Gasolina fabricada com ar, água e sol? Sim, existe!

Os combustíveis sintéticos são uma alternativa para o futuro. E a Zero Petroleum utiliza ar, água e sol para fabricar gasolina!

A sociedade atual procura, pelas mais diversas formas, diminuir a pegada humana no planeta Terra. Os fabricantes de veículos motorizados têm vindo a abraçar motorizações alternativas, usando baterias e motores elétricos como forma de cumprir com as cada vez mais restritivas normas antipoluição. A “moda” mais recente são os biocombustíveis ou combustíveis sintéticos, produtos capazes de nos dar gasolina “amiga do ambiente”.

É aqui que entra a empresa britânica Zero Petroleum, um nome que muitos leitores desconhecem, mas que num futuro não muito distante poderá vir a passar a ser bastante comum.

Tudo porque esta empresa consegue produzir gasolina a partir de ar, água e sol!

A ideia de fabricar combustíveis sintéticos (não confundir com biocombustíveis) parece tornar-se numa verdadeira alternativa para o mundo motorizado. Por exemplo, em MotoGP, a competição rainha do motociclismo de velocidade, já se sabe que até 2027 os protótipos vão usar combustíveis cada vez mais “amigos do ambiente”, sendo que a partir dessa data a gasolina usada será 100% fabricada sem recorrer a produtos fósseis (petróleo).

gasolinaMas fora do ambiente de competição, e para o motociclista comum, a Zero Petroleum poderá ser uma opção… desde que esteja disposto a pagar para isso! Mas já falaremos sobre o preço deste combustível sintético.

Esta gasolina sintética é fabricada através de um processo denominado Direct FT. A primeira nota a reter é que este tipo de combustíveis é fabricado recorrendo a energias renováveis – vento, energia solar ou geotérmica – e aproveitando processos industriais altamente eficientes e avançados que permitem capturar carbono, realizar a eletrólise e gerar reações térmicas.

As matérias primas usadas para fabricar gasolina sintética são apenas ar e água, de onde se obtém o dióxido de carbono e hidrogénio.

O sistema de produção Direct FT da Zero Petroleum conta com cinco passos para produzir gasolina sintética:

– Captura de energia renovável através de turbinas eólicas / painéis solares para gerar energia

– Eletrólise da água para produzir hidrogénio

– Captura do dióxido de carbono na atmosfera

– Aplicação da tecnologia Direct FT para produzir o combustível

– Separação do produto final para produzir produtos individuais certificados

gasolinaO processo químico que leva à criação da gasolina sintética é denominado pela Zero Petroleum de “Petrosynthesis”. De acordo com a marca britânica, será a mesma coisa que condensar em cerca de 3 minutos um processo que demorou à Natureza 600 milhões de anos para completar e assim criar os depósitos de petróleo que hoje em dia utilizamos para produzir, entre outras coisas, os combustíveis para os nossos veículos.

Mas será que os motores das nossas motos (e automóveis) precisam de ser adaptados à gasolina sintética?

Na realidade, uma das vantagens destes combustíveis amigos do ambiente é a capacidade de serem usados num convencional motor a combustão, sem que o mesmo tenha se sofrer alterações mecânicas ou de outro género. Por outro lado, a Zero Petroleum garante que na maioria dos casos não existirá perda de performance do motor!

Convém também ter em conta que durante o processo de combustão destes combustíveis sintéticos é gerado CO2, mas esse dióxido de carbono é depois “recapturado” para produzir mais combustível. E do ponto de vista do processo de combustão no interior do motor, a queima da gasolina sintética será melhor, pois não é gerado enxofre nem outros produtos contaminantes, e a combustão é mais eficiente graças à melhor composição molecular do combustível queimado.

gasolinaA melhor notícia em relação ao combustível sintético da Zero Petroleum é que o mesmo já é realidade. Foi testado pela RAF – Royal Air Force num avião, que usou combustível sintético para entrar no Livro dos Recordes do Guinness como primeiro voo completado usando este tipo de combustível.

Outra boa notícia é que esta gasolina especial está disponível a qualquer pessoa. Apenas será necessário registar o interesse na aquisição do combustível diretamente no website da marca, e aguardar que a mesma seja entregue.

Mas se já está a pensar em comprar, então temos uma má notícia para si… o preço por litro!

Quanto custa um litro de gasolina sintética feita pela Zero Petroleum a partir de ar, água e sol?

Sendo uma tecnologia que ainda está a dar os “primeiros passos”, o preço a pagar para poder usar esta gasolina sintética na sua moto é ainda bastante elevado. Muito mesmo!

No website da Zero Petroleum é possível selecionar uma de várias opções – clique aqui para todos os detalhes:

– 1st Barrel Launch Edition: primeiro lote de combustível fabricado, entregue com um jerrican com decoração exclusiva. Serão produzidos um total de 160 litros (8 x 20 litros) de gasolina 95. Entregue com certificado de autenticidade assinado pelo CEO da Zero Petroleum, Paddy Lowe. Entrega prevista até final de 2023. Cada 20 litros com um preço de 59.431€.

– 1st Tanker Premier Edition: Serão produzidos um total de 20.000 litros (1000 x 20 litros) de gasolina 95. Entregue com certificado de autenticidade. Entrega prevista durante 2025. Cada 20 litros com um preço de 1.188€.

Para mais tarde ficará a produção da Zero Syn98 (gasolina 98), Zero SynDiesel (gasóleo) e variantes para uso em aviões.

Infelizmente, é impossível negar que estes valores são ainda demasiado elevados para uma utilização convencional pelo comum motociclista. Porém, convém ter em conta que conforme a produção for aumentando de escala, mais baixos serão os custos de produção, e isso irá refletir-se numa diminuição do preço a pagar por cada litro desta gasolina sintética.

Por outro lado, convém também ter em conta que esta tecnologia de produção pode ser “adquirida” por países que não são produtores de petróleo.

Por exemplo, e pensando numa situação ideal ou num mundo perfeito, poderíamos ter Portugal a produzir o seu próprio combustível sintético ficando assim menos dependente dos produtos petrolíferos e da volatilidade dos preços dos combustíveis, conforme a revista MotoJornal todas as semanas tem dado atualizações.