Hornet, Monster e Street Triple são três nomes muito fortes que se renovaram para 2023 e que me fizeram regressar à memória dos meus mais tenros anos, rumo aos meus prazeres mais primários. Não há como contornar, sempre tive um “fraquinho” por motos descaradas. Mesmo que ao longo da minha “vida motociclística” a presença de motos carenadas tenha sido uma constante, a verdade é que o meu coração bate diferente na presença de uma “naked”. No passado, era a simplicidade da moto, a mecânica exposta e mais acessível, aquilo que me atraía.
A isso junta-se a posição de condução, geralmente mais confortável e com guiador largo, que proporciona um melhor controlo da direção. Nos dias de hoje, com as “streetfighter” – que são desportivas “descascadas” – muita dessa simplicidade desapareceu, mas o prazer que me dá a sua condução manteve-se. Olhando para trás, houve modelos que me fizeram vibrar de forma mais intensa e três delas surgem este ano remodeladas.
Hornet, Monster e Street Triple são nomes inquestionáveis no universo das motos sem carenagem, modelos que marcaram – e marcam – o universo das duas rodas quando apareceram, estabelecendo uma linhagem muito própria no mercado, seguida por modelos de outras marcas. Mesmo não sendo muito comparáveis, quis juntá-las para, de uma assentada, as ficar a conhecer todas.
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Para apimentar o encontro, nada melhor que descer de Almodôvar até Loulé, através das fantásticas curvas de serra algarvia da N2, N124 e N396, um asfalto serpenteante que revela o que de melhor cada uma tem. Um encontro único que me satisfaz os mais básicos dos prazeres.
Ao estilo GP
A Ducati apresenta na nova Monster SP uma moto desenhada para realçar a diversão na condução desportiva, com um estilo único inspirado no esquema de cores da MotoGP. Equipada com componentes de referência, como suspensões Öhlins, pinças dianteiras Brembo Stylema, silenciador homologado Termignoni, amortecedor de direção e bateria de iões de lítio.
Ducati Monster SP
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15.595 €
937 cc
111 cv
186 kg (a cheio)
O seu quadro Front Frame, inspirado no da Panigale V4, é uma estrutura em alumínio extremamente leve e compacta. Embora seja muito diferente das primeiras unidades dos anos 90, a Monster SP está agora mais eficiente e segura, com eletrónica recalibrada de um ponto de vista desportivo.
O equipamento padrão inclui ABS Cornering, Ducati Traction Control e Ducati Wheelie Control, todos ajustáveis em vários níveis de intervenção. Os modos de condução Sport, Touring e Wet permitem moldar o caráter da Monster de acordo com os gostos e necessidades. Tudo pode ser facilmente gerido através dos comandos no guiador e pelo ecrã TFT a cores de 4.3”. Equipada com o motor Testastretta 11° de 937 cc, um bicilíndrico refrigerado a líquido com 4 válvulas por cilindro, 111 cv e distribuição desmodrômica.
A embraiagem deslizante que equipa a Monster SP trabalha em banho de óleo e é extremamente leve de operar e modular, mas, ao mesmo tempo, oferece maiores prestações na transmissão de potência. A caixa de velocidades está equipada com o Ducati Quickshift bidirecional padrão, proporcionando um melhor suporte na condução desportiva.
Um novo ferrão
A CB750 Hornet é uma moto de média cilindrada lançada pela Honda, destinada a uma nova geração de pilotos mais jovens em busca de um modelo de maior cilindrada. Inspirada no modelo anterior, a CB600F Hornet, que foi muito popular pela sua potência e manobrabilidade.
Honda CB 750 Hornet
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7.950 €
755 cc
91 cv
190 kg (a cheio)
A CB750 Hornet apresenta um visual minimalista e ângulos simples, definindo um estilo streetfighter moderno e elegante, com soluções técnicas desportivas adaptadas aos tempos atuais, um quarto de século após o lançamento do modelo original. Equipada com um novo motor bicilíndrico de 755 cc que gera 91 CV de potência máxima e 75 Nm de binário. A cabeça utiliza a tecnologia Unicam com 8 válvulas, cujo acionamento é feito diretamente pelas cames na admissão, e as de escape de 29 mm são acionadas por balanceiros.
