Crónica Ana Lúcia Silva #01

Ana Lúcia Silva, mulher de um apaixonado por motos

Votos para a vida

Aceita ser casada com um apaixonado por motos? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que, secretamente, ele a ama mais a ela (à moto) do que a si? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que ele vai gastar mais dinheiro com ela (moto) do que consigo? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que ele vai tirar mais fotografias a ela (moto) do que a si? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que ele irá dar mais “voltas” (e durante mais tempo!) com ela (mota) do que consigo? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que ele irá dedicar mais tempo à relação que tem com ela (moto) do que à que tem consigo? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que ele irá conversar mais sobre ela (moto) com os seus amigos do que sobre si? Sim, aceito!
Mesmo sabendo que se ele tivesse de escolher, a decisão poderia correr mal para si? Sim, aceito!

Porquê?

Porque primeiro, e felizmente, há coisas que a moto (ainda!) não consegue fazer (se é que me faço entender) e depois, porque quem é casada com um apaixonado por motos o melhor que tem a fazer é render-se à magia das duas rodas e partilhar com o seu companheiro esse Amor.

Sim, é Amor! Não é uma paixoneta ligeira que, entretanto, lhe irá passar. É Amor e é um Amor verdadeiro e para a vida inteira. E para quê entrar em guerra com a nossa maior rival quando, na realidade, nos podemos juntar a ela e proporcionar ao nosso mais-que-tudo umas boas sessões de ménage-à-trois!

Ser casada com um apaixonado por motos é aceitar, à partida, que ele tem uma relação paralela, assumida, sem qualquer tipo de pudor ou sentimento de culpa, com ela (a moto), que nem pode ser comparável a uma amante, pois essa relação seria sempre clandestina, secreta e o mais escondida possível. A relação com a moto não, é completamente descarada e à vista de todos. E como ele gosta de a mostrar aos amigos, à nossa frente, qual miss Mundo! Pior, a gabá-la de forma que a nós, suas legitimas mulheres, nos chega a causar um pouco de inveja.
Enfim, é aceitar e avançar.

No meu caso concreto, quando cheguei à vida do meu mais-que-tudo, o seu Amor por ela (mota) já havia começado há muito tempo. E eu lá tive que me contentar com o espaço que me foi dado para ocupar no seu coração.
Mas resolvi ficar amiga dela (moto) e confesso que a nossa relação não tem corrido nada mal.
É como dizem, “se não os podes vencer, junta-te a eles”. E eu assim fiz… Para o bem, (e felicidade), dos três!

Até à próxima e Boas Voltas!