Ducati Panigale V4, os detalhes

Há muito que se falava nessa possibilidade e acabou por acontecer: a Ducati introduziu o motor V4 na sua desportiva topo de gama. Não é a primeira vez que a Ducati desenvolve um motor V4, mas é a primeira vez que chega à linha de produção.

Para a Ducati é o início de uma nova era, com a Panigale V4 a substituir a 1299 na gama desportiva da marca italiana, trazendo para a estrada tecnologia oriunda das MotoGP, precisamente onde este motor nasceu.

Mas a V4 não é apenas uma Panigale com mais cilindros. A Panigale V4 é uma moto totalmente nova, não só porque o motor maior e ligeiramente mais pesado obrigou a uma nova ciclística, mas também porque a Ducati adoptou a filosofia inerente ao desenvolvimento das suas motos de competição, alicerçada na total integração do motor, ciclística e piloto.

A estrela da Panigale V4 é, naturalmente, o motor de quatro cilindros em V a 90°, denominado Desmosedici Stradale, por ser um motor para um modelo de estrada oriundo da Desmosedici de MotoGP.

[cq_vc_hotspot image=”5646″ position=”50%|50%,60%|75%,25%|65%,60%|20%” circlecolor=”#ffffff”][hotspotitem]O motor V4 tem origem no Desmosedici da moto de grandes prémios, mas com uma cilindrada um pouco superior aos 1000 cc e com 214 cv de potência máxima
[/hotspotitem]

[hotspotitem]Para o sistema de travagem a Ducati optou pelas novas pinças Brembo Stylema, mais compactas e leves que as conhecidas M50, e conta com o sistema ABS Cornering EVO [/hotspotitem]

[hotspotitem]As versões S e Speciale contam com suspensões electrónicas fornecidas pela Öhlins, podendo ser ajustadas ‘manualmente’ ou contar com o modo Dynamic que adapta automaticamente as afinações às condições de utilização[/hotspotitem]

[hotspotitem]As jantes são Marchesini, em alumínio forjado[/hotspotitem][/cq_vc_hotspot]

  FICHA TÉCNICA

[vc_toggle title=”MOTOR E TRANSMISSÃO” style=”rounded” color=”orange”]Tipo: 4 cilindros em V a 90°, 4 tempos, refrigeração líquida, DOHC, 4 válvulas, sistema desmodrómico
Cilindrada: 1103 cc
Diâmetro/Curso: 81mm x 53,5 mm
Potência máxima: 214CV/13 000 rpm
Binário máximo: 124 Nm/10 000 rpm
Alimentação: Injecção electrónica, 2 injectores por cilindro, colectores de comprimento variável
Compressão: n.d.
Escape: Sistema de escape 4-2-1-2
Embraiagem: Multidisco em banho de óleo
Transmissão final: corrente
Caixa de velocidades: 6 velocidades[/vc_toggle][vc_toggle title=”CICLÍSTICA” style=”rounded” color=”orange”]Quadro: Front Frame em alumínio
Braço oscilante: Mono-braço oscilante em alumínio
Pneu dianteiro:  120/70 ZR 17
Pneu traseiro: 200/60 ZR 17
Suspensão dianteira: Forquilha invertida Showa BPF, Ø43 mm com 120 mm de curso, totalmente regulável, na versão base. Forquilha invertida Öhlins NIX30, Ø43 mm com 120 mm de curso, totalmente regulada electronicamente pelo Öhlins Smart EC 2.0 nas versões S e Speciale
Suspensão traseira: Sistema monoamortecedor com amortecedor Sachs, com 130 mm de curso, totalmente ajustável, na versão base; amortecedor Öhlins TTX36 totalmente regulado electronicamente pelo Öhlins Smart EC 2.0 nas versões S e Speciale
Travão dianteiro: Dois discos de 330 mm, pinças Brembo Stylema monobloco de montagem radial, de4 êmbolos, com Cornering ABS EVO
Travão traseiro: Disco de 245 mm, com pinça de dois êmbolos com Cornering ABS EVO[/vc_toggle][vc_toggle title=”PESO E DIMENSÕES” style=”rounded” color=”orange”]Altura: n.d.
Altura do assento: 830 mm
Distância entre eixos: 1469 mm
Comprimento Total: n.d.
Trail: 100 mm
Ângulo da coluna de direcção: 24,5°
Peso em ordem de marcha: 198 kg/195 kg nas versões S e Speciale
Capacidade do depósito: 16 l[/vc_toggle]