A embraiagem assistida possui uma função deslizante que oferece maior leveza na manete, facilita as trocas de mudanças e reduz o bloqueio da roda traseira nas travagens fortes com reduções rápidas. O quadro em aço tipo diamante da Hornet pesa apenas 16,6 kg, graças ao reforço e adelgaçamento da zona da coluna de direção e à otimização das formas dos pontos de ligação robustos.
A forquilha é uma unidade invertida Showa de 41 mm de diâmetro, com funções separadas (Separate Function Fork Big Piston) e curso de 130 mm. O amortecedor traseiro trabalha no braço oscilante de aço via ligação ProLink e oferece afinação da pré-carga em 7 níveis. Apresenta um pacote de sistemas eletrónicos abrangente, incluindo três modos de condução, controle de tração variável Honda de três níveis, controle anti-cavalinho, três níveis de potência do motor e do efeito travão-motor, todos reguláveis.
Aperfeiçoada em pista
A 765 RS é a Street Triple mais potente de sempre, com 130 cv, alcançando desempenho superior graças às atualizações provenientes do motor de competição Moto2. O motor tricilíndrico de 765 cc proporciona um aumento de potência e desempenho, acompanhado por um binário também ampliado.
Triumph Street Triple RS
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13.395 €
765 cc
130 cv
188 kg (a cheio)
As relações de transmissão mais curtas garantem uma aceleração mais rápida, conferindo-lhe uma orientação mais centrada no desempenho e personalidade marcante. A Street Triple RS apresenta cinco modos de funcionamento diferentes, incluindo um modo de pista. O controlo de tração é otimizado para gerir a inclinação da moto, com uma IMU que continuamente lê o ângulo para assegurar a proporção de derrapagem ideal e controlar a entrega do motor.
Quatro níveis de intervenção ajustáveis independentemente podem ser selecionados para se adequarem aos estilos de pilotagem e às condições do piso, incluindo a opção de desligá-lo completamente. Outras atualizações incluem uma geometria revista, com uma inclinação mais acentuada e traseira elevada para curvas mais rápidas e ágeis.
As suspensões consistem numa forquilha Showa de 41 mm na frente e amortecedor Öhlins na traseira, proporcionando maior eficácia e montadas num quadro de alumínio terminado na traseira por um braço oscilante de desenho curvo.
A Street Triple RS destaca-se pelo desempenho de travagem, com capacidade para utilização em pista, graças às pinças dianteiras monobloco radiais de 4 pistões Brembo Stylema de última geração com discos flutuantes duplos de 310 mm e suspensões totalmente reguláveis. Integra uma nova geração de ABS otimizado também para curvas.
Conforto para ir mais longe
A Honda adota uma postura dual, aproveitando um peso muito contido e um motor moderno de excelentes prestações para compensar suas menores capacidades em comparação com as companheiras de estrada.
Ao considerar o preço, torna-se ainda mais impressionante perceber que ela exibe qualidades para rivalizar com todas em diversas situações. A sua leveza, facilidade de utilização e dimensões fazem dela a opção mais agradável em espaços mais confinados, como manobras em áreas urbanas com velocidades baixas.
Proporciona conforto e o motor disfarça bem suas menores prestações, demonstrando entusiasmo ao subir de rotação e força nos regimes baixos e médios. As suspensões oferecem bom apoio, lidando facilmente com as irregularidades do piso. Garantem um nível elevado de conforto, mostrando-se suaves e previsíveis, claudicando apenas quando a condução é extremada, ultrapassando os limites, mas sem causar surpresas desagradáveis.
As ajudas eletrónicas à condução desempenham um papel crucial na garantia da segurança e na confiança para explorar uma condução para lá do habitual. É uma excelente companheira para quem busca evoluir na experiência de condução. Seja para percorrer muitos quilómetros ou passar várias horas aos seus comandos, esta naked está bem equipada, superando as duas “rivais” do momento.
Com um pára-brisa mais generoso na frente, assegura uma proteção que a transforma numa agradável viajante. Com um preço e características muito distintos dos outros dois nomes aqui presentes, a nova Hornet acaba por ser um caso à parte, destacando-se quando o ritmo se intensifica.
