Contacto: Benelli 502C – A Mini-Diavel!

É impossível não fazermos este trocadilho, visto que a nova urban/ cruiser da Benelli foi buscar, assumidamente, a inspiração à Ducati Diavel.

Texto: Domingos Janeiro. Fotos: Benelli.

Embora a “facção” italiana que compõe a Benelli acuse algum incómodo quando fazemos esta, inevitável, comparação, para os asiáticos é uma “não” questão.

É uma questão cultural. Para os asiáticos, a inspiração e reprodução de outros objectos é sinal de respeito e reconhecimento, daí serem famosos, precisamente por essa vertente de negócio.

DESTAQUES

6.490 €
500 cc
47,6 cv
220 kg

Mas neste caso, não estamos a falar de uma cópia literal, mas sim de uma base que serviu de inspiração e de ponto de partida para a marca italiana criar a sua própria interpretação de um segmento.

Isto porque, embora não seja dos mais pujantes e conhecidos do mercado, é um dos mais apreciados, basta ver o sucesso de modelos como a Honda CMX 500 Rebel ou a Kawasaki Vulcan S têm tido no nosso mercado, e os quais a Benelli reconhece como principais oponentes.

FICHA TÉCNICA BENELLI 502C 

MOTOR E TRANSMISSÃO

Tipo dois cilindros em linha, 4T, refrigerado por líquido
Distribuição duas árvores de cames à cabeça, 4 válvulas por cilindro
Cilindrada 500 cc
Diâmetro/Curso 69 x 66,8 mm
Potência máxima 46 cv/6000 rpm
Binário máximo 108 Nm/ 9500 rpm
Alimentação Injecção Electrónica
Transmissão Final Por corrente
Embraiagem multidisco em banho de óleo, deslizante
Caixa de velocidades 6 velocidades

CICLÍSTICA

Quadro treliça em tubos de aço
Suspensão dianteira forquilha invertida, Ø41 mm, curso 135 mm
Suspensão traseira monoamortecedor, ajustável na pré-carga, curso 50 mm
Travão dianteiro disco de 240 mm, pinça de 2 êmbolos, ABS
Travão traseiro Disco de Ø n.d, pinça Brembo de 2 êmbolos, ABS
Pneu Dianteiro 120/70-17”
Pneu Traseiro 160/60-17”

PESO E DIMENSÕES

Comprimento máximo 2240 mm
Largura máxima 950 mm
Altura do assento 750 mm
Distância entre eixos 1580 mm
Ângulo de coluna de direção/trail n.d./n.d.
Avanço n.d.
Capacidade do depósito 21,5 litros
Peso 220 kg (ordem de marcha)
Cores preto, azul e bordeaux
Garantia 2 anos
Preço 6490€
 
Importador:
Multimoto Motor Portugal

Urban Cruiser

Estilo agressivo e até excêntrico, tornam esta 502C numa moto que desperta a curiosidade, pois exibe uma silhueta forte e musculada, com traços modernos, baixa e robusta, com um design simples mas contemporâneo, a beliscar o espírito custom, tão apreciado entre nós.

Pousa-pés avançados, assento baixo (750 mm de altura ao solo), guiador recuado e faróis em LED, vão ao encontro das mais recentes tendências do mercado.

Com outros modelos Benelli apenas tem em comum o facto de usar o já reputado bloco de dois cilindros, com 500 cc, a 4T, refrigerado por líquido, injecção electrónica, caixa de seis velocidades, 47,6 cv de potência e um binário de 46 Nm às 6000 rpm.

O quadro, em treliça em tubos de aço, assume protagonismo no conjunto, com grande relevância na agilidade, conforto e controlo. No que toca a suspensões, conta com uma forquilha invertida de Ø41 mm, bainhas de menor dimensão comparativamente com a Leoncino, com curso de 135 mm e um monoamortecedor, com regulação da pré-carga da mola, com curso de 50 mm.

O tema segurança encerra-se através de um potente conjunto de travagem, a cargo de dois discos de 280 mm na frente, com pinças radiais e quatro êmbolos.

Atrás, monta um disco de 240 mm, com pinça de dois êmbolos e, claro, ABS. As jantes de 17” vêm calçadas com pneus Pirelli Angel, o depósito de combustível tem capacidade para 21,5 litros e o painel de instrumentos é em TFT, totalmente digital.

Confirmação e não surpresa

Este é mais um modelo típico Benelli, um conjunto muito equilibrado e com todo o potencial para cumprir com a ambição da marca italo-chinesa: bater a Leoncino no que a vendas diz respeito.

Uma meta bastante ambiciosa, mas que, de acordo com os números avançados pela marca, que dão conta de um crescimento brutal em 2018 no mercado Europeu, os deixa bastante confiantes em continuar a bater recorde atrás de recorde.

