Bol d’Or 2022 – Pedro Nuno e Slider Endurance fora de ação

A equipa Slider Endurance onde compete o português Pedro Nuno foi obrigada a abandonar o Bol d’Or à passagem da 8ª hora de corrida.

pedro nuno

A 85ª edição do centenário Bol d’Or tinha tudo para ser uma grande festa para as cores portuguesas, neste caso defendidas por Pedro Nuno aos comandos de uma Yamaha R1 da equipa Slider Endurance #119. Depois de boas prestações nos treinos e qualificações, a formação francesa que compete na categoria Superstock do Mundial de Resistência FIM tinha fundadas esperanças de alcançar um “top 5” ao fim das 24 horas de corrida em Paul Ricard.

Mas a história numa corrida de resistência, e em particular numa corrida com uma duração tão longa e num circuito bastante particular, e exigente para com a mecânica das motos, basta pensar na longa reta Mistral que leva as motos a atingir mais de 300 km/h e motores ao “red line” bastante tempo, não se consegue prever e a Slider Endurance desde cedo começou a perceber isso mesmo.

Pedro Nuno, que nas participações anteriores no Mundial de Resistência tinha sido o piloto selecionado para fazer o arranque, desta feita cedeu essa “missão” ao seu companheiro de equipa Stephane Egea.

pedro nunoQuando se deu luz verde para o início do Bol d’Or, a Yamaha R1 #119, numa situação bastante comum e que inclusivamente afetou também a equipa oficial YART #7, decidiu não arrancar. A estratégia da equipa começava logo aí a ter de ser alterada, pois os mais rápidos da classe Superstock arrancaram sem problemas.

A Slider Endurance desceu então à 39ª posição, e a partir daí Stephane Egea iniciou uma série de voltas rápidas que permitiram à equipa subir na classificação.

Depois do primeiro stint em recuperação e onde reentraram no “top 10” das Superstock, foi a vez do português subir para os comandos da R1 #119. Pedro Nuno já tinha avisado, na antevisão que fez ao Bol d’Or em exclusivo à revista MotoJornal, que tinha como objetivo rodar no segundo 57, embora soubesse que tinha capacidade para rodar um pouco mais rápido.

E a verdade é que desde o primeiro momento em que iniciou o seu stint em pista nestas 24 horas em Paul Ricard, Pedro Nuno rapidamente entrou no ritmo dos mais rápidos da classe Superstock. Porém, a moto japonesa voltou a apresentar problemas, nomeadamente falta de potência intermitente, o que obrigou o português a encurtar um pouco a sua passagem pela pista regressando à box da Slider Endurance mais cedo do que o previsto, tendo inclusivamente de empurrar a moto até à box.

O problema foi encontrado: a bomba de gasolina não estava a funcionar a 100%. Uma paragem mais longa para troca do componente deficitário e depósito de combustível deixou a equipa novamente bastante atrasada e com mais uma recuperação pela frente.

pedro nunoMas um problema nunca vem só…

Na altura em que entra no pit lane, membros da equipa acabaram por ir ajudar o piloto para lá da zona permitida para o fazerem, o que fez com que a Direção de Corrida tivesse decidido por uma penalização em forma de um “ride through”. Por esta altura estavam a rodar em 36º.

A sequência de problemas para a Slider Endurance continuou depois com uma segunda penalização. Ao cumprir o “ride through”, excederam o limite de velocidade imposto para o “pit lane”, e como consequência desse novo erro foram mesmo obrigados a fazer uma segunda passagem forçada pelo “pit lane” para cumprir um“stop & go”.

Enquanto isso, a Yamaha R1 #119 estava já a funcionar em pleno, e já com Pedro Nuno de volta aos comandos, a equipa conseguia rodar novamente no segundo 57, que era o previsto para a corrida, com o piloto português a alcançar mesmo o segundo 56 durante algumas voltas, o que voltava a dar esperanças numa recuperação para lugares de maior destaque.

A equipa Slider Endurance fez então os seus cálculos e percebeu que a estes ritmos a mecânica da R1 não iria aguentar, pelo que foi pedido aos pilotos que fizessem uma maior gestão do tempo por volta, reduzindo o ritmo, de forma a tentarem manter-se em pista mais tempo sem ter de parar na box para reparar a moto. Tentaram assim fazer uma gestão dos problemas de forma ativa.

Porém, antes da passagem das primeiras 8H00 do Bol d’Or, e com Stephane Egea novamente aos comandos da moto, uma queda deitou tudo a perder.

O piloto ainda conseguiu trazer a moto de regresso à box da Slider Endurance, perdendo logo aí bastante tempo, tendo esperanças de conseguirem reparar os estragos e prosseguir em prova. Mas quando a equipa recebeu a moto na box, os seus mecânicos e pilotos rapidamente perceberam que tudo estava terminado.

Os danos na Yamaha R1 #119 foram demasiado extensos e profundos, e depois de alguns minutos a tentar desmontar a moto para avaliar os danos, a Slider Endurance acabou mesmo por decidir pelo abandono. Uma decisão que justificaram como sendo por motivos de segurança, pois na queda a moto ficou com danos irreparáveis na “frente” – sendo que não conseguimos confirmar ainda que tipo de danos foram, mas tudo indica que tenham sido danos ao nível do quadro – e que levaria a uma operação de reparação que deveria durar cerca de 3 horas.

Com tanto tempo perdido e a segurança dos pilotos em risco, ainda para mais sem estarem a batalhar pelas posições de topo e que dão pontos, a Slider Endurance optou por jogar pelo seguro e deu por terminado o seu esforço neste Bol d’Or, que mais não foi do que uma sequência de problemas e peripécias para a equipa onde competiu mais uma vez o Pedro Nuno.

Em reação a tudo o que aconteceu no circuito Paul Ricard, e em declarações exclusivas à revista MotoJornal, o piloto português mostra-se obviamente desiludido com o que aconteceu, numa corrida onde tinham fundadas aspirações a um “top 5” na classe Superstock:

“Estou um pouco desiludido porque estávamos com um bom ritmo e a recuperar dos azares que tivemos logo no início. É uma pena porque este ano tínhamos um bom conjunto de pilotos para lutar pelo top 5. Estava a sentir-me bem em cima da moto, mesmo com os problemas técnicos e algumas dificuldades que estávamos a ter. Mas mesmo com esses problemas estávamos a recuperar posições e de certeza que iríamos subir na classificação até ao final da corrida. Apesar de serem muitas horas não me sinto cansado e consegui cumprir com o que a equipa me pediu. As corridas são mesmo assim, e estas coisas acontecem. Infelizmente calhou a nós. Para a próxima com certeza vamos corrigir o que correu mal”, confessou-nos o Pedro Nuno.

Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos contar-lhe tudo sobre o que aconteceu neste Bol d’Or que fecha a temporada do Mundial de Resistência FIM. A não perder!