Crónica João Pais #07

João Pais, Cronista

Alex, Esposende e um mundo que é o nosso

Imaginemos, senhores e senhoras, que em dia de saída a lazer temos a chance de experimentar aquele local em que tantas vezes pensámos mas que por uma razão ou outra fomos adiando, atirando para a próxima oportunidade, acabando por deixar o nosso calendário sem registo desse momento que no entanto sabemos de infalível boa escolha.

Imaginemos pois uma saída a jantar, estamos sentados e chega o cardápio, dele constam iguarias para todos os gostos e feitios, nele observamos propostas de garantido sabor, com presença generosa dos mais diversos paladares. Mais, andando nós sorrindo a tão rica oferenda ao paladar, eis senão quando nos apercebemos que por detrás da concepção de tão sublime momento surge um gabaritado e conhecido ‘ chef ‘ homem que desde tempos de adolescência nos fez sonhar e salivar com manjares reais.

Parece tudo isto, convenhamos, coisa de bem guardar, de marcar na agenda e contar-lhe os dias até chegar, assunto em que me parece estarmos de acordo.

Pois bem, senhores e senhoras, vai acontecer e está quase, peguem por favor nos vossos lápis e rabisquem desde já marcação no calendário:

Dias?

25 e 26 de Janeiro, um sábado e um domingo que prometem ficar guardados na vossa memória, com imagens, falatório e sensações que vos darão pano para mangas.

Local?

Esposende.

Se me permitem, a mim que até sou cá de baixo, Esposende é terra do norte, carago, terra de uma hospitalidade que diria a roçar o inigualável, um pedaço do mundo que está rodeado por Viana do Castelo, Ponte de Lima, Braga, Guimarães, Penafiel e Porto se não é o Paraíso por lá perto andará, terras de culinária e gentes boas, terras de paladares vínicos a pedir meças ao mais pintado.

Evento?

3º Salão de Motas de Competição.

Isso mesmo que leram, elas ali expostas, as motas que tantas vezes nos fazem debruçar e espreitar para lhes seguir um rasto de duzentos e tal à hora, que nos fazer torcer dedos de nervoso, bater o coração palpitando vitórias.

Elas estarão por lá, juntas com eles e elas, passe a redundância, os pilotos e as pilotos, esses a quem entregamos a nossa devoção e apoio no encantador mundo das pistas, sejam de asfalto, terra ou outras geometrias e combinações.

E para lhes abrir o apetite, cá vai disto, longa lista de possíveis encontros imediatos que terão caso aceitem este irrecusável convite a estarem presentes em tão imperdível acontecimento, ele haverá gente com Dakar nas mãos, com Macau na adrenalina, serão graúdos uns e nem perto disso outros, pilotos homens e pilotos mulher, em força e em igualdade de seus sonhos e dons para curvas bem aceleradas, virão do cross onde se voa, do Trial onde se equilibra, teremos a arte de quem concebe capacetes únicos, a arte dos mundos Stunt Rider e Dusty Track, até da mítica Isle of Man teremos pessoa e mascote, mas que rol, senhores, que rol de momentos imperdíveis, ora vejam se assim não é:

André Pires, Beatriz Morais, Martim Marco, Pedro Fragoso, Rafaela Peixoto, Fabio Felicia, Luis Romão, Dario Grave, Beatriz Ramos, Paulo Vicente (Zcup), Romeu Leite, Carlota Carochinho, Bruno Salreta, Márcio Ferreira, Daniel Bento, Nuno Pinto, Sérgio Rego, Eduardo Cabreira, KikoMaria, Lourenço Vicente, Tony Costa, João Trancoso, António Reis, André Capitão, Salo, Afonso, Ivo Lopes, Daniel Jordão, Luís Engeitado, Mário Franco, Rodrigo Barros, Capitão Maio, Cajó Afonso Henriques, Rui Afonso, Diogo Ribeiro, Carlos Pereira, Rui Palma, Joao Rôlo, Henrique Luis, Madalena Simões, Ricardo Guerra, Simão Ferreira, Luis Magalhães, Patricia Basílio, David Dias, Inês Madanços, António Oliveira, Raul Silva, Sofia Porfirio, Paulo Balas, Paulo Gonçalves, Alexandre Inácio, Jaque & Pina, Nelson Cruz, Alex Vieira, Diogo Graça, Bruno Santos, Pedrinho Matos, Tomás Alonso e esse homem com direito a Guiness Book, André Garcia.

Estará Jorge Alves e a moto com que competiu nos idos de 86, antes de um acidente que o tiraria das pistas, mas que não tiraria as pistas de dentro dele.
Estará a Yamaha TZ 250 do Felisberto Teixeira.
Eduardo Codices, o inspirado desenhador.
Por lá poderão ver também Jorge Viegas, presidente da FIM.
E ainda o mítico Paco de Man com sua mascote Caralloman.

E quem nos traz este vastíssimo e valiosíssimo conjunto de refinados sabores ao paladar da nossa alma, é nem mais nem menos que Alex Laranjeira, que a tantos de nós dirá muito em torno de saudosos dias de emoção, quando nos fazia palpitar vontades de imitação, quando nos invadia a intimidade e o pregávamos na parede em poster de jurada admiração.

Já em tempos escrevi acerca deste nosso Alex, a quem acho, e aqui mera opinião minha, a quem acho, dizia, merecedor da memória colectiva de tantos que por este mundo começaram seguindo-lhe acelerações e sonhos, quedas e regressos, nessa espiral de fama e anonimato que a tantos atinge. Memória por parte de um mundo de gente que aos seus passou essa mágica e misteriosa paixão pelo mundo das motos, e creiam-me justo e imparcial, pois foi convosco mesmo que aprendi a arriscar adentrar por este espaço do Olimpo, este vosso mundo.

Se já valeria a pena, e muito muito, ir e levar os vossos a ver este numerosíssimo pelotão de gloriosos malucos e suas máquinas que eles fazem voadoras, deixem-me prestar justíssima e quanto a mim eternamente merecida homenagem a esse nome que povoou tanta juventude e que, quase quarenta anos depois, veste o fato de homem simples, quiçá um pouco irrepetível, de trabalhador incansável.

3º Salão de Motos de Competição.

Para além desta oportunidade fantástica e de um contacto único com as estrelas e suas máquinas, terá ainda a organização deste Salão um outro objectivo, a solidariedade para com quem atravessa situações de rara dificuldade.

Serão levadas a efeito neste Salão uma série de iniciativas que permitam angariar fundos para ajudar a Eva Batista, uma bebé nascida em Agosto de 2019, a quem foi diagnosticada Atrofia Muscular Espinal (AME), tipo 1.

Serão dias com um nome.
Com muitos nomes.
Um local, Esposende.
E duas datas, 25 e 26 de Janeiro.