Contacto BMW F900R/XR

Com o crescente interesse e aposta no segmento médio/alto, a BMW viu aqui mais uma oportunidade para fazer a diferença e ir a jogo. Em casa, tinha todos os ingredientes necessários para fazer algo de novo, de diferente e reclamar para si as atenções. Se bem o pensou, assim o fez, recolocando a naked F900R e apresentando aquela que é a maior novidade, uma versão mais pequena da trail/estradista XR.

Texto Domingos Janeiro • Fotos BMW

Os segmentos intermédios sempre apresentaram extrema importância para as marcas e na actualidade, as cilindradas médias/altas continuam em grande desenvolvimento. Para muitos, a ideia de terem blocos de elevadas prestações a preços mais acessíveis agrada muito, pois, normalmente até vêm “apetrechadas” com níveis de equipamento típicos das cilindradas maiores.

O segmento naked nunca passa de moda e a BMW sempre teve a opcção F R disponível na gama, mas agora, decidiu acrescentar uma nova versão, a XR de menor cilindrada para bater o pé à concorrência que se tem vindo a destacar neste tipo de modelos, como é o exemplo da “toda poderosa” Yamaha Tracer 900.

Na verdade, o que a BMW teve que fazer foi juntar os ingredientes que “crescem no seu quintal” e criar um prato pleno de sabor. O que tivemos a oportunidade de testemunhar nas belíssimas estradas na zona envolvente a Almeria, Espanha, é um prato “ao ponto”, servido sob as plataformas R e XR. Uma base, duas versões A família F 900 não vem disposta a facilitar a vida à concorrência e chega em peso: através da mesma plataforma, consegue colocar no mercado versões, ciclisticamente falando, muito diferentes! Além das óbvias diferenças ao nível estético e estrutural, as alturas são diferentes, com a R a ser mais baixa, na ordem dos 5 mm, que para os menos experientes ou para as senhoras, podem fazer a diferença.

As suspensões apresentam menos curso na R, com a versão trail/estradista pensada para maior conforto e polivalência. Jantes de 17”, equipadas com pneus de 120/70-17” na frente e 180/55-17” atrás, Bridgestone S21R na versão mais desportiva uns Michelin Road 5 GT na irmã de montagem alta. O motor é também igual em ambas, com 105 cv de potência às 8500 rpm e um binário de 92 Nm às 6500 rpm, mas ainda assim a XR consegue ser um segundo mais rápida na aceleração dos 0 aos 100 km/h, embora seja mais pesada 8 kg face à R (211 kg da versão R contra 219 kg da XR, a cheio).

No quadro, também foram impostas alterações frente ao já existente e que dava sustento à versão R, contando agora com uma dupla trave em tubos de aço com motor portante e sub quadro também em tubos de aço e também ele com nova configuração e rigidez. Na frente, a acompanhar a suspensão invertida, temos um amortecedor de direcção e na traseira, o mono-amortecedor pode ser ajustável manualmente (na pré-carga da mola) ou ajustável electrónicamente, com o sistema ESA a ser opcional.

De série, ambos os modelos contam com apenas dois modos de gestão electrónica, o Rain e o Road, muito fáceis de seleccionar e já capazes de nos “desenrascarem” muito bem, mas à medida que vamos evoluído.  na condução, vamos querer explorar os modos mais “espigados” e completos que são os PRO. De série já temos disponível ABS e controlo de tracção, este último totalmente desligável, mas se optarmos pelo pacote opcional PRO, ganhamos os modos Dynamic e Dynamic PRO e aí passamos a contar com controlo de tracção dinâmico, ABS PRO, travagem dinâmica (Dynamic Brake Control – DBC) e o novo controlo de binário (MSR). Além disso, passamos a contar também com sistema de assistência em declive (HSTC) a descer ou a subir.

Motor e ciclística

O motor é o novo modelo desenvolvido para a GS 850, mas revisto e melhorado, para se enquadrar melhor nas aspirações dos novos modelos. Assim, o novo dois cilindros cresceu em cilindrada e potência, vibra menos graças ao duplo veio de equilíbrio está mais forte e encorpado, mantendo a possibilidade de ter uma versão A2 para os recém encartados! Embora com estéticas demarcadamente diferentes, também a ciclística partilha muitos dos componentes, como é o caso da travagem, onde temos em destaque o duplo disco de 320 mm instalado na frente, com pinça radial de quatro êmbolos e um disco de 265 mm atrás, com pinça de um êmbolo.

