Não há muito que enganar na criação desta nova neo clássica japonesa. A Kawasaki Z900RS tinha apenas de retirar o melhor que a técnica da Kawasaki tem para oferecer no que respeita a motos simples de estrada e dotá-la de uma imagem irresistível. O motor de quatro cilindros com 948cc, oferece 111cv de potência, tem um binário brutal de 98,5 Nm às 6,500 rpm e tem refrigeração líquida. O depósito leva 17 litros de combustível e o consumo apresentado no teste foi de 5,6 L/100Kms, valor bastante interessante. Está montado o cenário certo para ser ter uma moto com uma imagem irresistível que podemos usar todos os dias envolto em prazer.

Kawasaki Z900RS review

  FICHA TÉCNICA

MOTOR E TRANSMISSÃO

Tipo 4 cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida, DOHC, 4 válvulas
Cilindrada 948 cc
Diâmetro/Curso 73,4 mm x 56 mm
Potência máxima 111 CV/8.500 rpm
Binário máximo 98,5 Nm/6.500 rpm
Alimentação Injecção electrónica, 4 corpos de 36 mm com válvula secundária
Compressão 10,8:1
Escape Sistema de escape 4-1
Embraiagem Multidisco, banho de óleo
Transmissão final corrente
Caixa de velocidades 6 velocidades

CICLÍSTICA

Quadro tubular em aço
mono-amortecedor amortecedor com regulação da pré-carga da mola e extensão de hidráulico, com sistema de bielas
Distância ao solo 130 mm
Pneu dianteiro 120/70 R 17
Pneu traseiro 180/55 R 17
Suspensão dianteira Forquilha invertida de 41 mm totalmente reguláveis
Suspensão traseira mono-amortecedor amortecedor com regulação da pré-carga da mola e extensão de hidráulico, com sistema de bielas
Travão dianteiro Dois discos de 300 mm, pinças monobloco de montagem Radial, com ABS
Travão traseiro Disco de 250 mm, com ABS

PESO E DIMENSÕES

Altura 1150 mm
Altura do assento 835 mm
Distância entre eixos 1470 mm
Comprimento Total 2.100 mm
Distância ao solo 130 mm
Peso em ordem de marcha 201 kg
Capacidade do depósito 17 l

PREÇO

Kawasaki Z900RS 12.795 €
Cor 3 decorações
Site www.kawasaki.pt

Kawasaki Z900RS, resultado da história

Qualquer motociclista que se tenha iniciado nas motos no início dos anos setenta ou um pouco antes, conhece a Kawasaki Z1 que foi lançada em 1973. A moto causou um enorme impacto no mercado, deixando muito poucos indiferentes aos seus números. A Z1 foi a primeira moto japonesa de alta cilindrada a usar uma dupla árvore de cames à cabeça e assim que surgiu ganhou em Daytona, ainda em 1972, guiada por Yvon Duhamel, tendo batido recordes de volta e também de média de corrida. Mais do que palmarés, fica para a história uma moto que despertou o desejo de milhares de homens e mulheres por esse planeta fora. A Kawasaki quis, e bem, recuperar essa ligação emocional com um dos principais modelos da sua história. Numa altura em que as motos retro continuam a ser um segmento em crescimento, mas que teve uma evolução no sentido da performance e da modernização de componentes, a Kawasaki Z900RS “sucede” à W800, numa espécie de reescrever do que se passou há mais de 40 anos, quando os tetra-cilíndricos se impuseram aos bi-cilíndricos.

 

Japonesa com certeza

A base usada pela Kawasaki foi a bem sucedida Z900, uma naked actual que cedeu grande parte dos seus componentes à Kawasaki Z900RS. No entanto, são tão diferentes que quase não há comparação possível entre ambas. O motor foi alterado para entregar menos potência e mais binário, a posição de condução muda com o guiador, a traseira mais baixa e o aumento de comprimento entre eixos. A própria forma do condutor se encaixar é alterada, com o novo desenho do depósito e da traseira. A pintura especial da moto que testámos é uma natural evocação da Z1, com os mesmos tons e gráficos, mas ganhou uma profundidade e um brilho que lhe dão uma aura exclusiva. Tudo na Z900RS foi pensado e criado para uma experiência de condução sensorial que pretende levar o motociclista a sentir a qualidade da moto, mas também a alma e a essência do que é, desde há muito, conduzir uma Kawasaki. Se os detalhes nos vão capturando a atenção, como o depósito em forma de gota, o guarda-lamas frontal, os manómetros, as tampas do motor, o farol de led, o escape curto, o logótipo Kawasaki em relevo e também o detalhe de pintura na frente do depósito em que as linhas se unem num Z junto do veio de direcção, há muito para desfrutar nesta moto, onde apenas o radiador destoa num apuro estético brilhante. Recomendo, ainda assim, que vejam a moto ao vivo, é ainda melhor que nas fotos, sem dúvida.

A Z900RS com um "sabor" muito Cafe Racer

Alma de ninja

Se “parecer bem” é importante neste segmento, “andar bem” também o é cada vez mais, com o crescimento do número de clientes e a alteração do seu perfil. E é aqui que a Kawasaki Z900RS marca muitos pontos. Apesar da evocação dos anos setenta, esta Z é uma moto moderna, mas que aporta lembranças dos noventa, baralhados? Quem conduziu uma Kawasaki 750 ou 900 dos anos noventa vai sentir-se em casa com esta moto. O trabalho feito pelos engenheiros japoneses na admissão e no escape é absolutamente brilhante, resultando numa moto cheia de carácter e alma. A moto ouve-se, sente-se e vive-se enquanto a conduzimos, fazendo lembrar sons e emoções já com mais de 20 anos, para uma geração de motociclistas que hoje será a principal fatia de mercado. Tudo funciona bem, o quatro cilindros é muito fácil de utilizar, a caixa é precisa e tem um escalonamento curto, sendo possível em estrada rodar em mudanças altas e aproveitar a elasticidade do motor. A Kawasaki Z900RS sai com muita força de baixas, sendo possante em aceleração, vigor este, sempre acompanhado por uma banda sonora impressionante para um escape de série. A travagem e suspensão estão num excelente nível, tornando a moto confortável e fácil de levar a qualquer velocidade.

Sentir-nos vivos

As estradas do Douro, na zona do Peso da Régua, uma das mais bonitas zonas do país, mostraram-nos isso mesmo, uma moto muito aprumada, fácil de conduzir em ritmo de passeio e a aproveitar a paisagem, mas quando metemos duas abaixo e começamos a travar tarde e a inclinar a moto, tudo corre de uma forma previsível e controlada. Os diferentes níveis de controlo de tracção também ajudam à condução, mas não senti grande necessidade de ajustar o nível normal. O banco, para além de esteticamente muito bem conseguido é extremamente confortável, ajudando em muito à boa posição de condução, que deixa o piloto com as costas bastante direitas e braços abertos. O depósito tem um encaixe largo, deixando as pernas bem abertas, mas permite uma autonomia muito grande, de mais de 300 kms. A instrumentação é muito bonita, muito mais bonita que a actual tendência dos enormes LCD e com toda a informação necessária. A Kawasaki Z900RS é uma moto que nos faz olhar para trás quando desmontamos dela, tem uma estética apurada, é bem proporcionada, tem detalhes de qualidade e alimenta-nos o ego e os sentidos quando a conduzimos. O preço a pagar por tudo isto não é baixo, mas certamente justo por ser uma moto que nos faz sentir vivos!