GP da Áustria: Binder ‘escorrega’ até à vitória, queda de Oliveira

A chuva que caiu forte quase no final da corrida trouxe decisões, riscos e loucura, e Brad Binder venceu com slicks. Miguel Oliveira caiu.

A corrida do GP da Áustria ficará para a história com um dos finais mais loucos e impressionantes de sempre. A chuva que se intensificou nas últimas voltas deu uma volta completa à classificação, e venceu um dos pilotos que cometeu o que ao comum mortal parece uma loucura: fazer as últimas voltas à chuva com pneus slick. E esse ‘louco’ foi Brad Binder.

A corrida começou a seco, e toda a gente começou com pneus slick. Mas cedo chegaram as primeiras gotas de chuva. Pecco Bagnaia liderou grande parte da corrida, mas inseguro sobre que ritmo adotar sem arriscar demasiado. A seis voltas do final a chuva intensificou-se, Marc Marquez apertou o ritmo e assumiu mesmo a liderança, e na entrada para a 25.ª das 28 voltas decidiu entrar no pit lane para trocar de moto; Jack Miller e Alex Rins já tinham entrado duas voltas antes. Binder teve um plano diferente, e decidiu continuar com os pneus slick

Pneus de chuva ou slicks?

Com os pilotos à sua frente – Marc Marquez, Bagnaia, Quartararo e Mir – todos no pit lane para sair com pneus de chuva, o sul-africano assumiu o comando da corrida. Mas as duas últimas voltas foram um inferno para o piloto da KTM. «Os travões arrefeceram e os pneus também, e sempre que precisava de travar, a moto continuava a rolar e nada acontecia. Tive muitas dificuldades em manter-me na pista», explica Binder, cuja corrida a seco não estava a ser a melhor. A última volta tão especialmente complicada que Binder acabou por exceder os limites da pista, sendo penalizado com três segundos; «Tinha que decidir se saía em frente ou caía». Mas como terminou com 12,991 s de vantagem sobre o segundo, isso não alterou o resultado final.

«Foi realmente assustador!», desabafou o sorridente sul-africano no final. «Quando vi a chuva a chegar estava a tentar perceber quantos segundos poderia perder por volta quando os outros entrassem, e decidi arriscar. Consegui puxar na primeira volta [em que se encontrou na frente da corrida], mas depois o pneu traseiro começou a escorregar quando a sua temperatura baixou. Depois perdi os travões! Acho que alguém lá em cima me segurou hoje, porque houve um par de momento em que eu pensei que estava tudo perdido. A correr aqui diante dos fãs e na casa da KTM e da Red Bull senti que tinha que arriscar. A vitória de hoje foi uma loucura», disse Binder.

Bagnaia e Martin no pódio, Oliveira abandona por queda

Pecco Bagnaia regressou à pista com pneu de chuva em 11.º, atrás de Marc Marquez. O espanhol acabou por cair, e Bagnaia pensava que a sua corrida não iria melhorar, mas tirando partido dos pneus de chuva, passou por quase todos os piloto que decidiram ficar com os slicks. De 10.º na penúltima volta passou para segundo na bandeirada final, com Jorge Martin, também com pneus de chuva, a fechar o pódio.

Miguel Oliveira não teve uma corrida fácil. Partindo do nono da grelha, chegou a rodar em 12.º, recuperando de novo até nono e depois subindo a oitavo, mas acabando por cair na 23,ª volta.

«Estou desapontado com o resultado, claro, mas fisicamente estou ok», explicou o piloto português. Não foram duas semanas fáceis nem as mais confortáveis em cima da moto. Foi um dia duro, mas ao mesmo tempo ótimo para a equipa com a vitória do Brad, por isso parabéns para ele pela sua segunda vitória em MotoGP.»

Johann Zarco caiu antes das paragens nas boxes, e Bagnaia subiu ao segundo lugar do campeonato, que continua a ser liderado por Fabio Quartararo

Esta foi a classificação final e os pneus com que cada piloto terminou a corrida, pneus de chuva (wet) ou slicks.

1 Brad Binder slick
2 Francesco Bagnaia wet
3 Jorge Martin wet
4 Joan Mir wet
5 Luca Marini slick
6 Iker Lecuona slick
7 Fabio Quartararo wet
8 Valentino Rossi slick
9 Alex Marquez wet
10 Àleix Espargaró slick
11 Jack Miller wet
12 Danilo Petrucci slick
13 Takaaki Nakagami slick
14 Alex Rins wet
15 Marc Marquez wet
16 Pol Espargaró wet
17 Cal Crutchlow wet

 

Moto2: Raul Fernandez imparável

A corrida de Moto2 foi totalmente realizada a seco, e não teve grande história. Raul Fernandez passou para a frente logo na terceira volta. Apenas Ai Ogura o conseguiu seguir depois de se livrar de Sam Lowes. O piloto japonês manteve sempre a pressão sobre Fernandez, mas este manteve sempre a cabeça fria e liderou até ao final, para conquistar a sua terceira vitória da temporada. Ogura assegurou mais um pódio com o segundo lugar. Augusto Fernandez conquistou o seu terceiro pódio consecutivo.

Remy Gardner esteve longe da prestação do fim de semana anterior, e terminou na sétima posição, vendo a sua vantagem no campeonato reduzir-se para 19 pontos. Marco Bezzecchi, vencedor nas duas corridas aqui realizadas, desta vez foi apenas 10.º, mas manteve o quarto lugar do campeonato.

Moto3: Sergio Garcia recupera

Em Moto3 foi Sergio Garcia quem conquistou a sua terceira corrida do ano. Foi Deniz Öncü quem mais tempo liderou a corrida, tetando redimir-se do desaire do fim de semana anterior. Mas ainda não foi desta que o turco conseguiu a sua primeira vitória, mas conquistou o seu segundo pódio, ao terminar em segundo.

Dennis Foggia rodou grande parte da corrida na cauda do grupo da frente, guardando-se para o final. O piloto italiano lançou o ataque na penúltima volta e subiu na classificação para fechar o pódio. Logo atrás ficou o líder do campeonato, Pedro Acosta, que tinha vencido neste circuito na semana anterior. O espanhol viu assim Garcia recuperar 12 pontos, e os dois estão agora separados por 41 pontos.

MotoE: a primeira de Tulovic

Com as condições da pista ainda complicadas, meio seca, meio molhada, a corrida da Taça do Mundo de MotoE foi reduzida a apenas cinco voltas, em vez das sete inicialmente previstas.

Lukas Tulovic liderou praticamente desde o início até à bandeirada de xadrez, conquistando a sua primeira vitória. Eric Granado recuperou do 13.º lugar da grelha para garantir a segunda posição, na frente de Dominique Aegerter, que assegurou o último degrau do pódio. Granado subiu ao segundo lugar da tabela de pontos, por troca com Jordi Torres, que terminou em sétimo.

Alessandro Zaccone, o líder do campeonato, terminou em sexto, o seu pior resultado do ano.

André Pires terminou a corrida em 16.º, fora dos pontos; mas o piloto português continua na frente do seu companheiro de equipa, Xavi Cardelus, que caiu pela terceira vez em corrida esta temporada.

Todos os resultados aqui.