Moto Clube de Faro faz balanço positivo da Concentração 2022, mas…

O Moto Clube de Faro, na voz do representante máximo do coletivo, José Amaro, fez um balanço positivo desta 40ª edição da Concentração 2022, mas deixou várias criticas às autoridades.

O Presidente do Moto Clube de Faro, José Amaro, fez um balanço positivo no final desta 40ª edição da Concentração Internacional de Motos de Faro 2022, que decorreu este fim de semana. Contudo, não deixou de apontar várias críticas à forma como foi posto em causa a realização do evento, sem ter tido em conta uma complexa “máquina” que há vários meses se preparava para movimentar entre 25 a 35 mil pessoas diárias, num recinto que para mais – a cada realização – é reavaliado e melhorado para o ano seguinte, seja do ponto de vista das infraestruturas, acessos, segurança, alocação e prontidão de meios de socorro, seja no que ao combate a incêndios diz respeito.

Na verdade, poucos serão os “mega-eventos” em Portugal que estejam tão bem ‘oleados’ e testados do ponto de vista da logística e da segurança como está a Concentração de Faro. E esta foi a 40ª edição organizada pelas mesmas pessoas de sempre.

Alegadamente toda esta casuística de exceção não foi tida em conta na declaração de estado de contingência decretado pelo Governo, a partir de 11 de julho (e que se estendeu até ao passado domingo), devido ao elevado risco de incêndios em Portugal com a previsão de temperaturas muito elevadas, impedindo-se por despacho conjunto dos ministérios das tutela toda e qualquer utilização de espaços florestais, sem exceção.

Ainda assim, conforme aqui lhe demos conta no início da semana passada, António Costa referiu que o ministro da administração interna, José Luís Carneiro, estaria em conversações com os organizadores do evento e respetiva autarquia por forma a encontrar soluções adequadas.

No caso da Concentração de Faro, a alternativa encontrada pelas autoridades foi a deslocalização da zona de acampamento para uns terrenos contíguos, classificados como urbanizados, portanto do ponto de vista administrativo passíveis de utilização, por estarem fora do âmbito das proibições formais previstas pelo estado de contingência decretado.

O Moto Clube de Faro ainda que tenha apresentado vários argumentos, assumindo inclusive o ónus pela sua posição, acabou por acatar as alterações da melhor forma possível, de modo a não comprometer a realização da concentração, um evento que acabou por acontecer sem percalços e em total segurança, para satisfação dos cerca de 35 mil motociclistas que há dois anos aguardavam por esta mítica ocasião.

Foi positivo, mas…

No rescaldo desta emblemática concentração, José Amaro em declarações à Rádio Renascença apontou que a solução proposta não foi suficiente para acomodar todos os motociclistas e que um dos terrenos cedidos inclusive mostravam maior densidade florestal face aos 14 hectares classificados como florestais, os quais o MC Faro já havia preparado e limpo para utilizar como zona de acampamento: “Não estava limpo, tem mais densidade de floresta. O terreno estava com detritos e mais propício a qualquer incidente que o terreno que já tínhamos limpo há três meses. Foi pior a emenda que o soneto”, apontou.

José Amaro, no entanto, afiançou que esta edição “foi positiva, tendo em conta todas as anomalias que ocorreram”, a maioria motivadas pelas alterações de última hora decorrentes da proibição de utilização da área florestal habitualmente utilizada no Vale das Almas como área de acampamento.

O líder do Moto Clube de Faro reconheceu que ao longo da esta edição da Concentração 2022 foi necessário “passar um pouco por cima de algumas” restrições, de modo a viabilizar, com bom senso e experiência, um evento que anualmente reúne e facilmente movimenta 35 mil pessoas no recinto.

Ainda em declarações à RR, José Amaro referiu que “houve uma contraordenação porque ultrapassámos as ordens que estavam para cumprir, mas agora os advogados do Moto Clube vão tratar disto da melhor maneira. Tudo o que fizemos foi para melhorar e salvaguardar a segurança das pessoas”, assegurou.

À Agência Lusa, José Amaro salientou ainda que “não havia condições” para acomodar as pessoas na alternativa encontrada pelas autoridades e, por isso, a organização decidiu “assumir o risco” de permitir que regressassem às zonas habituais de campismo, até porque, se isso não fosse feito, “punha-se em risco a segurança das pessoas”, explicou.

“Não podíamos estar a usar terrenos que não eram compatíveis com as necessidades e onde não havia o espaço suficiente para acolher as pessoas que vieram até cá”, sustentou, sublinhando que a Concentração Internacional de Motos de Faro recebe a cada ano dezenas de milhares de pessoas e “já se sabia que, como eram os 40 anos [40ª edição], seria um evento de referência”.

O líder do Moto Clube de Faro dando voz ao protesto do seu coletivo apontou ainda que os decisores “não conhecem o terreno. Deviam vir aqui ver o terreno porque é no terreno que se vê as coisas. Não é em frente a um computador numa sala com ar condicionado”.