Editorial da Revista Motojornal #1582 – A nova normalidade
Alguns de nós, os mais velhos, acompanhámos as mudanças de que o Rodrigo Ribeiro fala na sua crónica desta edição (ver pág. 12 da Revista Motojornal #1582 – já nas bancas e online em Fast-Lane.pt ). Mas não foi só isso que mudou.
O progresso trouxe outras coisas, como a tecnologia, e as motos e automóveis de hoje são substancialmente diferentes, mas o resultado final – não sei se estará relacionado, confesso – é que as pessoas parecem mais alienadas e alheadas na condução. Atualmente conduz-se muito mal. E as condições das estradas contribuem para algumas asneiras que, invariavelmente, vemos todos os dias.
Sou um fã da tecnologia, quando esta nos ajuda e facilita a vida, mas parece-me que nalguns casos não só existe porque sim, como acaba por ter o efeito contrário, tornando-nos mais preguiçosos e desleixados, algo que na estrada pode custar caro.
Nestes últimos tempos, em que tem chovido praticamente todos os dias, fico estupefacto com a quantidade de automóveis que circulam debaixo de um dilúvio, engolidos pelo spray que levantam, com as luzes desligadas. Porque as luzes não ligaram automaticamente e a malta parece ter perdido o discernimento para perceber que, para ser visto pelos outros, devia ter as luzes ligadas. (Já agora deixo uma sugestão aos fabricantes de automóveis: por favor, interconectem o ligar das luzes com o acionamento das escovas limpa para-brisas, ou seja, se está tempo para usar escovas, automaticamente as luzes deviam ligar-se com o acionamento destas).
Depois, a má sinalização que grassa um pouco por todo o país, aliado à generalização da utilização dos sistemas eletrónicos de navegação que, por vezes, são falíveis ao dar-nos a indicações em cima do acontecimento, fazendo com que os condutores tomem decisões tarde demais e precipitadamente.
Agora temos avisadores de pontos cegos e câmaras, mas ninguém usa os piscas nem os espelhos, temos sistemas que mantêm o carro dentro da via, mas cabe ao condutor escolher a via certa, não a da esquerda ou a do meio! Os radares penalizam os condutores em excesso de velocidade em locais com limites ridiculamente baixos, mas na mesma via há dezenas a pisar zebras e a passar traços contínuos impunemente, porque ‘a velocidade mata!’.
Sim, pode matar, mas não é a única ‘assassina’, ao contrário do que as nossas autoridades nos querem fazer crer. Atualmente parece que segurança rodoviária= limites de velocidade, mas há muito para fazer para além de inaugurar radares.
Isto tornou-se numa nova normalidade da circulação rodoviária. Pode ser que na minha vida ainda veja uma mudança positiva…
Editorial da Revista Motojornal #1582 por Vitor Martins
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