Jorge Viegas: Fazer tudo para salvar o planeta

Numa longa conversa com Jorge Viegas, Presidente da FIM numa entrevista tida no final do ano, este falou-nos de como vê as corridas no futuro.

Jorge Viegas com Valentino Rossi

Como vês o motociclismo do futuro?

Se me perguntares se é assim tão importante que as corridas de motos passem a não ter emissões, digo-te que, nesse aspeto, a contribuição de uma corrida não vale nada. Qualquer jogo de futebol, ou a viagem de um Boeing 747 de Estocolmo para Nova Iorque emite mais gases poluentes que todas as corridas de motos na Suécia durante um ano! Há três grandes setores que contribuem com emissões: a mobilidade, de que estamos a falar agora, o aquecimento/arrefecimento e a produção de energia. A parte da mobilidade está a fazer um esforço enorme através da eletrificação dos veículos. Ainda é uma pequena parte, mas a venda de veículos elétricos é enorme. Eu não faço futurologia, mas sejam eles elétricos, de pilha de combustível ou híbridos a tendência é esta. Já não é algo do futuro, mas sim de hoje. Cada vez se vendem mais veículos elétricos.

“Temos de fazer tudo o que for possível para salvar o planeta.”

Quando tu sentes as alterações climáticas, está tudo dito. Hoje isso é dramático e o grande desafio da humanidade é que não acabemos todos como os frangos no espeto! Mas voltando atrás, as corridas de motos contribuem zero para o efeito de estufa. É um contributo completamente desprezível. Agora nós somos uma montra e temos de dar o exemplo. Quando nós fazemos corridas com elétricas estamos a mostrar a via do futuro. As motos têm um papel imprescindível na mobilidade, sobretudo nas cidades.

Olha para o exemplo de Lisboa: há cinco anos não se via uma moto! Agora toda a gente tem uma. Temos é de contribuir para a segurança de quem anda de moto. Eu costumo dizer sempre nos meus discursos que existem dois vetores no motociclismo que me guiam na FIM: um é aumentar cada vez mais a segurança nas corridas e, graças a Deus, os acidentes fatais que aconteceram não foi devido à falta de segurança dos circuitos; o outro é que qualquer rapaz ou rapariga que queira correr de moto o possa fazer, independentemente dos meios financeiros que tenha à disposição.

Um dos pontos fortes da minha política passa por investir muito nas academias, criar fórmulas de iniciação, para que quem tenha jeito não veja a sua carreira barrada por falta de dinheiro.

Texto: Fernando Pedrinho Martins e Domingos Janeiro
Fotos: Hellophoto – Miguel Araújo
in revista Motojornal