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Os números dão sustento a essa motivação: entre Janeiro e Abril de 2019, o mercado europeu registou um crescimento global entre 16 e 20%, com a Benelli a apresentar um crescimento de 50% em relação a 2018 e, em Itália, esse crescimento nos quatro primeiros meses de 2019, fixou-se nos 72%. É obra!

Por isso, o forte investimento da marca em novos modelos e soluções, que em 2019, além da 502C, irão lançar uma Leoncino mais pequena, com 250 cc, a 752 S, uma clássica, a Imperiale 400 e a TRK 125/251.

Um momento de pujança que a marca adquirida pelo gigante chinês Qianjiang quer aproveitar e explorar ao máximo, como nos revelou Stefano Michelotti, responsável pelo departamento de tecnologia e soluções industriais.

Esteticamente bem desenhada, capta de imediato a nossa atenção, porque rompe com o que está disponível no mercado, com uma aparência de moto “dragster” musculada, que mistura num só modelo diversos estilos e influências, como a posição de condução, ao estilo custom, com os pés lançados para a frente e o guiador chegado atrás.

A reduzida altura do assento ao solo capa igualmente a atenção pela confiança imediata que transmite só pelo simples facto de nos permitir apoiar ambos os pés no chão.

A posição de condução, embora não seja das mais confortáveis, transmite muita confiança e, no final de contas, é isso que mais importa.

O estilo é sem dúvida um dos principais argumentos da nova 502c, a par da simplicidade e do tão desejado estilo pés para a frente.

O baixo centro de gravidade é outro dos trunfos para o grande equilíbrio da 502C, assim como a grande distância entre eixos, de 1580 mm, embora lhe acabe por retirar alguma agilidade.

Não é de facto uma moto que se sinta muito ágil nas rápidas transições de curva para curva, mas ainda assim, permite desfrutar de estradas de montanha de forma rápida, sem, no entanto, nos permitir atingir grandes ângulos de inclinação, com os pousa-pés a tocarem rapidamente no solo.

O conjunto de suspensões mostrou-se equilibrado, mas nas estradas mais degradadas e com curvas mais apertadas, que apanhámos nas zonas envolventes de Rimini, Itália, ficámos com a sensação de que a 502C resiste um pouco às abordagens mais agressivas às curvas mais apertadas, mas ultrapassado esse ponto, tudo funciona bem, atingindo-se facilmente os limites de inclinação, devidamente avisados pelos limitadores dos pousa-pés.

Palavra de ordem: equilíbrio!

Se tivéssemos que definir esta cruiser em apenas uma palavra, equilíbrio seria talvez a melhor palavra para a descrever. Posição de condução descontraída, com os pousapés a mostrarem-se escorregadios.

A estética é muito simpática, e para nós, apenas o duplo silenciador a belisca um pouco. A travagem mostra-se potente, com bom tacto na frente e menos perceptível na traseira.

O assento é curto para o passageiro, mas dá perfeitamente para desenrascar quando é necessário, com este a contar ainda com pegas para sua segurança.

As vibrações marcam presença e notam-se mais nas mãos e no assento, este que acaba também por se mostrar um pouco duro.

No geral, a 502C destaca-se pela facilidade de condução, pela qualidade dos acabamentos e pelos pormenores que exibe, como por exemplo o efeito que os LED fazem quer na óptica dianteira como na traseira.

O painel de instrumentos é totalmente digital, TFT, com a informação muito fácil de ler, como o nível de combustível, temperatura do motor, rotações, velocidade, quilómetros total, dois parciais, mudança engrenada e todas as luzes de aviso.

Motor perfeito

Este bloco de dois cilindros paralelos, com 500 cc de cilindrada, a 4T, refrigerado por líquido, com duas árvores de cames à cabeça com quatro válvulas, é exactamente o mesmo que equipa a TRK e a Leoncino, com 35kW (47,6 cv) de potência que permite ser conduzida pelos detentores de carta A2.

O pico máximo do binário, 46 Nm, surge-nos às 6000 rpm confirmando a sensação que tivemos de um motor muito forte em baixa, mais suave nos médios regimes, para depois voltar a mostrar-se muito disponível na ponta final, onde mostra uma elasticidade notável.

Um bloco muito equilibrado, que graças aos consumos contidos tem conseguido captar cada vez mais fãs.

De acordo com os responsáveis da Benelli, esta 502C é mais económica que a Leoncino, prevendo-se um consumo na ordem dos 3,7 litros (a confirmar num próximo teste mais profundo), o que quer dizer que, graças ao depósito de combustível com 21,5 litros de capacidade, temos uma autonomia que ronda uns impressionantes 580 km!

A caixa de seis velocidades não impressiona pelo tacto, obrigando-nos a sermos o mais precisos possível, mostrando-se curta, como aliás, o sentimos nos restantes modelos.

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