O propulsor quase ofusca o novo quadro, a que a Ducati chama Front Frame, e que foi desenhado especificamente para este motor e para este modelo. O quadro foi concebido tendo também em mente o peso final do conjunto. A Panigale V4 S pesa mais 5,5 kg que a 1299 Panigale S, e a diferença seria ainda maior se a Ducati tivesse usado um mais convencional dupla trave. Neste caso o motor é usado como componente esforçado, e a Ducati descreve-o como uma evolução do monocoque, em que conseguiu isolar a rigidez torcional e a lateral, de modo a poder reagir a qualquer esforço que lhe seja transmitido, mas mantendo um bom feedback para o condutor.

Isso foi alcançado com a integração do motor, que serve de ponto apoio para o amortecedor e também para o braço oscilante.

Assim a Ducati conseguiu também poupar um pouco no peso, ao mesmo tempo que consegue um resultado final um pouco mais compacto. O quadro é complementado com um sub-quadro traseiro também construído em alumínio e um pequeno sub-quadro dianteiro em magnésio.

 

Apesar de os primeiros ‘teasers’ da Panigale V4 mostrarem um amortecedor traseiro colocado lateralmente, como noutras Panigale – provavelmente seria mesmo uma 1299 ‘vestida’ de V4 -, a solução adoptada pela Ducati acabou por ser mais convencional, numa posição central. E enquanto a versão ‘normal’ tem forquilha Showa BPF de Ø43 mm e amortecedor Sachs, ambos totalmente ajustáveis, as versões S Speciale têm um conjunto Öhlins NIX-30 à frente e TTX36 atrás, e ainda amortecedor de direcção da mesma marca, tudo controlado electronicamente pelo sistema Öhlins Smart EC 2.0.

Na travagem encontramos uma nova geração de travões Brembo, com as pinças Stylema monobloco, maquinadas a partir de um bloco de alumínio e que representam uma evolução das conhecidas M50. Com dimensões mais compactas, cada uma pesa menos 70 g que a M50. Mordem discos de aço de 330 mm, enquanto atrás o disco tem 245 mm de diâmetro.

A Ducati Panigale V4 está equipada com o sistema ABS Cornering EVO.

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O motor V4 foi inspirado no motor usado pela Ducati nas suas motos de MotoGP, daí o nome Desmosedici Stradale. Tem a  mesma configuração, com o V a 90° e a cambota contra-rotante para reduzir a influência do efeito giroscópico nas mudanças de direcção, mas apesar de manter os 81 mm de diâmetro dos cilindros – o máximo admitido pelo regulamento de MotoGP – tem um curso maior, de 53,5 mm, para um cilindrada de 1103 cc, um pouco acima das concorrentes, e do limite máximo do regulamento de SBK, que é de 1000 cc para motores de quatro cilindros.

Com quatro válvulas por cilindros, duas árvores de cames em cada cabeça e o incontornável sistema desmodrómico, a Ducati anuncia uma potência máxima de 214 cv às 13 000 rpm. O sistema desmodrómico completamente redesenhado e miniaturizado para este motor, para permitir dimensões compactas ao mesmo tempo que garante um eficiente comando das válvulas mesmo a altas rotações.

O motor Desmosedici Stradale não é nem ‘big bang’, nem ‘screamer’, é o que a Ducati chama Twin Pulse, com a explosão a acontecer quase simultaneamente nos cilindros esquerdos e depois o mesmo acontecendo com os do lado direito, com pontos de ignição nos seguintes pontos de ignição: 0°, 90°, 290°, e 380°. Para percebermos a sequência: no ponto zero acontece a ignição no cilindro esquerdo dianteiro; aos 90° há ignição no cilindro esquerdo traseiro; depois uma pausa mais prolongada até aos 290° e só então surge a ignição nos cilindros da direita, também eles separados por 90°.

A alimentação é feita através de um sistema de injecção com corpos de 52 mm de diâmetro, e os colectores de admissão têm comprimento variável, em dois estágios, de modo a optimizar o fluxo da admissão consoante as rotações do motor e posição do acelerador.

