Contacto Harley-Davidson Livewire

O projecto LiveWire da Harley-Davidson entra numa fase crucial, com o início da produção da primeira moto eléctrica da mítica marca americana. O nosso colega Alan Cathcart, que rodou em praticamente todas as motos eléctricas que foram aparecendo na última década, foi aos Estados Unidos conhecer a H-D Livewire.

Texto Alan Cathcart • Tradução e adaptação Vitor Martins

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A revolução

Não há outra maneira de o dizer. A Harley-Davidson, a mais conservadora fabricante de motos do planeta Terra, com um catálogo que abarca 116 anos de tradicional engenharia das duas rodas, bater a BMW, Ducati e os quatro construtores japoneses ao entrar no mercado das motos eléctricas, é não só surpreendente, mas também irónico. Para uma companhia que há 25 anos tentou registar o som dos seus V-twins tão grandemente apreciado pelos seus clientes, construir uma E-Hog cujo ruído mais significativo é o gemido das engrenagens da transmissão, é o equivalente a perfídia.

Mas foi isso exactamente que aconteceu com o lançamento da LiveWire. É o cumprimento de um projecto a longo prazo que começou em 2010, precisamente quando a produção da Tesla começava a ganhar balanço, e a sua equivalente em duas rodas, a Zero Motorcycles, começava a entrega das suas primeiras motos eléctricas.

Uma colaboração inicial com a Mission Motors de São Francisco, pioneira nas motos eléctricas, levou a Harley a construir 33 protótipos sem marca, que em 2014 fi zeram um tour pelo mundo, para serem avaliados por 12 000 potenciais clientes. Baseado na resposta destes, em 2015 Matt Levatich, o então recentemente designado Presidente da H-D, deu luz verde ao desenvolvimento da LiveWire para produção, resultando na moto que está agora à venda nos EUA por 29 799 dólares (cerca de 26 860 €), mais impostos. No entanto, comparado com o preço de 20 995 dólares (cerca de 18 930 €) mais impostos da rival Zero SR/F, que ainda por cima inclui características inexistentes na Harley, como um ecrã para-brisas e punhos aquecidos, este é um preço pesadamente premium a pagar por aquele nome sagrado no ‘depósito’.

A possibilidade de avaliar a LiveWire em versão de produção aconteceu na sua apresentação à imprensa realizada em Portland, no Noroeste Pacífi co americano. O local foi escolhido pela H-D para este evento graças à grande aceitação da sua população aos veículos eléctricos, 48% dos quais, de acordo com uma sondagem local, possuem ou viajaram num VE. Para propulsionar a LiveWire a Harley empregou um motor de magneto permanente refrigerado por líquido e baptizado de Revelation, desenvolvido em conjunto com um dos melhores fornecedores deste tipo de motores para utilização em veículos. Este entrega 105 cv com o funcionamento limitado às 15 000 rpm, e 117 Nm de binário a partir de 1 rpm. A Harley reivindica que a moto de 249 kg acelera dos 0-100 km/h em 3 segundos e dos 100-130 km/h em 1,9 segundos, com a velocidade máxima limitada aos 185 km/h. O Revelation é alimentado por um conjunto de baterias de iões de lítio de 15,5 kWh refrigeradas por ar a que a Harley chama RESS (Rechargeable Energy Storage System).

Construído no Michigan utilizando células inseridas no invólucro de alumínio fundido, tem uma garantia de cinco anos, mas a sua durabilidade deverá ser o dobro disso, dependendo de como for usado, diz a Harley. A Harley reivindica uma autonomia de 235 km para a LiveWire em utilização urbana, que desce para 152 em utilização combinada como a medida pelas normas MIC, e 110 km a uma velocidade estabilizada de 113 km/h em auto-estrada. A Harley diz que a bateria demora cerca de 12 horas a carregar de 0 aos 100% num carregador de Nível 1, como numa tomada doméstica, mas com um carregador rápido DCFC de Nível 3 consegue carregar de 0 aos 80% em 40 minutos, ou de 0 aos 100% em 60 minutos.

Todos os concessionários da H-D que vendem a LiveWire terão disponível na loja um carregador de Nível 3, aos quais os clientes da Livewire terão acesso sem custos durante os primeiros dois anos de propriedade.

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