Contacto Suzuki V-Strom 1050 XT

É verdade que desde o seu aparecimento em 2002, a V-Strom pouco mudou do ponto de vista técnico. Foi, naturalmente, actualizada ao longo dos anos, mas a base técnica continua a ser a mesma. Porém, isso não é necessariamente um defeito.

Velhos são os trapos

A Suzuki DL 1000 V-Strom introduzida em 2002 foi muito bem recebida no mercado e desde então tem granjeado uma legião de fiéis proprietários – apesar de batida em popularidade pela sua irmã 650 lançada dois anos depois. Trail estradista, com vocação turística, a V-Strom foi ‘bem-nascida’ e ficou praticamente inalterada ao longo dos anos. Isso deu-lhe fama de moto ‘velha’ ou ‘antiquada’, mas na verdade não perdeu nenhuma das suas qualidades originais, antes pelo contrário.

O problema é que o segmento em que se insere deu grandes passos em frente, enquanto a V-Strom ficou a marcar passo, reflexo também de um período algo anémico da marca japonesa. A maior alteração que a V-Strom 1000 sofreu aconteceu em 2013, quando a sua estética foi totalmente redesenhada, o motor viu a cilindrada aumentar dos 996 cc para os 1037 cc e recebeu controlo de tracção. Em 2018 recebeu a versão XT, com ar mais aventureiro, muito graças às jantes raiadas e agora, para 2020, vê a sua electrónica totalmente modernizada, usando a mais recente IMU de seis eixos, que levou à implementação do Suzuki Intelligent Ride System, que inclui uma série de sistemas de ajuda à condução.

Em termos de ‘hardware’, V-Strom continua a contar com o comprovado motor de dois cilindros em V a 90° de 1037 cc que, apesar das adaptações para a norma Euro 5, ganhou um ligeiro aumento de potência, passando dos 100 para os 107 cv. Por outro lado, perdeu 1 Nm no seu valor de binário máximo. Para além disso, também o catalisador foi revisto, no escape de tamanho generoso, mas sem ser visualmente impactante. Com a introdução do acelerador electrónico surge também o cruise control, que é apenas uma das várias novidades na mais recente geração da V-Strom.

Outra das novidades é o Suzuki Drive Mode Selector. O controlo de tração foi actualizado e é regulável em três níveis. E agora a V-Strom passa a contar também com cornering ABS e travagem combinada electronicamente. O ABS tem dois níveis de intervenção à escolha do condutor, mas não pode ser desligado. Com o contributo da IMU, a V-Strom conta ainda com uma ajuda nas descidas. Outro sistema electrónico aplicado é o Hill Hold, ou seja, o sistema de ajuda ao arranque em subida, que pode ser desligado. O sistema eléctrico passa a ser CAN, deixando assim de ter o tradicional molho de cabos eléctricos.

O motor de dois cilindros em V continua a ser montado num quadro de dupla trave em alumínio. A forquilha invertida KYB é totalmente ajustável, enquanto que o amortecedor traseiro é regulável apenas na pré-carga da mola e na recuperação. O conjunto continua a oferecer aquilo pelo qual a V-Strom é conhecida: um comportamento dinâmico neutro, ágil e fácil de explorar.

A posição de condução é a que seria de esperar numa trail, deixando-nos numa posição confortável; o guiador é largo q.b., sem deixar os braços demasiado abertos. Depois redescobrimos a V-Strom de sempre, mas agora mais refinada. Apesar das alterações nas curvas de binário e potência, o motor mantém-se redondo e cheio, com um empurrão linear e pujante, subindo rapidamente de rotação.

Mesmo na posição mais baixa, o vidro dianteiro oferece boa protecção aerodinâmica, e por isso a V-Strom convida a fazer muitos quilómetros. Fizemos um consumo médio de pouco menos de 6 litros por cada 100 km, o que significa que o depósito de 20 litros dará para 300 a 350 km de autonomia. Na lista de acessórios a Suzuki tem um conjunto de malas, completando a veia turística deste modelo.

De notar que a maior parte das características tecnológicas estão presentes apenas na versão V-Strom 1050 XT (por exemplo: cruise control, travagem electronicamente combinada, sistemas de controlo em subida e descida, pressão de travagem em função da carga, etc.), enquanto que a V-Strom 1050 tem um equipamento mais básico, e é, por isso, mais barata. Portanto, dada a diferença de preço (14 999 € contra 13 699 €), a Moteo vai apostar mais na versão XT para o mercado nacional.

Ficha Técnica

SUZUKI V-STROM 1050 XT
PREÇO 14 999 €
MOTOR  Dois cilindros em V a 90°, 4T, refrigeração por líquido
DISTRIBUIÇÃO  Duas árvores de cames à cabeça, 4 válvulas por cilindro
DIÂMETRO X CURSO  100 x 66 mm
CILINDRADA  1037 cc
POTÊNCIA MÁXIMA  107 cv/8500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO  100 Nm/6000 rpm
ALIMENTAÇÃO  Injecção electrónica, corpos de Ø49 mm
EMBRAIAGEM  Multidisco em banho de óleo
CAIXA  Seis velocidades
FINAL  Por corrente
QUADRO  Dupla trave em alumínio
SUSPENSÃO DIANTEIRA  Forquilha telescópica invertida KYB, Ø43 mm, ajustável, curso n.d.
SUSPENSÃO TRASEIRA  Sistema monoamortecedor, amortecedor KYB, curso n.d.
TRAVÃO DIANTEIRO  Dois discos de Ø310 mm, pinças Tokico de 4 êmbolos de montagem radial, Cornering ABS
TRAVÃO TRASEIRO  Disco de Ø260 mm, pinça Tokico de 1 êmbolo, Cornering ABS
PNEU DIANTEIRO  110/80 x 19
PNEU TRASEIRO  150/70 x 17
COMPRIMENTO MÁXIMO  2265 mm
LARGURA MÁXIMA  940 mm
ALTURA DO ASSENTO  850 mm
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS  1555 mm
GEOMETRIA DE DIRECÇÃO  25,3°/109 mm
CAPACIDADE DO DEPÓSITO  20 litros
PESO (EM ORDEM DE MARCHA)  247 kg
CORES  Branco/laranja, amarelo e preto
GARANTIA  2 anos
IMPORTADOR  Moteo Portugal

 

Fotos: Bruno Ribeiro