Contacto Benelli Imperiale 400

Um dos cuidados que a Benelli teve no início, aquando da compra por parte dos chineses da Qianjiang Group, foi encontrar uma fórmula de exaltar o rico passado da marca italiana, com interpretações modernas e económicas. A fórmula aplicada à Leoncino, é agora aplicada à Imperiale.

Texto Domingos Janeiro • Fotos Rogério Sarzedo

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A Benelli é a grande responsável pela alteração da forma como o “mundo” olhava para os produtos “made in China”. Em grande parte, deve-se ao facto do Qianjiang Group, empresa que adquiriu a marca italiana, ter mantido o máximo respeito pelo passado da marca e, acima de tudo, pelo facto de ter mantido um dos departamentos mais cruciais no desenvolvimento de uma moto, o design e novos produtos em Itália. Tem sido uma fórmula de sucesso que tem dado muitos e bons frutos e que muitos tentam agora “copiar”.

Depois do sucesso que foi a gama Leoncino, a Benelli volta a recuperar outro dos seus ícones dos anos 50, a Imperiale. Apresentada em 2017 no Salão de Milão, a Imperiale 400 rapidamente captou a atenção, tendo demorado dois anos a ver a luz do dia, o que para muitos foi uma eternidade. Mas não desesperem, a nova clássica italo- chinesa já está disponível no mercado!

Elegância clássica

A nova Imperiale 400 apresenta-se como uma reinterpretação moderna do histórico modelo da Benelli-MotoBi, produzida em 1950. Uma moto de espírito autêntico e reduzida ao essencial, com linhas bem desenhadas, onde os traços clássicos e retros são nota dominante. A dar vida ao novo modelo, encontramos um motor de arquitectura simples, um monocilindro a 4T, com 400 cc, capaz de produzir uma potência de 21 cv às 5500 rpm e um binário de 29 Nm às 4500 rpm.

Embora mais focada no estilo, a estrutura foi desenvolvida tendo em conta a simplicidade, mas ao mesmo tempo, o equilíbrio do conjunto, que tem como “espinha dorsal” um quadro, duplo berço em tubos de aço.

A forquilha dianteira é convencional, com bainhas de 41 mm, curso de 121 mm e atrás, dois amortecedores com curso de 55 mm. O desenho do escape e as diversas inserções cromadas reforçam o estilo vintage, igualmente espelhado no farol dianteiro, redondo e clássico. Travagem com um disco de 300 mm na frente e um de 240 mm atrás, jantes de raios de 19″ na frente e 18” atrás, assento do condutor com duas molas de amortecimento, pré-instalação das malas laterais e o painel de instrumentos com duplo mostrador redondo, completam o equipamento de série.

Humildade apreciada

Devido ao desenho, motor e à proveniência da marca, sabemos que estamos perante uma moto acessível em termos económicos e é a partir daí, que nos deixamos seduzir e conquistar pelos detalhes que vamos descobrindo.

Na verdade, além da imagem cuidada e dos bons acabamentos gerais (com excepção ao lado direito da Imperiale, onde encontramos demasiados cabos a “poluir” a vista) não há muito mais para descobrir, a não ser o motor e a ciclística. Curiosos?

Sobredimensionada

Com um olhar mais próximo e atento, damos conta de que alguns elementos apresentam-se-nos com um aspecto sobredimensionado, como é o caso do escape, piscas e até o próprio pedal de travão, tudo isto de dimensões maiores do que era necessário. Mas criam uma imagem robusta, é certo. Até o desenho do próprio motor se apresenta bastante volumoso. Aos seus comandos, somos transportados para os anos 50’, pelo próprio tacto geral simples, descomplicado e pelos pousa-pés do condutor fixos, revestidos com borracha. Recordar é viver! A baixa altura ao solo permite-nos apoiar ambos os pés no chão, sente-se um conjunto equilibrado e leve e a postura que o corpo assume é natural e descontraída. Engrenamos a primeira e arrancamos.