[vc_video link=”https://www.youtube.com/watch?v=JPlEORCUzvo” align=”center” title=”Motor Ducati Desmosedici Stradale”]

 

Como não podia deixar de ser numa desportiva de última geração, a electrónica está amplamente presente na Panigale V4:

ABS Cornering Bosch EVO – sistema de ABS que tem em conta a inclinação da moto em curva, graças aos dados da IMU, ajustável em três níveis.

Ducati Traction Control EVO (DTC EVO) – sistema de controlo de tracção que também tem em conta a inclinação da moto; nesta geração do DTC a Ducati tentou minimizar  a curva de intervenção do sistema, tornando-o mais suave e menos intrusivo. Quando o sistema detecta o patinar da roda traseira actua sobre as válvulas da injecção, ignição e injecção propriamente dita; depois, quando detecta a recuperação da aderência, reduz a intervenção, até detectar de novo a patinagem. Este funcionamento desenha uma linha oscilatória em redor de uma linha de intervenção ideal. É essa oscilação que a Ducati tentou reduzir. O sistema nos níveis 1 e 2 permite um deslizar controlado em curva, obtendo um nível ideal de escorregamento que, diz a Ducati, permite aos menos experientes curvar como os profissionais.

Ducati Slide Control (DSC) – para além do controlo de tracção, a Panigale V4 tem ainda um sistema de controlo de escorregamento, para maximizar a aceleração à saída das curvas.

Ducati Wheelie Control EVO (DWC EVO) – e a somar aos dois anteriores há ainda o sistema anti-cavalinho, também ele tirando todo o partido da monitorização da IMU.

Ducati Power Launch (DPL) – tal como como o DSC e o DWC, o DPL é também oriundo da competição e trabalha com estes para assegurar os melhores arranques na grelha de partida.

Ducati Quick Shift EVO (DQS EVO) – esta é uma evolução face ao sistema montado na 1299 Panigale porque também analisa o ângulo de inclinação da moto para proporcionar passagens de caixa – para cima ou para baixo – mais suaves quando é necessário.

Engine Brake Control EVO (EBC EVO) – o efeito de travão-motor pode ser ajustado em três níveis diferentes e está integrado no modos de condução.

Ducati Riding Mode – os modos de condução são três, Race, Sport e Street, e cada um deles adapta o carácter do motor e de todos os sistemas electrónicos ao modo escolhido. Nas versões S e Speciale isso inclui também o ajuste das suspensões.

Ducati Electronic Suspension EVO (DES EVO) – as suspensões electrónicas estão presentes apenas nas versões S e Speciale. Permitem uma afinação ‘manual’ de todos os parâmteros, click a click, ou então, tendo activo o modo Dynamic, o sistema gerido pelo Öhlins Smart EC 2.0 adapta automaticamente todos os parâmetros para o tipo de condução.

Ducati Lap Timer GPS (DLT GPS) – no painel TFT de 5 polegadas de alta resolução, uma das muitas informações que podem ser mostradas é o tempo por volta quando em circuito. O piloto tem apenas que pressionar o botão dos máximo para indicar  onde é a meta, e a cada passagem a Panigale V4 regista o tempo por volta, piscando durante cinco segundos cada vez que regista a volta mais rápida e armazena o tempo por volta, a rotação máxima e velocidade máxima de 15 voltas consecutivas. Vem de origem na versão Speciale, e é opcional para as versões base e S.

Ducati Data Analyser + GPS (DDA + GPS) – vem de origem apenas na Speciale, mas pode ser adquirido como opcional nas outras versões. É uma ferramenta essencial para quem roda muito em pista, já que permite gravar um sem fim de informação – abertura do acelerador, velocidade, rotações do motor, passagens de caixa, temperatura do motor, distância percorrida e accionamento do DTC, para posterior análise.

Ducati Multimedia System (DMS) – opcional para todas as versões, permite ouvir música, fazer ou receber chamadas e receber SMS e notificações, graças à ligação Bluetooth, com as informações a surgirem no painel de instrumentos.

[vc_video link=”https://www.youtube.com/watch?v=xRNq5YT_r38″ title=”Uma volta a Mugello… no banco de ensaio”]