Quando a Honda, no já longínquo ano de 1985, fabricou e testou o primeiro protótipo de uma moto “off-road” equipada com um motor de 500 cc, estaria longe de esperar que esse projeto originasse um modelo que atualmente está no coração de milhares de motociclistas em todo o mundo. Mesmo sem estar na gama da marca japonesa há vários anos, a Honda Transalp continua bem viva, com motociclistas que defendem, de forma quase fanática, as suas qualidades e capacidades.
E ainda mais viva ficou a partir do momento em que chegaram ao domínio público um conjunto de informações e fotos espia de uma nova geração da Transalp, tal como a Revista MotoJornal aqui mostrou. Uma clara indicação de que esta moto existe e já deixou de ser apenas um rumor.
Esta é uma novidade que, também de acordo com rumores, deverá ser apresentada em breve, e que aproveitará, tudo indica, a plataforma estreada na também nova CB750 Hornet. Os rumores apontam para que a Transalp seja finalmente “renascida” no próximo Salão de Milão EICMA, que abre portas a 8 de novembro. A Revista MotoJornal tentou obter essa confirmação de fonte oficial, porém, não nos foi garantido que a nova Transalp seja efetivamente apresentada no certame italiano.
Por isso, prometemos ficar atentos a tudo o que for apresentado na EICMA e trazer até si todas as informações e fotos que mostram as novidades 2023.
E enquanto ficamos ansiosamente a aguardar a chegada de uma nova geração da polivalente Honda, decidimos revisitar alguns dos momentos principais na história da Transalp.
Como referimos, o protótipo usado pela marca japonesa para testar e desenvolver o conceito Transalp começou por ser uma moto de cariz “off-road”, equipada com motor de 500 cc. Porém, quando a moto de produção finalmente chegou aos concessionários europeus, integrando a gama de 1987 da Honda, apresentou-se como uma proposta mais polivalente e menos focada nas aventuras fora do asfalto e com um nome inspirado nos famosos Alpes europeus.
O conceito que serviu de base à Honda Transalp foi o de disponibilizar aos motociclistas uma moto polivalente. Não era uma moto de TT pura, mas conseguia rolar por pisos de terra. Não era uma turística, mas contava com um conjunto de carenagens bastante completo que proporcionava proteção aerodinâmica. E a posição de condução mais a pensar no conforto do condutor, ainda assim não impedia o condutor de se divertir numa estrada de curvas.
Era por isso uma moto que ia buscar um pouco de vários tipos diferentes de motos. E essa foi a chave do sucesso da Transalp, que rapidamente conquistou uma vasta legião de fãs.
Nessa primeira geração a Honda optou por um motor bicilíndrico em V de 583 cc, que disponibilizava uma potência máxima de 50 cv. A XL600V Transalp manteve-se relativamente intocada até 1991, ano em que o travão de tambor no eixo traseiro foi substituído por um disco de travão de 240 mm de diâmetro e uma pinça simples.
Foi preciso depois aguardar três anos para vermos mais novidades. Nomeadamente o redesenhar da ótica dianteira quadrada, mas também a introdução de novas carenagens. Em 1996 a Honda introduz novos carburadores de 34 mm e altera a ignição, sendo que no ano seguinte foi a vez de virar atenções para a segurança, instalando um segundo disco de travão no eixo dianteiro e reduzindo o diâmetro para os 256 mm.
Refira-se que os motociclistas japoneses tiveram direito a uma versão exclusiva para o Japão. Mantendo grande parte das características da versão “seiscentos”, a Honda comercializou no Japão uma variante denominada XL400V Transalp, uma “Rally Touring” com motor bicilíndrico em V de 398 cc, com uma potência de 37 cv e que dava uso a um sistema de refrigeração diferente da XL600V.
Até ao virar do milénio a Transalp manteve sempre a denominação de XL600V. Até que no ano 2000 ficámos a conhecer a então nova XL650V, que partilhava o motor dois cilindros em V a 52 graus com a opção “touring” NT650V Deauville.
A cilindrada aumentou dos originais 583 cc para uns mais musculados 647 cc, graças a mais 4 mm de diâmetro do pistão, o que permitiu aumentar a potência para 52 cv. O design desta segunda geração acompanhou a mudança de estilo do mercado e do segmento destas motos polivalentes, com as carenagens a serem redesenhadas de forma a apresentar linhas mais vincadas e até a fazer lembrar a maior XL1000V Varadero, incluindo também uma nova ótica dianteira mais agressiva e moderna.
Ainda assim, a XL650V Transalp mantinha intocadas as suas qualidades dinâmicas, mantendo-se como uma moto previsível, estável, e capaz de fazer um pouco de tudo sem obrigar o seu condutor a grandes esforços. O sistema de escape foi redesenhado, e na traseira estava agora instalado um novo amortecedor com afinações mais apropriadas para uma condução em estrada.
Em 2007 chegou o momento daquela que foi a maior renovação do modelo. Nasceu a XL700V Transalp, mantendo a arquitetura de dois cilindros em V, mas agora, graças ao aumento do diâmetro dos pistões para 81 mm (o curso manteve-se sempre nos 66 mm), a cilindrada subiu até aos 680 cc. Claro que essa subida de capacidade levou ao incremento da potência para os 59 cv.
Um motor moderno, mais amigo do ambiente e dentro das regras de homologação Euro 3, este bicilíndrico da XL700V Transalp contava inclusivamente com um sistema de escape totalmente redesenhado e equipado com catalizador.
O design foi também ele completamente atualizado. Os designers da Honda finalmente abraçaram uma linguagem estilística mais agressiva e até futurista. A então nova Transalp destacava-se pelas suas carenagens mais compactas, arestas mais vincadas, mas principalmente pela adoção de uma ótica dianteira redonda, em contraste com as óticas quadradas ou retangulares das gerações anteriores.
Outro importante ponto a destacar na XL700V Transalp foi a alteração da dimensão da roda dianteira. Até então a jante dianteira adotava uma dimensão de 21 polegadas, uma dimensão própria de uma moto “off-road”. Mas para esta terceira geração, e com o intuito de conferir um comportamento mais adaptado aos pisos de asfalto, a Honda optou por reduzir essa jante para as 19 polegadas. E na travagem destaca-se a introdução do sistema de ABS para maior segurança.
Refira-se também que a acompanhar todo o redesenhar do conjunto, a Honda passou a disponibilizar a Transalp “vestida” com cores mais atraentes, e inclusivamente com grafismos que, de acordo com a marca japonesa, se inspiravam nos mapas ou indicações de GPS, a recordar que esta era uma moto pensada para viajar. E precisamente a pensar nas viagens, a própria Honda disponibilizou um conjunto variado de acessórios oficiais para esta terceira geração, com a Transalp a ganhar uma polivalência ainda maior.
2012 foi o último ano em que foi possível ver a Transalp integrar a gama da marca japonesa.
Fique atento a www.motojornal.pt pois a 8 de novembro, às primeiras horas da manhã, e se se confirmar o que suspeitamos e os rumores apontam, a Honda irá revelar todos os detalhes da nova Transalp. A não perder!