Contacto Harley-Davidson Triple S Road Trip

À semelhança de anos anteriores, a Harley-Davidson organizou um evento – chamemos-lhe road trip – para levar os jornalistas a rodar em vários modelos das actuais gamas da marca americana. Percorremos algumas centenas de quilómetros nas Softail, fomos jantar de Sportster personalizada e ainda houve hill climb com a Street 750 transformada em Scrambler.

Texto Vitor Martins • Fotos Harley-Davidson

O evento Harley-Davidson Triple S levou jornalistas de todo o mundo a Antequera, cerca de 50 km a norte de Málaga para rodar em vários modelos da gama Softail, mas não só, já que a H-D tinha duas surpresas reservadas para cada um dos dois dias.

No primeiro dia esperavam-nos as Fat Bob, Street Bob e Low Rider S. São três modelos da grande família Softail, de atitude mais rebelde do que os modelos guardados para o segundo dia. Estes eram as Heritage Classic e Sport Glide, dois modelos da mesma família, mas com uma faceta mais turística que as suas irmãs.

Percorrer cerca de 200 km saltando de um modelo para o outro deu para perceber que, apesar de terem muito em comum do ponto de vista técnico, cada uma tem a sua personalidade e característica que se destaca.

Em comum têm o facto de montar o motor Milwaukee Eight, o 114 (1868 cc) para a Fat Bob e Low Rider S, e o 107 (1746 cc) para a Street Bob. Esta última destaca-se pelo guiador alto tipo ape hanger, que mesmo não sendo exageradamente alto como costumam ser este tipo de guiadores, proporciona uma posição de condução algo peculiar e pouco adequada a grandes distâncias.

Mesmo assim, esta bobber, com rodas de 16 polegadas na traseira e 19 na dianteira, exibe um comportamento em estrada mais ágil do que seria de esperar, sem ficar muito a dever às suas ‘irmãs’, sendo apenas condicionada pela referida posição de condução, com as mãos altas, braços abertos e pés para a frente.

Também a posição de condução da Low Rider S requer alguma habituação. Com o assento muito baixo e o guiador longe, ficamos com o tronco encurvado como um gato assanhado e com os joelhos quase no queixo. Mas assim que rodamos punho, quase esquecemos esse incómodo. É curioso como uma diferença de apenas 122 cc entre o motor Milwaukee Eight 107 e o Milwaukee Eight 114 tem tanto impacto nas sensações.

O empurrão é fenomenal e a ciclística está à altura, proporcionando um comportamento dinâmico que contraria a expectativa: parece ser uma cruiser para as longas rectas americanas, mas na verdade lida muito bem com uma estrada sinuosa. Depois de a termos conduzido neste evento em Espanha tivemos oportunidade de a conduzir também em Portugal, e aqui voltou a surpreender.

A Low Rider S é um dos modelos que mostra como as H-D evoluíram tanto o seu comportamento dinâmico nos últimos anos. Para além disso, o motor tem tanto de músculo como de suavidade, e é muito amigável em ambiente urbano. A Low Rider S deixa-se levar no meio do trânsito sem caprichos, sendo a dureza da embraiagem o único senão. Quase nos esquecemos que estamos aos comandos de uma moto com quase 2000 cc de cilindrada e 300 kg de peso. Quer a Street Bob, quer a Low Rider S têm assento apenas para o condutor.

Por outro lado, a Low Rider S e a Fat Bob têm os instrumento colocados no depósito, o que dificulta a sua consulta, especialmente quando usamos capacete integral, sendo forçado a inclinar a cabeça para poder olhar para baixo. Mais impressionante que a Low Rider S é a Fat Bob. Impressionante do ponto de vista estético, especialmente graças aos gordos pneus, ambos em jantes de 16 polegadas (tal como a Street Bob, a Low Rider S tem jante de 19 polegadas na dianteira). E impressionante na estrada, demonstrando uma desenvoltura e agilidade que não seria de esperar de uma moto deste tipo, ainda por cima com uma roda ‘pequena’ e um pneu 150/80 na dianteira.

A Fat Bob tornou- se rapidamente na minha Harley-Davidson preferida deste evento. A posição de condução é a típica deste tipo de motos, especialmente os pés para a frente, mas comparativamente às suas irmãs a posição parece muito mais equilibrada e racional, e faz-nos sentir ter tudo sob controlo.

As Softail de orientação mais turística que conduzimos no dia seguinte apresentam-se com outra filosofia. Na verdade, Heritage Classic e Sport Glide não são tecnicamente muito diferentes das outras três. A Heritage Classic usa o motor Milwaukee Eight 107 e a Sport Glide o 114.

A Heritage Classic faz jus ao seu nome, graças a uma estética vintage, com aquele grande vidro dianteiro, os grandes guarda-lamas envolventes. A Sport Glide é quase o contra-ponto, com linhas semelhantes, mas estética mais moderna, e jantes de liga em vez de raios, e se a Heritage tem poucos cromados – praticamente estão limitados aos escapes e cubo da roda dianteira – a Sport Glide tem ainda menos.

Os assentos mais envolventes são muito confortáveis, e enquanto a Sport Glide tem pousa-pés avançados, a Heritage tem plataformas, permitindo ter os pés um pouco mais trás. Não estando tão focadas nas prestações, convidando antes a longos e descontraídos passeios têm, tal como a Street Bob, apenas um disco de travão na roda dianteira; e enquanto a Heritage tem ambas as jantes de 16 polegadas, a Sport Glide tem uma pouco comum medida de jante à frente, 18 polegadas.