Victory Octane, contacto

Este é um daqueles modelos em que é preciso andar antes de formar opinião.
É surpeendentemente ágil, e o motor demonstra uma energia contagiante.

Texto: Domingos Janeiro Fotos: Motojornal_MOTOJORNAL_1399

A Octane apresenta-se como a moto mais potente alguma vez desenvolvida pela Victory. Ciclística simples, desprovida de luxos, junta-se a um motor com grande binário e potência. Se 104 cv não chegam, podem optar pelo kit de potência, passando a debitar 112 cv!

O conceito “musculado” é bem típico da cultura americana e, na Victory, era uma questão de tempo até aparecer. Na verdade, esta Octane, que chegou ao nosso mercado em 2016, é proveniente da competição, pois foi criada com base no protótipo que fez a sua aparição na mítica subida de montanha Pikes Peak: a Project 156. Um motor de dois cilindros em ‘V’ a 4 tempos com 1200 cc de capacidade, quatro válvulas por cilindro, dupla árvore de cames à cabeça, refrigeração líquida e injecção electrónica, colocando à nossa disposição 104 cv e um binário de 103 Nm. Uma verdadeira delícia para “queimar” pneu. A estética discreta e elegante, de puro estilo cruiser/dragster, oculta alguns detalhes interessantes, como o quadro em alumínio que, aliado à grande distância entre eixos (1577 mm) e ao generoso ângulo da coluna de direcção, criam uma geometria muito interessante e responsável pelo desempenho dinâmico deste modelo.

 

A estética “muscle bike” atrai os olhares, muito por culpa do esquema de cores, das formas fluídas, do duplo silenciador e, claro, do motor de dois cilindros em V em destaque

Mantendo a fonte de inspiração (as Muscle Bikes) como base, o equipamento está reduzido ao mínimo indispensável e luxos então, estão completamente proibidos! Neste modelo não há espaço para cromados, tudo é em tons escuros e mate, para não brilhar. Mais do que simples decoração, é uma questão de atitude! Por isso mesmo, o assento único! Aqui não há espaço para mais ninguém!
Só nós e a Octane! Simples, rebelde, confiante, determinada e poderosa!

Surpreendente

Foi um daqueles modelos que conseguiu surpreender desde o primeiro momento que assumimos os seus comandos. O motor V-Twin mostra-se muito alegre e disponível, com um forte binário nos baixos e médios regimes e a ciclística ágil e fácil de entender. A reduzida altura do assento ao solo (658 mm) faz com que se ganhe rapidamente confiança na condução, até pelos menos experientes, também muito graças à boa geometria conseguida entre pousa-pés, assento e guiador. A posição de condução é natural e descontraída. As vibrações são practicamente inexistentes e por isso, para além de toda a simplicidade que faz questão em manter, é uma moto confortável, que nos permite rodar por muitos e bons quilómetros sem que acusemos fadiga.

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O pequeno ecrã dianteiro dá um contributo mínimo para a protecção aerodinâmica, mas é melhor que nada! No capítulo das suspensões, a forquilha convencional dianteira não permite qualquer afinação, ao contrário dos dois amortecedores traseiros, que nos permitem ajustar a pré-carga das molas. No entanto, o funcionamento global é equilibrado, com as suspensões a fazerem uma boa leitura do piso e a darem-nos um bom feedback. No entanto, quando adoptamos uma toada mais forte, estas revelam-se um pouco ‘secas’. Nada que ‘belisque’ o encanto desta Octane! A travagem, com ABS, está a cargo de um disco de 298 mm com pinça de dois êmbolos na dianteira e um de igual diâmetro, mas de êmbolo simples na traseira. Na prática, o tacto não se revela mau, mas exige um pouco mais de força que o comum, dentro dos padrões dos restantes modelos da marca americana. Por norma, numa utilização normal e tranquila, a travagem funciona sem qualquer restrição, mas quando aumentamos o andamento e começamos a exigir mais dela, ai nota-se que a travagem não acompanha, obrigando-nos a antecipar um pouco as travagens mais fortes.

