada nos centros urbanos!

Sinais de trânsito? O que é isso?

Basta parar um pouco num qualquer ponto da cidade para notarmos que há sinais de trânsito, que embora estejam colocados de forma correcta na via pública, são invisíveis para muitos. Isto fica a dever-se à sensação de impunidade que reina nas cidades e que só parecem funcionar em caso de acidente. Muitas vezes, temos a tendência a fazer de um stop um sinal de cedência de passagem e não paramos totalmente. Um stop, é um stop, somos obrigados a parar, mesmo que vejamos que não há perigo. Circular pelo passeio é totalmente proibido. Se no entanto o tiveres que fazer por qualquer motivo, respeita ao máximo os peões.

A mobilidade que a moto oferece pode ser viciante. Passar por entre os carros e não termos que estar parados nos engarrafamentos são das maiores vantagens, mas recorda-te que é proibido circular por entre as filas de trânsito. Embora seja uma prática aceite pelas autoridades, não devemos exigir que os automóveis se desviem para a nossa passagem. Podemos sim, de forma educada pedir passagem, se for caso disso e antecipar eventuais manobras dos automóveis que nos possam colocar em perigo. E agradecer sempre que nos facilitam a passagem! Em momento algum devemos relaxar, é isto que vai ditar que possamos chegar a casa sãos e salvos! E lembra-te, muitos dos acidentes dão-se quando estamos a chegar perto do destino, onde temos a tendência em baixar a guarda.

Por fim, estacionar!

Parar, mas parar bem! A forma como estacionamos, conta e muito para a imagem que têm de nós. Embora seja proibido, as autoridades também permitem que possamos estacionar no passeio, desde que de uma forma ordenada e que não impeça a passagem dos peões. Um estacionamento abusivo ou desordenado faz com que a imagem dos motociclistas saia “beliscada” e atrai a atenção das autoridades, podendo mesmo resultar em bloqueios e coimas.

Procura sempre estacionar nos locais próprios e caso não consigas, respeita ao máximo os peões, o acesso aos contentores do lixo, às garagens, prédios, entre outros. Deixa sempre passagem a contar com uma cadeira de rodas ou um carrinho de bebé.