Texto: Domingos Janeiro. Fotos: Motojornal.
Não nego que cheguei a figurar do painel crítico que olhou para este modelo, na versão base, de esguelha e até com algum desdém, não pelas capacidades desconhecidas da Himalayan, mas sim por esta estética que, quanto a mim, era um regresso à Índia do passado e nada acrescentava.
Que injusto estava a ser! E reconheço-o agora, sem qualquer pressão ou influência, é que estava a olhar de forma errada para esta trail.
DESTAQUES
5.195€411 cc
24,5 cv
191 kg
A ideia da Royal Enfield, quando decidiu optar pelo desenvolvimento e posterior apresentação no mercado desde modelo foi única e simplesmente colocar à nossa disposição uma moto que nos fosse útil, de forma despojada de qualquer vaidade ou ambições desmesuradas.
A ideia é simples: ser uma moto fácil, útil, económica e capaz de nos levar do ponto A ao ponto B de forma confortável, independentemente do tipo de terrenos que pisemos e, independentemente da altitude!
De uma forma mais comum e até a roçar o brejeiro, esta é uma daquelas motos as quais apelidamos de “pau para toda a obra”. Que bela chapada de luva branca que levei. E ainda bem!
Estórias de encantar…
Creio que estávamos em 2016 quando a Himalayan foi apresentada no salão de Milão, tendo chegado ao nosso mercado no final de 2017, início de 2018. A sua chegada a território nacional foi tímida e discreta, sem suscitar grande interesse.
Neste caso, as experiências que aqui e ali vinham sendo partilhadas, começaram a deixar-nos com a “pulga atrás da orelha” para a testarmos, mas não haviam motos disponíveis para o efeito. Esperamos, e agora chegou essa oportunidade!
FICHA TÉCNICA ROYAL ENFIELD HIMALAYAN 410 ADVENTURER
MOTOR E TRANSMISSÃO
Tipo | um cilindro, 4T, refrigerado por ar |
Distribuição | árvore de cames à cabeça |
Cilindrada | 411 cc |
Diâmetro/Curso | 78 x 86 mm |
Potência máxima | 24,5 cv/6500 rpm |
Binário máximo | 32 Nm/4250 rpm |
Alimentação | Injecção Electrónica |
Transmissão Final | por corrente |
Embraiagem | multidisco em banho de óleo |
Caixa de velocidades | 5 velocidades |
CICLÍSTICA
Quadro | berço em tubos de aço |
Suspensão dianteira | forquilha convencional, Ø41 mm, curso 200 mm |
Suspensão traseira | monoamortecedor, ajustável na pré-carga, curso 180 mm |
Travão dianteiro | disco de 300 mm, pinça de 2 êmbolos, ABS |
Travão traseiro | disco de 240 mm, pinça de êmbolo simples, ABS |
Pneu Dianteiro | 90/90-21” |
Pneu Traseiro | 120/90-17” |
PESO E DIMENSÕES
Comprimento máximo | 2190 mm |
Largura máxima | 840 mm |
Altura do assento | 800 mm |
Distância entre eixos | 1465 mm |
Ângulo de coluna de direção/trail | n.d./n.d. |
Avanço | n.d. |
Capacidade do depósito | 15 litros |
Peso | 191 kg (a seco) |
Cores | preto, branco e camuflado |
Garantia | 2 anos |
Preço | 5.195€ |
Importador: | |
Motorien |
No entretanto, o nosso Director Comercial, Fernando Pereira, fez uma viagem de sonho, em 2018, aos Himalaias, tendo como companhia as indestrutíveis Royal Enfield Bullet 500. Pelo meio das muitas estórias que connosco partilhou, houve um momento que nos prendeu mais a atenção; foi quando nos confidenciou que ficou maravilhado com o comportamento da Himalayan (moto que trocou pela Bullet) e que se veio a revelar a moto ideal para estas aventuras.
Acentuando a fama de indestrutível da Himalayan, que já vínhamos ouvindo de outras opiniões… Aí sim, o nosso encanto e interesse por este modelo cresceu de tal forma, que estávamos impacientes para a testar! Esse momento chegou e foi uma surpresa!
Adventurer
O modelo que tivemos para teste foi a nova versão da Himalayan, a Adventurer, cuja única diferença em relação ao modelo base, são as malas laterais de alumínio, de grande capacidade.