As ópticas, embora diferentes, partilham da mesma tecnologia e conceito base. Na F900R temos uma única óptica, com LED de presença e luzes laterais adaptativas (disponíveis no pacote Dynamic, para ambos os modelos) e na XR temos uma dupla óptica, que embora tenha desenho diferente, apresenta o mesmo princípio. No que a ergonomia diz respeito, são bastante diferentes. A versão R apresenta uma natureza mais desportiva, com o nosso corpo a deitar-se mais sobre o depósito e os pés mais recuados, enquanto que na XR a postura é mais direita, natural e descontraída.

A naked F900R

É a evolução que se esperava, há algum tempo, da anterior 800R. Está profundamente diferente e melhor. Não que a anterior versão tivesse falta de interesse, mas a estética, principalmente, já carecia de profunda renovação.

Chegou a hora, e de forma que vai causar impacto! É que começamos logo pela estética que está muito mais moderna, jovial e desportiva e mais em “pé de igualdade” com os demais “players” do mercado. Ciclística mais desportiva, deitados sobre o depósito, o que acaba por ser um pouco mais cansativa em relação à nova XR, acentuado pela falta de protecção aerodinâmica. No entanto, ao ter mais peso sobre a frente, acabamos por notar também maior confiança a curvar, embora a geometria não a permita ser tão ágil a girar entre curvas como a XR.

Os modelos que utilizamos na apresentação internacional, estavam equipadas com toda a tecnologia de topo que é possível termos nestes novos modelos, incluindo os modos Dynamic e a suspensão electrónica. Embora esta última só incida sobre o amortecedor traseiro, continua a ser uma opção “obrigatória” para nos permitir desfrutar ainda mais da condução. O conforto geral é notável, mas temos as vibrações presentes e, consonância com o aumento das rotações.

O motor sente-se poderoso e atrevido, com o regime médio a servir como momento de recuperação de fôlego, para depois nos empurrar por uma faixa mais elevada de grande ânimo! No entanto, é-nos possível rodar em na sexta velocidade, deixar cair a velocidade e rotação para depois, numa abertura de punho a fundo, notarmos uma imediata recuperação, embora quando atravessa os médios regimes necessite de espaço para recuperar a alma. No que toca aos consumos, os 5,2 litros de média acabam por ser o esperado. Travagem com bom tacto e potente, suspensões ajustáveis e equilibradas e uma ciclística onde nos sentimos confortáveis, levam-nos a querer enfrentar quilómetros e quilómetros pejados de intermináveis curvas, sejam elas mais rápidas ou apertadas.

A protecção aerodinâmica deixa-nos expostos, o que acaba por nos limitar mais as viagens em estrada aberta ou em auto-estrada, a solo ou com passageiro. Por tudo isso, também requer um pouco de maior esforço físico quando adoptamos toadas mais rápidas em estradas com mais curvas. O amortecedor de direcção, embora ocultado, apresenta-se como uma séria mais-valia. Também como opcional temos o sistema Quick Shift que requer firmeza e determinação por parte do utilizador, com tendência a tornar-se mais suave a velocidades e rotações mais elevadas. De série temos apenas os modos Rain e Road, com todos os restantes a serem opcionais.

O controlo de tracção permite ser totalmente desligado. Os pneus com características desportivas, os Bridgestone S21R dão confiança e aquecem de forma rápida. A F900R está disponível em três cores: preto, azul e cinzento, pelo preço base de 9333€.

A grande novidade

Senhoras e senhores, apresentamos a nova XR! Modelo que muitos esperavam! No que toca a equipamento e opcionais, é em tudo semelhante à F900R, mas não tão desportiva e até com aspirações mais viajantes, onde as malas laterais (vendidas como opcional) lhe assentam que nem uma luva. Postura de condução mais confortável, neutra e descontraída, com ecrã alto e regulável com uma mão em duas posições distintas.