Super agilidade
Ducati e Triumph destacam-se como as desportivas do grupo, mais rígidas e com uma sensação de pisar mais seco. O “momento” delas surge em estradas sinuosas ou mesmo em pista, como a Speed Triple tem demonstrado no Troféu de Naked Bikes do Campeonato Nacional de Velocidade, desafiando motos consideravelmente mais potentes.
Na nossa “corrida” em direção ao sul pela N2, onde o piso já não é novo, mas continua a incentivar uma condução mais empenhada, as bem equipadas Monster SP e Street Triple RS sentem-se à vontade. Escolher entre as duas é difícil; têm qualidades distintas, mas o mesmo carácter aguerrido.
A italiana exibe o funcionamento característico do seu bicilíndrico, que claramente marca o comportamento na estrada. Apesar de ter quase 20 cv a menos que a Triumph, o forte binário em baixas rotações e a entrega mais cheia do bicilíndrico garantem uma resposta sempre mais pronta nas zonas lentas de curvas muito encadeadas.
A configuração da sua ciclística proporciona-lhe um pouco mais de maneabilidade e rapidez de direção nas mudanças de trajetória, mas por vezes é desafiante manter a frente no chão, exigindo conter o punho direito ao acertar a entrada na curva seguinte. É uma moto que transpira rebeldia, misturada com eficácia. A travagem é muito forte e sobrepõe-se facilmente ao peso contido da Monster SP.
As ajudas eletrónicas controlam parte da rebeldia, e o preciso quick-shifter torna a condução ainda mais interessante, produzindo alguns “pops” de escape a cada passagem de relação. Esta é uma moto para quem procura mais diversão do que precisão, atributo no qual a inglesa se destaca.
Precisão de bisturi
A Speed Triple RS demonstra um comportamento igualmente ágil e rápido, mas mais controlado, exibindo uma maior precisão. Não possui a flexibilidade para permitir “disparates” entre curvas como a italiana, mas compensa isso com uma frente que segue as trajetórias como um tira-linhas. Torna-se muito mais eficaz quando conduzida com decisão e certeza.
A direção é firme, incisiva e responde de forma direta às nossas solicitações, com a traseira mostrando uma capacidade de tração composta quando abusamos do acelerador. A moto inclina-se por completo, inspirando grande confiança para explorar a inclinação e velocidade em curva. É uma verdadeira desportiva sem carenagens e com guiador alto, uma arma perfeita para quem, além de estradas de montanha, deseja explorar o asfalto de uma pista.
O motor não possui o “morder” inicial do Testastretta da Ducati, mas apresenta um crescendo mais linear que se enche de vigor a partir de médios regimes. Um típico tricilíndrico de cariz desportivo, enchendo a médio regime e respondendo de forma forte até rotações bem elevadas. Com 130 cv, mais 10 do que a Street Triple base, esta unidade é excelente.
De Almodóvar a Barranco do Velho, são 42 km pela N2, aos quais se juntam mais 20 km sinuosos da N124 e N396, até finalmente chegarmos ao nosso destino, Loulé. Estamos perante dois ícones que seguiram uma evolução contínua, elevando-os a um patamar evolutivo significativo. Ducati e Triumph são a escolha para utilizadores que exigem o melhor e um nível de eficiência especial, mesmo que isso sacrifique parte do conforto.
A Hornet reinventou-se, mas não tanto quanto parece. Se observarmos o tipo de cliente que pretende atingir com o seu motor de dois cilindros de elevado desempenho, é o mesmo cliente que o modelo de quatro cilindros em linha visava no seu tempo: jovens que desejam prestações um pouco inferiores às de uma desportiva ligeira e uma imagem leve e fresca.
É claro que os jovens dos finais dos anos 90 que vibraram com a Hornet original, agora na segunda juventude dos cinquenta, podem ter dificuldade em fazer a relação, mas nisso a Honda foi muito inteligente ao lançar em 2024 a Hornet 1000 com motor de 4 cilindros, que faz a ponte para esses clientes dos 90. No entanto, esta é uma Hornet autêntica, irreverente como todas as Hornet e igualmente acessível. Qualquer um destes três nomes poderosos consegue proporcionar-nos um elevado nível de prazer, tocando-nos no nosso mais profundo gozo a cada curva que fazemos.