Assim, a dar forma à estética simples, humilde e discreta, temos uma forquilha telescópica de 41 mm, com uns generosos 200 mm de curso, sem afinações e um amortecedor traseiro, com ajuste na pré carga.
Ambos mostram um bom equilíbrio, com um setting pensado para conseguir enfrentar todas as situações de forma simples e eficaz, seja em estrada aberta, como incursões fora de estrada, ou até desfrutar de uma boa estrada de montanha.
Um dos pontos onde sentimos que, claramente esta Royal Enfield pode evoluir é na travagem. O disco de 300 mm instalado na frente e o de 240 mm na roda traseira pecam pela falta de potência, mordacidade e tacto.
No entanto, o ABS ajuda-nos a abusar dos travões sem consequências nefastas, corrigindo os nossos erros e exageros. É interventivo o quanto baste.
O destaque nesta versão recai, naturalmente para as malas laterais em alumínio,
com grande capacidade.
Como diz o ditado “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, isso aconteceu com a estética que passamos a olhar de outra forma, passados alguns dias aos comandos da Himalayan passamos a achar interessante o design, pelo menos diferente do que inunda o mercado.
As dimensões contidas, como a altura reduzida do assento ao solo (800 mm), o peso contido de 191 kg a seco, o estreito arco das pernas, o baixo centro de gravidade e uma posição de condução muito confortável e natural, deixam-nos com a confiança em alta e sem receio de enfrentar qualquer cenário, até aventuras fora de estrada mais ousadas ou extremas.
As protecções laterais e a do cárter dão-nos igualmente conforto e margem para arriscar, pois sabemos que em caso de queda, os estragos serão reduzidos. O quadro em tubos de aço mostra-se rígido e firme, contribuindo para a estética trail robusta.
O assento é amplo e confortável, para ambos os passageiros. A jante dianteira de 21” aponta-nos no caminho do fora de estrada, assim como o para-lamas de montagem alta, embora tenha um segundo mais baixo e perto do pneu, que facilmente podemos retirar.
Óptica convencional, redonda com para-brisas ajustável (com recurso a ferramentas).
Por trás deste, temos o painel de instrumentos, com mostrador analógico para a velocidade e um digital integrado com relógio, indicação da mudança engrenada, temperatura exterior, total de quilómetros e dois parciais e indicação do descanso aberto.
Ao lado, temos outro mostrador analógico para as rotações e por baixo, dois mais pequenos, um para o nível de combustível e outro para a bússola.
As malas laterais são facilmente desmontáveis e têm tranca com chave.
Com fama crescente, hoje em dia é natural vermos não só os menos experientes e até o público feminino nutrirem grande interesse por este modelo, mas também os mais experientes, com maxi-trails todas “artilhadas” optarem pela pequena Himalayan como segunda moto por questões de economia, fiabilidade, equilíbrio, facilidade de utilização e grau de diversão.
Motor trabalhador
Tal como todo o restante conjunto, também o motor, sem ser fantástico é cumpridor e suficiente e polivalente.
Falamos de um monocilindro, a 4T, com 411 cc de cilindrada, refrigerado por ar, com uma árvore de cames à cabeça e injecção electrónica, com 24,5 cv de potência às 6500 rpm, com um binário de 32 Nm às 4250 rpm.
O design desta Royal Enfield Himalayan Adventurer é discreto e simplista, sem grandes arrojos estéticos. Funcionalidade e pragmatismo são as palavras de ordem.
Dito assim, as cifras não impressionam, mas o “feeling” que nos transmite é bastante simpático, apimentando cada passeio com uma sonoridade encorpada, emitida pelo silenciador, bem desenhado e com colocação alta no lado direito.
Sem fazer destacar uma faixa de rotação, mostra-se disponível e trabalhador, muito redondo e homogéneo, sem transmitir grandes vibrações e sem ser muito rotativo, o que acaba por ser sinónimo de fiabilidade e baixa manutenção.
O consumo fixou-se nos 3,7 litros, passíveis de baixarem um pouco, uma vez que não tivemos qualquer contenção ao punho direito.
Uma vez que o depósito de combustível tem 15 litros de capacidade, acabamos por ter uma autonomia a rondar os 400 quilómetros.
Uma moto muito discreta e humilde, que não se destaca em nenhum dos campos, mas que desempenha qualquer função de forma positiva!
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