MotoGP 2022 – Pit Beirer aborda situação de Miguel Oliveira

O diretor desportivo da Red Bull KTM Factory revela mágoa pela situação de Miguel Oliveira. Pit Beirer considera o português um amigo, e podia ter obrigado a ficar na KTM, mas não o fez.

Miguel Oliveira

Com o anúncio da chegada de Jack Miller à Red Bull KTM Factory a partir de 2023, a marca austríaca deu mais um passo, no seu entendimento, para reforçar o seu projeto desportivo em MotoGP como um todo. E esse projeto, de acordo com Pit Beirer, diretor desportivo da Red Bull KTM Factory, incluía Miguel Oliveira, considerando que uma eventual passagem do português para a Tech3 não era uma despromoção.

À margem dos comunicados oficiais das equipas Ducati Lenovo Team e equipa de fábrica da KTM, Pit Beirer concedeu algumas declarações ao website alemão Motorsport-Total onde abordou mais em pormenor a relação com Miguel Oliveira, e toda a situação negocial que envolveu a KTM e o português.

De acordo com Beirer, “Quando vês um piloto a falar com outro chefe de equipa, ficas com inveja. Se ele te vê a falar com outro piloto, então acontece uma quebra de confiança. Não é bom, porque não queremos colocar em causa aquilo que conquistámos juntos. Para manter as coisas calmas na equipa, o melhor é manter os pilotos que tens. Nesse caso podes ter tudo sob controlo e trabalhar de olho no futuro”.

Miguel OliveiraPorém, as negociações entre a KTM e Miguel Oliveira estiveram longe de acontecer de forma “controlada” a pensar no futuro. Rapidamente o português e o seu empresário, Paulo Oliveira, perceberam qual seria a estratégia da marca, que o colocaria na equipa satélite Tech3, algo que foi imediatamente recusado.

Pit Beirer revela que considera o piloto de Almada um amigo e até mesmo família por tudo aquilo que conquistaram ao longo dos anos. Nesse sentido, “Antes de Mugello tentei falar com o Miguel, para lhe dizer que essas conversas [com Jack Miller] estavam a acontecer. Quis ser justo. O Miguel é meu amigo e da equipa. Deve continuar a sê-lo, independentemente do que acontecer. Fiz uma oferta para ele ir para a Tech3, com um salário superior. Queria mesmo impedir que ele chegasse a Mugello a dizer ‘a minha equipa, os meus amigos, a família, garantiram um novo piloto e vão colocar-me na rua”, refere o dirigente da KTM.

Miguel OliveiraNesse momento a KTM poderia inclusivamente ter exercido uma opção de renovação de contrato sobre Miguel Oliveira. Essa opção podia ser acionada até 31 de maio. Se o queriam no projeto, porque é que a KTM não decidiu acionar a opção? “Tínhamos uma opção até 31 de maio, que podíamos ter acionado. Nesse caso, de acordo com o contrato, ele teria de correr por nós, fosse onde fosse. Mas não quisemos fazer isso, por causa da boa relação que temos com ele. Por isso fizemos uma oferta justa. Não acionámos a opção, mas fizemos uma nova oferta. Queríamos mesmo que ele ficasse, mas não sei se vamos ter essa chance”, diz Pit Beirer, que depois explica o porquê de não achar uma mudança para a Tech3 uma despromoção:

“Ele ganhou duas corridas com o Hervé Poncharal. Não encarámos esta opção como colocá-lo de lado, mas sim para fortalecer esse lado. O nosso objetivo era ter quatro posições de fábrica equivalentes. Mas ele não entendeu isso como algo positivo e ficou desiludido por querermos discutir com ele sobre se iria para outra equipa”, dizendo ainda que “Depois isolou-se e mandou o pai negociar com outras equipas”.

Depois de tudo isto aconteceu o Grande Prémio da Catalunha. E foi no paddock do circuito catalão que Pit Beirer, e todos os fãs, viram as fotos de Miguel Oliveira e seu pai a dirigirem-se para a Gresini Racing acompanhados por Paolo Ciabatti, diretor desportivo da Ducati Corse.

Miguel OliveiraMiguel Oliveira já explicou o que aconteceu, confirmando a reunião. Algo natural tendo em conta o momento que se vive em termos de negociações. Porém, e quando todos acreditam que o contrato com a Gresini já está assinado, Pit Beirer refere que “De acordo com o pai dele, nada está assinado e quer falar connosco. Mas já vimos uma foto suspeita na internet”, dando a entender que a KTM já não acredita ser possível convencer Miguel Oliveira a permanecer ligado ao projeto de MotoGP da marca austríaca.

E conclui as suas declarações com rasgados elogios ao português: “Quando tudo está alinhado e ele tem um dos seus bons dias, aí é imbatível. E aí vemo-lo a ter sucesso em tudo. Vemos inclinações em curva com a moto e travagens tardias que nunca tínhamos visto. Subitamente abrem-se portas que não sabíamos”, diz Pit Beirer.

Este não deixa de ser mais um momento neste período de negociações de contratos entre pilotos e equipas de MotoGP que nos revela a complexidade da situação, e o stress, que vivem tanto os pilotos como os responsáveis das equipas.

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