Tal como na R, o arco das pernas estreito permite-nos “aterrar” com os dois pés no chão. Embora seja mais pesada, a verdade é que devido à postura mais alta, acaba por ser mais ágil nas transições de curva para curva, embora também notemos que a frente tende a ficar mais leve. No entanto, permite-nos curvar de forma muito rápida e com confiança, mesmo que seja necessário corrigir trajectórias de última hora.

O painel TFT é equipamento de série, tal como na R, muito rico e completo e muito fácil de operar, com a ajuda da tradicional “roda” de selecção colocada no punho esquerdo, mas também com os preciosos atalhos colocados nos comandos dos punhos. O carácter do motor mantém- -se, uma presença forte e excitante, capaz de nos proporcionar grandes momentos de condução em estradas de montanha, o conforto necessário para uma utilização diária na cidade e uma capacidade nata de nos desafiar a partir sem destino, numa grande viagem. No que a consumos diz respeito, mantém-se nos valores da irmã R, pouco acima dos cinco litros, mas com grande margem para baixar dos cinco. Pessoalmente, fiquei fã da nova XR!

No que toca a cores, a XR está disponível em cinzento, dourado e vermelho, pelo preço base a partir de 11 700€.

Mercado ao rubro

Através de ambos os modelos, a BMW volta a entrar em força na disputa pelos lugares de topo no segmento das naked e trail/estradista de média/alta cilindrada, liderados por outras marcas. Nunca podemos esquecer que, à semelhança de tantos outros modelos da gama bávara, também as novas 900 cc têm uma vastíssima gama de opcionais dedicados, bem como diversos “packs” de equipamento electrónico e de segurança prontos a contribuírem para as melhores prestações e conforto dos utilizadores.

Duas novas versões muito interessantes, surpreendentes, dispostas a tudo na conquista pelos topos de vendas. Ambos os modelos já estão disponíveis nos concessionários. Uma última nota para a informação que nos é disponibilizada no painel de instrumentos e que desta feita, pode pecar pelo excesso, é que apresentar os ângulos de inclinação pode surtir um efeito nefasto e mesmo alvo de distracções em plena curva!

Podemos alterar as informações que vemos no TFT como as informações mais “básicas” em viagem ou no dia-a-dia em cidade, ou optar pelo ecrã desportivo, onde nos é apresentada informação como os ângulos de inclinação, o nível de funcionamento do controlo de tracção ou mesmo a força da travagem aplicada! Quanto mais evoluídos forem os modos, mais informação disponível teremos!

Ficha Técnica

BMW F900R/F900XR
PREÇO  9333€/11 700€
MOTOR TIPO  dois cilindros paralelos, 4T, refrigerado por líquido
DISTRIBUIÇÃO  duas árvores de cames à cabeça, 8 válvulas
DIÂMETRO X CURSO  86 x 77 mm
CILINDRADA  895 cc
ALIMENTAÇÃO  injecção electrónica
IGNIÇÃO  electrónica digital
ARRANQUE  eléctrico
CAIXA  6 velocidades
FINAL  por corrente
POTÊNCIA MÁXIMA  105 cv/8500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO  92 Nm/6500 rpm
QUADRO  dupla trave em tubos de aço
DIMENSÕES (C/L/A)  2140/815/1130 mm/2160/860/1320 mm
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS  1518 mm/1521 mm
ALTURA DO ASSENTO  815 mm/825 mm
SUSPENSÃO DIANTEIRA  forquilha invertida ajustável, Ø43 mm, curso 135 mm/170 mm
SUSPENSÃO TRASEIRA  mono-amortecedor, ajustável, curso 142 mm/172 mm
PNEU DIANTEIRO  120/70-17”
PNEU TRASEIRO  180/55-17”
TRAVÃO DIANTEIRO  dois discos de Ø320 mm, pinças radiais de 4 êmbolos, ABS
TRAVÃO TRASEIRO  disco, Ø265 mm, pinça de um êmbolo, ABS
DEP. DE COMBUSTÍVEL  13 litros/15,5 litros
PESO (A SECO)  211 kg/219 kg
CORES  preto, cinzento e azul/cinzento, dourado e vermelho
GARANTIA  3 anos
IMPORTADOR  BMW Motorrad Portugal