Foi em meados de junho de 2023 que a Revista Motojornal aqui lhe contou os primeiros detalhes do que seriam um conjunto de normas europeias que teriam implicações nos sistemas de escape das motos. O objetivo das entidades europeias é claro: silenciar as motos!
A intenção dos responsáveis europeus foi de criar uma nova legislação que, de acordo com a ACEM – Associação Europeia de Fabricantes de Motos e os fabricantes de escapes “aftermarket”, tem como objetivo minimizar os impactos das emissões sonoras das motos no dia-a-dia dos cidadãos europeus, e vai ao encontro das mais recentes políticas ambientais.
Isto foi conseguido, principalmente, com a obrigação dos fabricantes de motos e sistemas de escape “aftermarket” em criarem escapes que sejam mais difíceis de alterar, nomeadamente dificultando ou impossibilitando a remoção dos denominados “dB Killer”, os elementos que integram a parte final da ponteira de escape e que até agora eram relativamente fáceis de remover.
Desta forma os motociclistas podiam alterar o ruído emitido pelo sistema de escape das motos, usando sistemas não originais do fabricante da sua moto. A partir de agora será impossível ou muito complicado.
Para a Comissão de Trabalhos sobre Ruído e Pneus, era importante criar um conjunto de regulamentos que permitam que os motociclistas possam utilizar sistemas de escape não originais, homologados para uso em estrada, e que quando instalados na moto não emitam um nível de ruído que seja superior ao do sistema de escape original.
Na mira das autoridades europeias está também o uso de válvulas de escape que abrem / fecham em determinadas circunstâncias e parâmetros.
Nomeadamente o uso destas válvulas em posição fechada de forma a manter o ruído baixo no regime a que são realizados os testes de homologação de ruído da moto, sendo que noutros regimes as válvulas abrem permitindo ao fabricante da moto ou do escape conseguir aumentar o ruído para níveis acima do que será considerado aceitável para o bem-estar e saúde pública.
Wim Taal, Secretário-Geral da Federação Europeia de Associações de Motociclistas (FEMA), “A ACEM referiu anteriormente que até uma redução de 2dB no limite máximo seria muito desafiante do ponto de vista económico e técnico. A mesma ACEM disse ainda que qualquer ambição para reduzir em 5dB seria um cenário simplesmente irrealista. A FEMA apoia esta visão. Um estudo da FEMA demonstrou que uma grande maioria dos motociclistas europeus (74%) não acreditam que faz sentido bloquear estradas aos motociclistas quando o ruído das motos gera queixas. Banir as motos da estrada não é a resposta para o incómodo percetível causado pela passagem das motos. O nosso estudo mostrou que não existe justificação para um limite mais rígido de ruído legal para as novas motos. A grande maioria dos motociclistas europeus utiliza sistemas de escape legais e reduzir os limites de ruído não irá resolver nada”.
Para a FEMA, e partindo das informações recolhidas nos seus estudos, será muito mais benéfico que sejam implementados programas ou medidas de cooperação entre as autoridades e comunidades de motociclistas, levando a uma consciencialização da importância da utilização de sistemas de escape homologados, de forma a garantir uma convivência saudável na via pública.
Nesse sentido, Olea Anett Kvalsvik, Presidente da FEMA, refere que “Um pequeno grupo de motociclistas ainda pensa que é aceitável remover o dB Killer ou instalar um sistema de escape ilegal. Isso vai doer a todos nós. Para a FEMA, os níveis (de ruído) não têm de ser reduzidos novamente, mas o ruído excessivo causa problemas a todos nós. Demasiado barulho leva a incómodos, queixas, e eventualmente a medidas retaliatórias, como fechar estradas ou até meios urbanos à circulação das motos”.
Com a aprovação da nova legislação europeia, veremos qual será o impacto no setor muito relevante do fabrico de sistemas de escape “aftermarket”.
A verdade é que atualmente algumas regiões europeias estão a aplicar, seja durante um determinado período do ano ou até durante todo o ano, a proibição da circulação de motos em determinadas estradas. Espera-se que esta tática não seja generalizada, e que por isso estas medidas ajudem a combater o ruído excessivo.
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