Texto Vitor Martins • Fotos Rogério Sarzedo –
Impressões positivas
E na verdade, a primeira surpresa – tendo em conta o ainda existente preconceito face aos produtos chineses – quando estamos perante a 650 GT, e tal como aconteceu com os outros modelos que tivemos oportunidade de experimentar (a 650 MT e a 650 MT Adventure), é a qualidade geral de construção, e até alguns detalhes ainda raros, especialmente em modelos deste segmento, como os indicadores dos comandos retro-iluminados, que dão um grande jeito à noite, ou o vidro dianteiro ajustável manualmente (o que tem que ser feito com a moto parada, porque requer as duas mãos); ou ainda a tomada USB e outra tradicional de 12 V, uma de cada lado na carenagem interior sob o guiador, ou ainda o painel de instrumentos, um ecrã TFT de cinco polegadas, com dois modos de apresentação, Sport e Touring, mas que dizem apenas respeito à configuração do painel de instrumentos e não a modos de condução.
Se nos sentássemos às cegas na 650 GT, sem saber que moto era, provavelmente pensaríamos estar aos comandos de uma qualquer japonesa, pois está longe de ser uma ‘chinesice’. A posição de condução é bastante confortável, adequada ao propósito do modelo; o assento está a 784 mm do chão, e a sua relação com os pousa-pés e o guiador é adequada ao estilo da moto, desportiva q.b. mas confortável, já que o tronco fi ca praticamente vertical e as pernas moderadamente dobradas. O vidro dianteiro proporciona boa protecção aerodinâmica, mesmo na posição mais baixa. E na posição mais alta provoca alguma turbulência no capacete.
O motor de dois cilindros paralelos é suspeitamente parecido ao 650 que a Kawasaki usa nas suas Z650 e Versys 650, incluindo as cotas internas, mas com maior taxa de compressão. As prestações não são o seu forte, nem mais se poderia esperar de um bicilíndrico de 650 cc, mas tem o empurrão necessário para prazerosos passeios que, graças ao grande depósito de 19 litros e ao consumo contido, nos podem levar muito longe: com uma média pouco acima dos 4 l/100 km, temos autonomia para cerca de 400 km. A 650 GT é uma boa estradista, sendo confortável em longas tiradas e ágil o sufi ciente para desfrutarmos de estrada revirada. Sente-se algum peso, aparentemente devido a um alto centro de gravidade, mas mantém um comportamento neutro que nos permite uma boa dose de confiança em qualquer situação.
A travagem, sem ser brilhante, é adequada às prestações da 650 GT, tal como as suspensões, que desempenham eficazmente a sua função. A CF Moto 650 GT é muito fácil de levar a baixa velocidade, lidando por isso bem com o trânsito urbano; apenas os espelhos colocam algumas dificuldades, por estarem à altura dos espelhos dos carros. Proposta por 6990 €, é uma boa opção para quem procura uma moto de média cilindrada economicamente acessível, descomplicada, e capaz de partir à aventura. A CF Moto parece ter conseguido encontrar a direcção certa para alcançar os padrões dos motociclistas europeus, com produtos bem construídos, eficientes e que não ficam atrás da concorrência. O seu maior desafio será demonstrar isso mesmo.
