MotoGP 2022 – Análise ao que aconteceu no “shakedown” de Sepang

O piloto espanhol foi o mais rápido do terceiro dia de “shakedown” de MotoGP 2022. Maverick Viñales e Aprilia começam em grande forma. Mas muita coisa aconteceu em Sepang!

MotoGP 2022

É verdade que numa situação de “shakedown” ou testes, os tempos por volta pouco interessam. As equipas de MotoGP 2022 e os respetivos pilotos têm um programa de trabalho completamente distinto de um “time attack”. Porém, começar com bons registos é sempre bom. E nesse particular Maverick Viñales e a Aprilia começam em grande forma!

No terceiro e último dia do “shakedown” de Sepang, exclusivo para pilotos de teste, pilotos estreantes e também para pilotos de fabricantes com concessões, como é o caso da Aprilia, o espanhol Viñales voltou a mostrar a sua rapidez e continuou no topo da tabela de tempos.

Se no segundo dia tinha rodado no circuito malaio obtendo uma melhor volta em 1m59.883s, ao terceiro dia, e sob um calor arrasador, Maverick Viñales fez ainda melhor e rodou em 1m58.942s, quase um segundo melhor. Mais do que isso, deixou o compatriota Aleix Espargaró atrás de si por 0.144s.

Convém também notar que os dois pilotos oficiais da Aprilia estão ainda a algumas décimas dos seus melhores registos pessoais obtidos em 2019 no circuito de Sepang. Talvez nos testes oficiais de MotoGP 2022 dias 5 e 6 de fevereiro já seja possível perceber melhor o real potencial da nova Aprilia RS-GP.

MotoGP 2022E por falar em potencial, é impossível não referir o comportamento dos “rookies” nesta sessão de três dias de testes privados da categoria rainha. O mais rápido de todos foi Raul Fernandez (Tech3 KTM Factory). Vice-campeão de Moto2, o espanhol parece estar a adaptar-se bem à mais potente KTM RC16 da equipa de Hervé Poncharal. Fernandez terminou o “shakedown” com a sua melhor volta em 1m59.468s.

Outros dois estreantes, Remy Gardner (Tech3 KTM Factory) e Darryn Binder (WithU RNF Yamaha), não parecem ter focado a sua atenção nos tempos por volta. No caso do campeão de Moto2, Gardner continua a testar a sua condição física (lesão no pulso).

Já Binder, que saltou diretamente das Moto3 para MotoGP, passou mais tempo a experimentar o comportamento da sua Yamaha YZR-M1 com depósito de combustível cheio. Um fator importante numa corrida da categoria rainha, e que tantos problemas costuma dar, mesmo a pilotos mais experientes.

Em relação aos “rookies”, convém também referir que Fabio di Giannantonio (Gresini Racing Ducati) não esteve presente tanto no segundo como no terceiro dia em Sepang. O italiano sofre de uma gastroenterite e ficou fora de ação. Espera-se que esteja em condições de participar nos dois dias de testes oficiais de MotoGP.

O que cada fabricante testou no “shakedown” de MotoGP 2022 em Sepang

Aprilia

Em Noale trabalham para melhorar a aerodinâmica da RS-GP. Mas 2022 não será uma revolução completa a este nível. É verdade que o frontal do protótipo da Aprilia apresenta algumas novidades, nomeadamente as dimensões das asas dianteiras, mais pequenas. Mas os grandes destaques na nova RS-GP são o braço oscilante em alumínio em vez de carbono, e um novo sistema de escape com a Aprilia a abandonar a Akrapovic e optar por um sistema desenhado pela SC Project.

Ducati

Gigi Dall’Igna avisa que o novo motor V4 da Desmosedici GP22 é bastante mais potente do que até agora. E isso, só por si, já deverá ser um motivo de “alarme” para os fabricantes rivais. Porém, e sem termos acesso a dados concretos, a moto italiana testada por Michele Pirro esteve em Sepang com novidades ao nível da aerodinâmica, comparou diferentes sistemas de escape com maior ou menor comprimento, mas também um novo braço oscilante.

Honda

Uma das grandes incógnitas para MotoGP 2022 será a prestação e evolução da Honda RC213V. Este “shakedown” não começou bem, com a moto a ficar retida no Dubai e por isso Stefan Bradl perdeu tempo valioso sem poder andar em pista. A Honda conseguiu montar uma segunda moto de 2022 usando componentes do Japão. No segundo e terceiro dia de testes no traçado malaio, o alemão rodou com uma versão atualizada da RC213V.

Com carenagens profundamente redesenhadas para garantir maior eficiência aerodinâmica, a moto japonesa deverá apresentar-se este ano com muitas novidades, em particular um novo quadro. Duas das novidades foram bem visíveis em Sepang: um sistema de escape redesenhado e mais próximo em termos de aparência do que vemos nas Ducati, por exemplo. Mas também toda uma traseira mais volumosa.

KTM

Com os responsáveis da equipa austríaca a vincarem que a importância do projeto desportivo da KTM está nas pessoas e não tanto nas máquinas, é impossível dissociar a presença de Dani Pedrosa da melhoria no comportamento da RC16. O próprio “rookie” Raul Fernandez assume que quando passou por problemas nestes testes foi Pedrosa quem o aconselhou e ajudou.

A moto austríaca que será pilotada pelo português Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) em MotoGP 2022, tem alguns novos componentes. Nomeadamente uma aerodinâmica ligeiramente redefinida graças às asas dianteiras com novo desenho. E o conjunto deverá mostrar-se mais eficaz também devido à utilização de um novo braço oscilante.

Suzuki

A marca de Hamamatsu e a sua equipa de testes tem pela frente um grande programa de desenvolvimento da GSX-RR. A moto japonesa não se apresentou em Sepang com grandes novidades. Pelo menos a nível visual. As asas aerodinâmicas diferentes são a única novidade que foi possível ver “a olho nu” na GSX-RR.

Certamente que Joan Mir e Alex Rins, e a equipa Ecstar Suzuki, terão muitas peças novas para testar dentro em breve, nomeadamente a nível mecânico. A começar pelo sistema de alteração da altura da traseira, algo que a Suzuki demorou mais tempo a usar do que outros fabricantes e que Mir, então campeão de MotoGP, dizia estar longe de ser um mecanismo perfeito.

Yamaha

Em equipa de vence… não se mexe! Bom, no caso da Yamaha isso é quase verdade a 100%. Na realidade, a marca de Iwata mostrou nestes primeiros três dias em Sepang uma YZR-M1 com diversas novidades. A maior é a alteração à configuração da sua carenagem frontal, com asas maiores e que adotam um desenho semelhante ao usado pela Aprilia RS-GP.

Por outro lado, a moto de testes saiu para a pista com quadros reforçados em zonas específicas com diferentes materiais. Desta forma os engenheiros da Yamaha Racing pretendem testar e validar configurações de rigidez para quadro.

Fique atento a www.motojornal.pt pois vamos dar-lhe todas as novidades dos testes oficiais de MotoGP em Sepang que começam a 5 de fevereiro!