Contacto Kawasaki Z650

Em equipa que vence não se mexe, mas é sempre possível fazer melhorias! Foi isso que a Kawasaki fez com a reputada Z650, com pequenos “updates” no conjunto, entre os quais a estética e a passagem a Euro5. Uma moto difícil de apontar defeitos...

Texto Bruno Rebelo • Fotos Rui Jorge

Energia Diária

A sigla Z não é novidade para a marca e é um dos modelos mais antigos e icónicos da Kawasaki. A história do modelo remete-nos à década de 70’, com a histórica Z1 900. Aliás este segmento é um dos mais importantes para a marca: normalmente o eleito por recém encartados ou utilizadores com menos experiência. E ninguém esquece a sua primeira mota “a sério”, pois não? É um segmento onde a concorrência é forte e a Kawasaki sabe que precisa de ter fortes argumentos, a preço competitivo para conseguir ter expressão no número de unidades vendidas, à escala mundial. A nova Z650 vem reforçar o chamado estilo “Sugomi” que, segundo a Kawasaki, significa “espírito de um predador à caça e preparado para atacar a sua presa”. Será apropriado?

Motor e ciclística

Não é aqui que a sigla Z se reinventa! O motor mantém a configuração da geração anterior, através do mesmo bicilindrico de 8 válvulas e refrigeração líquida, caixa de 6 velocidades, 649 cc, capaz de nos oferecer 68 cv de potência às 8000 rpm, reduzidos para os 48 cv (35kW) para a versão A2. A maior diferença face à geração anterior tem a ver com a necessidade de cumprir com a nova norma Euro5, relativa às emissões poluentes. Esta norma “obrigou” a que o catalisador e o escape sofressem algumas modificações para que as emissões possam ficar abaixo do registado anteriormente.

Mas estas alterações não afectaram em nada as prestações do motor bicilindrico que se mantém num registo muito agradável, mesmo em baixos regimes, com uma faixa de rotação média bastante cheia e disponível. Apenas nos regimes mais elevados, acabamos por sentir alguma perda de fôlego. Tal como já dissemos, este motor é uma boa aposta para os menos experientes, pois apesar dos 68 cv é um motor que se deixa explorar sem sobressaltos. Não tem ajudas electrónicas, nem modos de condução, contribuindo assim para manter o preço o mais competitivo possível. Uma boa opção para quem passa para as médias cilindradas.

Nas suspensões encontramos uma forquilha invertida de 41 mm, sem afinações, na frente e na traseira um mono-amortecedor com afinação de pré-carga de mola. No que toca à travagem, na frente encontramos dois discos em forma de pétala de 300 mm com pinças de dois êmbolos e atrás um disco, com pinça de êmbolo simples, ambos com ABS. A garantir a característica agilidade, mantém-se o quadro em treliça de tubos de aço com motor portante. Por falar em agilidade, os 187 kg de peso sentem-se bem distribuídos pelo conjunto, com uma moto muito equilibrada. Os 790 mm de altura ao solo, são sinónimo de confiança até aos menos experientes.

É entre a estética que as diferenças se acentuam face à anterior geração da Z650. Ganhou linhas mais actuais e seguem o caminho traçado pelas irmãs mais velhas, gozando agora de um estilo mais jovem, moderno e “fresco”. A ótica dianteira surge totalmente redesenhada, recebendo um conjunto de luzes LED. O mesmo caminho seguiu o painel de instrumentos, modernizado e simplificado e totalmente digital. Apesar de simplificado, mantém toda a informação necessária para controlarmos o funcionamento da Z650. Novidade é também a possibilidade de emparelharmos o smartphone com o painel e através da aplicação “Rideology”, gratuita e que permite gravar trajectos, consumos, os dados do telemóvel e utilizar a aplicação como GPS. No entanto, cada vez que paramos temos que voltar a repetir o processo de emparelhamento. Painel de fácil leitura e foto sensível (ajusta a luminosidade à claridade).

Da frente, para a traseira da moto: o assento do passageiro foi submetido a profundas alterações, passou a estar mais largo e alto, contribuindo assim para melhorar o conforto do passageiro, principalmente nas viagens mais longas. Notámos, no entanto, a falta de uma pega para segurança dos mesmos.

Sem reparos

É difícil rodarmos aos comandos de uma moto em que nos é difícil aponta um defeito ou um ponto menos positivo. Mas é o caso desta nova actualização da Kawasaki Z650! Ficamos muito agradados com tudo no geral. O motor, já nosso “velho” conhecido, continua a mostrar-se muito actual, divertido, capaz no dia-a-dia na cidade, mas, especialmente muito excitante de explorar quando rodamos em estradas reviradas de montanha. Destaca-se a agilidade dinâmica e apenas quando forçamos mais o andamento e impomos um ritmo mais desportivo e agressivo, é que notamos que as suspensões, principalmente na frente, poderiam ser mais firmes.

A travagem apresenta bom tacto e potência suficiente, com o ABS a não se mostrar demasiado intrusivo. A embraiagem deslizante, assume dupla importância, pois se por um lado permite maior conforto de utilização, ao obrigar- -nos a despender de menos forma física, por outro permite-nos adoptar um estilo de condução mais agressivo sem que bloqueie a roda de trás de forma brusca nas reduções mais provocatórias. É um modelo muito amigável a condutores menos experientes ou de estatura mais baixa, com posição de condução natural e descontraída, onde, graças aos 790 mm de altura ao solo, conseguimos apoiar ambos os pés no chão.

Passados alguns quilómetros, começamos a notar que o assento é algo duro, sem, no entanto, causar qualquer desconforto. Como boa naked que é, a protecção aerodinâmica é inexistente, mas podemos sempre recorrer à lista de opcionais para resolver esse tema. No final deste teste, levado a cabo nas belíssimas estradas algarvias, percebemos que nos é possível facilmente baixar dos cinco litros, basta ter mais contenção ao punho direito, do acelerador, que tendo em conta o depósito com 15 litros de capacidade, é o mesmo que dizer que podemos contar com uma autonomia capaz de superar os 300 km.

A nova Z650, que já está disponível nos concessionários pelo preço de 7395€ reforça argumentos, com vontade de apenas parar no topo da tabela das vendas.