Motor simpático, sem grandes vibrações, com um baixo regime de rotação cheio, uma ponta final muito alegre, acima das 5500 rpm. No entanto, os mais experimentados vão acusar alguma falta de “sal”. É natural, este “mono”, refrigerado a ar debita 21 cv de potência e um binário de 29 Nm, tudo a regimes muito baixos, contribuindo para baixos consumos, manutenções igualmente económicas e maior fiabilidade. Ainda assim contem com uma velocidade de ponta que nos leva até aos 140 km/h, pelo que as médias deslocações são encaradas com todo o conforto.

Esta que é uma moto citadina, apresenta uma caixa de cinco velocidades, curta, ao estilo Benelli e com um tacto que não é dos melhores. Não perdoa um erro, tal como a ciclística que é muito reactiva e sensível às irregularidades do pavimento. Os consumos rondam os 4 litros aos 100 km, valor apurado numa utilização mista e sem restrições ao punho do acelerador!

A ciclística é um pouco dura, com as suspensões a apresentarem um compromisso firme, sem afinações, à excepção dos amortecedores traseiros que nos permitem alterar a pré-carga das molas. A jante de raios de 19” na frente e 18” estão calçadas com pneus asiáticos Cordiale, que, mesmo depois de quentes, pouco feedback e confiança transmitem. É pena, mas é um problema de fácil resolução.

É o que é

Podemos tecer os comentários que quisermos sobre este modelo, mas depois de sabermos o preço, arrumamos o assunto. São pouco mais de 4000€ já com documentação incluída… Relação qualidade/preço imbatível! Ainda assim, não podemos deixar de analisar “friamente” o conjunto, que peca pela pouca potência e tacto da travagem, mesmo com um disco de generosas dimensões na frente, de 300 mm e um de 240 mm atrás.

Na manete, somos obrigados a exercer alguma força para começar a sentir a travagem e atrás, o tacto menos perceptível faz com que o ABS se mostre demasiado interventivo. É um modelo que cria uma ligação imediata ao condutor, sem medo de assumir as limitações e isso joga a seu favor. Uma moto que pretende ser bonita, elegante, prática e económica. Intentos conseguidos!

Apontamentos

Como notas finais, dizer que o assento é amplo e confortável para ambos os ocupantes, com o passageiro a gozar de pegas laterais e uma traseira para sua segurança.Como moto prática que pretende ser, vem equipada com descanso lateral e central.

No que a instrumentos diz respeito, contamos com dois mostradores redondos, que nos remetem para os mais clássicos, mas bem integrados na era moderna. Assim, no mostrador esquerdo, temos a velocidade apresentada de forma analógica e temos um pequeno mostrador digital com indicação dos quilómetros total e dois parciais. Já o mostrador direito, alberga as rotações, em formato analógico e as luzes de aviso. Entre eles, encontramos um pequeno painel digital onde nos é apresentado o nível de combustível e a mudança engrenada.

Ficha Técnica

BENELLI IMPERIALE 400
PREÇO 3 970 €
MOTOR TIPO  um cilindro, 4T, refrigerado por ar
DISTRIBUIÇÃO  árvore de cames à cabeça
DIÂMETRO X CURSO  72,7 x 90 mm
CILINDRADA  374 cc
ALIMENTAÇÃO  injecção electrónica
IGNIÇÃO  electrónica digital
ARRANQUE  eléctrico
CAIXA  5 velocidades
FINAL  por corrente
POTÊNCIA MÁXIMA  20,4 cv/5500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO  29 Nm/4500 rpm
QUADRO  berço em tubos de aço
DIMENSÕES (C/L/A)  2170/820/1120 mm
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS  1440 mm
ALTURA DO ASSENTO  780 mm
SUSPENSÃO DIANTEIRA  forquilha telescópica, Ø41 mm, curso 121 mm
SUSPENSÃO TRASEIRA  dois amortecedores, curso 55,5 mm
PNEU DIANTEIRO  100/90-19″
PNEU TRASEIRO  130/80-18″
TRAVÃO DIANTEIRO  disco de Ø300 mm, pinça de 2 êmbolos, ABS
TRAVÃO TRASEIRO  disco, Ø240 mm, pinça de um êmbolo, ABS
DEP. DE COMBUSTÍVEL  12 litros
PESO (ORDEM DE MARCHA)  205 kg
CORES  preto, bordeaux e cinzento
GARANTIA  2 anos
IMPORTADOR  Multimoto Motor Portugal