Motociclistas mobilizam-se para contestar inspecções às motos

Dia 16 de Outubro, sábado, milhares de motociclistas vão para a rua no Porto, Lisboa e Faro, contestar a intenção do governo liderado por António Costa em tornar obrigatórias as inspeções às motos.

Depois do Secretário de Estado das Infraestrutras, Jorge Delgado, ter adiantado no passado dia 20 de setembro que o Governo está a preparar um diploma para a transposição, a partir de janeiro de 2022, da directiva europeia que preconiza a obrigatoriedade de inspeções técnicas sobre os veículos de duas rodas, muitas têm sido as vozes que voltam a demonstrar com números e argumentos científicos a sua indignação por uma medida que apelidam de “negócio”.

Um dos motociclistas, colaborador da Motojornal há muitos anos, membro do G.A.M. – Grupo de Acção Motociclista, e também dirigiente da FMP- Federação de Motociclismo de Portugal, muito conhecido e respeitado em todo o país, quer pelas suas viagens, quer pelo seu trabalho de há decadas em prole do desenvolvimento e defesa do sector das duas rodas, António Francisco, também conhecido por Tó Manel, resume assim o seu entendimento sobre esta questão num comentário ao seu prórpio post no facebook:
“Fico ABISMADO com os comentários que aparecem sobre este tema das inspeções às motos… O pessoal parece que ainda não percebeu o que está aqui em causa. Vou tentar ser claro… As inspeções são “supostamente” uma medida que visa combater a sinistralidade rodoviária e é apenas desse modo que a medida se justifica sendo, inclusive, o único argumento usado por quem as quer implementar, ou seja, combater a sinistralidade. Acontece que, segundo estudos científicicos feitos na Europa, apenas 0,3% (sim, zero vírgula 3 por cento) dos acidentes com motos são provocados por “falha mecânica”. Óbviamente 0,3% é um valor de tal modo irrelevante que não justifica a relação custos/mais valias que as IPO representam para os motociciclistas.
O problema da sinistralidade rodoviária reside no factor “falha humana”, que se encontra em 96% dos acidentes, em muitos casos conjugado com o “factor rodovia”, também culpado de muitos sinistros. Acontece que desde sempre a sinistralidade rodoviária tem sido tratada com medidas meramente politicas e de resposta a lobys e nunca se assumiram soluções de fundo, que na maioria dos casos implicam investimentos financeiros por parte do Estado, como é o caso da melhoria na concepção e manutenção da rede rodoviária. É sempre o “caminho mais fácil” que os governos usam para mostrar serviço e aqui o caminho das inspeções está errado porque não vai levar a lado nenhum em termos de segurança para os motociciclistas… O resto que para aqui se escreve sobre equipamento, acessórios e outras supostas ilegalidades para tentar encontrar justificação para a medida, são coisas que em qualquer operação stop as autoridades podem controlar.
Resumindo: as IPO às motos são apenas e só mais uma forma de nos sacarem dinheiro.
Também podemos simplesmente “ACATAR, PAGAR E CALAR”, como estamos habituados a fazer e fica o problema das inspeções às motos resolvido… como ficou, da forma como sabemos, resolvido no caso dos carros…
APENAS ISTO. E desculpem o longo desabafo de quem já anda a lidar com esta treta há muuuuito tempo.”

Tal como sucedeu em 2018, em que surgiu o rumor de que a regulamentação das inspeções às motos estariam para ver a luz do dia, foram muitos milhares de motociclistas que se organizaram em manifestações contra uma medida que aos olhos do deputado do PCP e também motociclistas, Manuel Tiago, não fazia sentido. Em frente à Assembleia da República, na manifestação de dia 18 de Fevereiro de 2018, esta era a sua posição (0:55) sobre as inspeções às motos:

António Francisco também teve uma intervenção na manifestação lisboeta, em frente à Assembleia da República em Fevereiro de 2018, e explicou o seu papel na mobilização dos motociclistas para esta causa:

Assim sendo, como o próprio anunciou na sua página pessoal de Facebook, “no próximo dia 16 de Outubro vamos defender o motociclismo da ameaça das inspecções. Vamos fazê-lo no Porto, em Lisboa, e em Faro. Uma vez mais os motociclistas são chamados a defender as motos.”

Ou seja, no próximo dia 16 de Outubro, sábado, o país das duas rodas irá sair à rua para manifestar-se contra a intenção do governo liderado por António Costa de concretizar as inspeções obrigatórias às motos.

Acompanhe os desenvolvimentos desta manifestação em https://www.facebook.com/gamportugal

Outros artigos:

Inspeções a motos com mais de 125 cc a partir de janeiro 2022

Mega manifestação levou milhares de motociclistas à rua