EQUIPAMENTO
Honda CB750 Hornet – Capacete: NEXX / Blusão: REV’IT / Calças: Booster /Botas: Falco / Luvas: Macna
Ducati Monster SP – Capacete: Xlite X-803 RS / Blusão: Drenaline / Calças: Spidi /Botas: XPD / Luvas: Spidi
Triumph Street Triple RS – Capacete: Shoei / Blusão: REV’IT / Calças: Spidi /Botas: XPD / Luvas: Macna
FICHAS TÉCNICAS
Ducati Monster SP
Preço: 15.595 €
Tipo: bicilíndrico em “V” a 90º, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 8 válvulas, desmodrómica
Diâmetro x Curso: 94 x 67,5 mm
Cilindrada: 937 cc
Potência Máxima: 111 cv / 9.250 rpm
Binário Máximo: 93 Nm / 6.500 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica, by wire
Embraiagem: multidisco, assistida deslizante
Caixa: seis velocidades
Final: por corrente
Quadro: Front Frame em alumínio
Suspensão dianteira: forquilha Öhlins NIX 30 de 43 mm, totalmente regulável
Suspensão traseira: monoamortecedor Öhlins, totalmente regulável, braço oscilante em alumínio
Travão Dianteiro: 2 discos de 320 mm, pinças radiais Brembo Stylema, cornering ABS
Travão Traseiro: disco de 245 mm, cornering ABS
Pneus Dianteiros: 120/70-17″
Pneu Traseiro: 180/55- 17″
Altura do Assento: 840 mm
Distância entre eixos: 1472 mm
Capacidade do depósito: 14 litros
Peso a cheio: 186 kg (a cheio)
Importador: Ducati
Honda CB 750 Hornet
Preço: 7.950 €
Tipo: bicilíndrico paralelo, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 8 válvulas, Uni-cam
Diâmetro x Curso: 87 x 63,5 mm
Cilindrada: 755 cc
Potência Máxima: 91 cv / 9.500 rpm
Binário Máximo: 74,4 Nm / 7.000 rpm
Alimentação: Injeção PGM-FI, by wire
Embraiagem: multidisco, assistida deslizante
Caixa: seis velocidades
Final: por corrente
Quadro: tubular em aço
Suspensão dianteira: forquilha invertida Showa de 41 mm, SFF-BP, 130 mm de curso
Suspensão traseira: monoamortecedor ligação Pro-Link, 150 mm de curso
Travão Dianteiro: 2 discos de 296 mm, pinças radiais Nissin de 4 pistões, ABS
Travão Traseiro: disco de 240 mm, ABS
Pneus Dianteiros: 120/70-17″
Pneu Traseiro: 160/60- 17″
Altura do Assento: 795 mm
Distância entre eixos: 1420 mm
Capacidade do depósito: 15,2 litros
Peso a cheio: 190 kg (a cheio)
Importador: Honda Portugal
Triumph Street Triple
Preço: 13.195 €
Tipo: tricilíndrico em linha, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 12 válvulas, DOHC
Diâmetro x Curso: 78 x 53,4 mm
Cilindrada: 765 cc
Potência Máxima: 130 cv / 12.000 rpm
Binário Máximo: 80 Nm / 9.500 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica, multiponto, by wire
Embraiagem: multidisco, assistida deslizante
Caixa: seis velocidades
Final: por corrente
Quadro: dupla trave em alumínio, com subquadro traseiro fundido
Suspensão dianteira: forquilha invertida Showa com barras de 41 mm ‘big piston’ totalmente regulável, curso de 115mm
Suspensão traseira: monoamortecedor Öhlins STX40, totalmente regulável, braço oscilante em alumínio, curso de 131,2 mm
Travão Dianteiro: 2 discos de 310 mm, pinças radiais Brembo Stylema, cornering ABS
Travão Traseiro: disco de 220 mm, cornering ABS
Pneus Dianteiros: 120/70-17″
Pneu Traseiro: 180/55- 17″
Altura do Assento: 840 mm
Distância entre eixos: 1399 mm
Capacidade do depósito: 15 litros
Peso a cheio: 188 kg (a cheio)
Importador: Triumph Portugal/KMS
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