Bom ‘feeling’

Tudo neste modelo nos transmite um bom ‘feeling’, sem exageros ou grandes pretensões. É de facto um modelo para ser aproveitado ao máximo, independentemente do cenário em que rodemos. Para a cidade demonstra uma boa agilidade, em trajectos de média distância apresenta um binário viciante, e em viagens mais longas um conforto dentro dos parâmetros normais. Para além disso, e apesar da baixa distância ao solo, permite-nos ângulos de inclinação aceitáveis para uma postura de condução mais rápida e agressiva. Mas os pousa-pés tocam com facilidade no chão e os mais atrevidos não se livram de umas raspadelas no silenciador inferior! No lado esquerdo, primeiro toca o pousa-pés e depois o descanso lateral, este a impôr o limite e a fazer lembrar os utilizadores que já estão a pisar terrenos perigosos. Não sendo uma moto que atinge grandes ângulos de inclinação, os pneus que monta de origem, os Kenda Cruiser, revelam-se à altura, mas reclamam um pouco quando o nosso estilo de condução é mais agressivo. No entanto é à chuva que mais vemos a fragilidade dos Kenda, que se mostram demasiado escorregadios e deixam-nos com a certeza de que um controlo de tracção não ficava nada mal nesta Octane! Quem sabe se não poderá ser uma novidade numa das próximas versões!

Quando adoptamos um estilo de condução mais agressivo, passamos a notar algumas debilidades nas suspensões e travagem, mas nada que coloque em causa o bom desempenho geral

O ‘feeling’ do motor também é muito agradável, mostrando disponibilidade em toda a faixa de utilização, fazendo esquecer os 243 kg de peso a seco da Octane. É rápido a subir de rotação e é na faixa mais elevada que se nota alguma timidez. Justifica os 6 litros de consumo por cada 100 km percorridos. A caixa de seis velocidades está bem escalonada, com a sexta a ser mais indicada para rolar em auto-estrada. O tacto é um pouco rijo, mas também muito por culpa da embraiagem que não estava com a afinação certa. Os tradicionais ‘claques’ mantêm-se, como é características destes modelos americanos.

Para finalizar, acrescentamos que o painel de instrumentos é simples, mas contém todas as luzes de aviso necessárias e um mostrador digital para os quilómetros total e parcial, rotações, temperatura do óleo, relógio e mudança engrenada.

Victory Octane

PREÇO: 13 200

MOTOR

Tipo: Dois cilindros em V, 4T, refrigerado por líquido
Distribuição: Duas árvore de cames à cabeça, 4 válvulas por cilindro
Diâmetro x Curso: 101 x 73,6 mm
Cilindrada: 1179 cc
Taxa de compressão: 10.8: 1
Potência Máxima: 104 cv
Binário Máximo:  103 Nm
Alimentação: Injecção electrónica
Ignição: Electrónica
Arranque: Eléctrico

TRANSMISSÃO
Primária: Por engrenagens
Embraiagem: Discos em banho de óleo
Caixa: 6 velocidades
Final: Por correia
Quadro: Em alumínio
Suspensão Dianteira: Forquilha telescópica, Ø43mm, curso de 130 mm
Suspensão Traseira: Dois amortecedores, curso 76 mm
Travão Dianteiro: Disco de Ø298 mm, pinças de dois êmbolos, ABS
Travão Traseiro: Disco Ø 298 mm, pinça de um êmbolo, ABS
Pneu Dianteiro: 130/70 x 18’’
Pneu Traseiro: 160/70 x 17”
Comprimento Máximo: n.d.
Largura Máxima: n.d.
Altura do Assento: 658 mm
Altura Máxima: n.d.
Distância entre Eixos: 1578 mm
Trail: 129,5 mm
Ângulo da coluna de direcção: 29°
Capacidade do depósito: 12,9 litros
Peso (a seco): 243 kg

Cores: Cinzento
Garantia: 5 anos
Importador: victorymotorcycles.pt