Se participar no Rali Dakar é já de si uma missão muito complicada mesmo estando inserido numa equipa oficial, com mecânicos que permitem aos pilotos descansar um pouco mais após o final de cada etapa, então o que podemos dizer daqueles que participam na classe Original by Motul, sem assistência externa? A verdade é que este ano tivemos novamente um português neste ambiente mais exigente. Mário Patrão, o piloto de Seia, que levou a sua KTM 450 Rally até ao palanque final em Dammam.
Depois de 14 etapas puramente competitivas, mas também o Prólogo, disputado ainda em 2022 e que serviu apenas para aquecer motores, mas que pode ser sempre o momento de deitar tudo a perder com uma queda que impeça depois de continuar no Rali Dakar, Mário Patrão fechou esta participação com um merecido 34º lugar na classificação Geral das motos.
Mais do que o resultado final em si, para o piloto português, e para todos aqueles que acompanharam a sua evolução ao longo da 45ª edição do Dakar, o chegar ao final do rali significa um momento de superação depois de duas semanas em que contou apenas com as ferramentas e material que a organização transportou numa caixa de dimensões relativamente pequenas e com limite de peso.
A dormir numa tenda no bivouac depois de chegar ao final de cada etapa, e de fazer a obrigatória manutenção à sua KTM, Mário Patrão finalizou a prova sabendo que foi o vencedor entre os veteranos e ainda fechou o Rali Dakar com o terceiro lugar na classe Original by Motul, cumprindo assim um objetivo.
Um resultado que até poderia ter sido deitado a perder na derradeira etapa devido às condições do terreno que levaram a sua moto ao limite, conforme Mário Patrão explica:
“O percurso desta etapa final tinha muito barro e muita água, pois nos últimos dias houve imensa chuva. Havia uma zona onde estavam vários pilotos enterrados pela lama e eu fiquei também. A moto ficou cheia de lama a ponto de as rodas começarem a prender. Sabia que tinha de forçar com o motor para conseguir terminar e acabei por queimar a embraiagem. Depois tive de vir com muito cuidado, quando acelerava a moto patinava. Foi um desafio exigente e fisicamente desgastante. Foi lutar até ao último segundo para obter a vitória que tanto me esforcei por conseguir”.
Um esforço que, felizmente, terminou com um resultado que deixa o piloto português bastante orgulhoso e satisfeito:
“Aquilo que supostamente era para ser uma etapa festa de consagração, foi afinal uma carga de trabalhos, mas estou contente com a vitória alcançada e o pódio “malle moto”. Agradeço a todos os que me apoiaram e sobretudo aos patrocinadores que acreditaram em mim. Consegui que Portugal chegasse ao pódio”.
E apesar do cansaço, Mário Patrão teve ainda energia para fazer um pequeno balanço da sua participação neste Rali Dakar:
“E assim nos despedimos deste Rali Dakar 2023, foram 15 dias em que tentei “sobreviver” o melhor possível, foi um rali extremamente duro com muito poucas horas de descanso. Saio daqui contente com a prestação, sei que era possível fazer mais e melhor, mas saí de casa com uma estratégia pré-definida, objetivos delineados, com as condições que trouxe foi muito positivo, não tive a sorte do meu lado a 100%, mas não me posso queixar muito, tirando o problema de apanhar água na gasolina por 2 vezes, umas quantas quedas feias, sobrevivi e volto para casa com saúde que é sem dúvida o mais importante. Obrigado a todos vocês pelo apoio, patrocinadores, família, amigos sem todos vocês não era possível estar aqui”, conclui o piloto português.
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