Contacto Yamaha Tracer 700

Vitor Martins • Fotos Yamaha

Ainda melhor

A Yamaha Tracer foi apresentada no final de 2016, menos de dois anos depois do lançamento da primeira Tracer, a 900. Utilizando o motor CP2 de dois cilindros paralelos, as Tracer ganharam sucesso instantâneo e contribuíram para o crescimento do segmento sport touring no seio da marca japonesa, atrás das ainda mais populares naked da família MT, líderes de vendas da Yamaha no último ano. Venderam- se até ao final de 2019 mais de 73 000 unidades das várias Tracer, e a 700 chegou mesmo a liderar o segmento de sport touring de média cilindrada na Europa logo no seu ano de lançamento, com cerca de 25% da quota de mercado.

Entretanto as vendas abrandaram ligeiramente, mas a Tracer 700 continua a ser um dos modelos mais populares da Yamaha, e estava na hora de uma actualização. Assim, este modelo é o primeiro a receber a versão Euro 5 do CP2, que em breve equipará outros modelos. As actualizações que primeiro saltam à vista são, naturalmente, as estéticas.

A Yamaha inspirou-se nos seus modelos mais desportivos para moldar toda a frente da Tracer 700, que conta com um vidro ajustável manualmente – num sistema muito prático, usando apenas uma mão e podendo ser feito em andamento, com um ajuste de 65 mm – que, apesar das pequenas dimensões, oferece uma boa protecção aerodinâmica. As alterações aerodinâmicas permitiram outra alteração. Na apresentação da primeira Tracer 700, no norte de Itália, no início de 2017, um dos reparos que fizemos foi sobre o guiador, que achámos demasiado estreito. Na altura explicaram-nos que, com as malas laterais montadas, um guiador mais largo provocava, a partir de determinada velocidade, um abanar de toda a frente da moto, e por isso tinham optado por um guiador mais estreito. Agora, com as alterações aerodinâmicas, esse problema está ultrapassado, segundo nos explicou James McCombe, chefe do planeamento de produto na Yamaha Motor Europe. Por isso a nova Tracer tem um guiador 34 mm mais largo, e que torna a posição de condução, de outro modo inalterada, mais natural e confortável.

O quadro mantém-se o mesmo, mas o braço oscilante é um pouco mais longo, aumentando também a distância entre eixos – o que provavelmente também contribuiu para eliminar as abanadelas com o guiador mais largo.

Na frente continua a montar uma forquilha convencional de Ø41 mm, mas agora de cartucho e ajustável em pré- -carga da mola e em recuperação, enquanto que o amortecedor traseiro ganhou também o ajuste em recuperação, mantendo a afinação da pré-carga da mola. O motor teve que levar o ‘tratamento’ Euro 5, o que originou um aumento de peso, de cerca de 1,5 kg; mas a Yamaha conseguiu compensar com os faróis LED (toda a iluminação é agora LED), uma bateria mais leve e no conjunto de plásticos. Assim, a Tracer pesa o mesmo que antes. Com alterações para a Euro 5 o motor perdeu 1 kW (cerca de 1,3 cv), mas na prática isso não se nota, até porque a relação de transmissão final foi alterada com a adopção de uma cremalheira de 45 dentes (em vez dos 43 da anterior). Para tentar compensar essa perda, a Yamaha ainda considerou aumentar a cilindrada do motor, mas isso significava também um aumento de peso, e desistiram da ideia.

O motor foi optimizado com válvulas de baixa fricção, novo mapeamento da injecção, nova admissão de ar e respectiva caixa, novo escape e melhoria no engrenamento na caixa de velocidades, tudo para não só manter as prestações de antes face às alterações para a Euro 5, mas também melhorar as sensações desportivas do modelo. Assim, nas fantásticas estradas de Tenerife, onde decorreu a apresentação mundial desta nova geração da Tracer 700, o que encontrámos foi uma moto que nos pareceu muito familiar, mas um pouco mais refinada. O assento 10 mm mais espesso que antes é confortável, e o guiador, 34 mm mais largo agora está mais a gosto, parece mais natural. Outra alteração bem vinda: para alterar a informação no painel de instrumentos LCD já não é preciso tirar a mão do guiador, ao ter sido adoptado um botão no punho esquerdo para esse efeito.

A Yamaha foi bem sucedida no compensar das limitações impostas pela norma Euro 5, e por isso em estrada a Tracer 700 continua a ser muito competente e divertida. O motor CP2 continua a ser uma autêntica jóia, com resposta pronta, linear e sem vibrações; as novas suspensões permitem explorar o carácter jovial do bicilíndrico em estradas reviradas, e ao mesmo tempo são confortáveis para podermos usar a Tracer como turística. O pequeno vidro dianteiro oferece protecção suficiente para evitar o cansaço em tiradas mais longas, mas a Yamaha tem na sua lista de opcionais e acessórios um mais alto. Não houve qualquer menção a alterações na travagem, mas agora parece mais ríspida na mordida inicial, mantendo depois um bom tacto e potência para parar o 196 kg (em ordem de marcha) da Tracer 700.

Todo o conjunto é fabuloso numa estrada revirada, transmitindo confiança para abordar qualquer tipo de curva, e com uma agilidade fantástica para mudar rapidamente de direcção ou corrigir a trajectória numa curva que fecha de repente, evidenciando a faceta desportiva, ao mesmo tempo que oferece um bom conforto para fazer quilómetros em ritmo turístico, demonstrando uma grande versatilidade, uma vez que é também muito fácil de levar na cidade. Só não dá para as aventuras fora de estrada, mas para isso existe a Ténéré.

Com preço a partir dos 8700 €, a Yamaha Tracer 700 já está disponível nos concessionários desde o passado mês de Março.

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Ficha Técnica