Com a realização da corrida principal de 27 voltas neste domingo, está terminado o Grande Prémio da Indonésia de 2024. Com a chuva completamente afastada do cenário, mas com vento bastante forte a surgir no circuito de Mandalika, os pilotos de MotoGP tiveram pela frente uma corrida longa e bastante dura em termos de gestão de pneus, mas também do seu físico.
Em pista, a ação na corrida da categoria rainha começou da melhor forma para Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), que aproveitou a sua “pole position” para ‘saltar como uma bala’ assim que os semáforos se apagaram dando início à corrida de MotoGP do GP da Indonésia.
O mesmo não se pode dizer do seu mais direto rival, e vencedor da Sprint de ontem, Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), que voltou a falhar por completo o arranque.
Pior mesmo do que Bagnaia, só mesmo o que aconteceu ainda nas primeiras curvas da primeira volta. Jack Miller (Red Bull KTM Factory) perde o controlo da sua moto quando estava numa trajetória interior, e fez um ‘strike’ perfeito ao levar consigo para a gravilha uma série de outros pilotos: Aleix Espargaró (Aprilia Racing), Luca Marini (Repsol Honda), Alex Márquez (Gresini Racing), sendo que Joan Mir (Repsol Honda) não caiu, mas também foi apanhado neste incidente de conjunto.
Com o ‘Martinator’ a isolar-se rapidamente na liderança desde a primeira volta, e a revelar um ritmo forte desde o início, o maior interesse nesta corrida acabou por se centrar nas posições seguintes.
Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3) rodava então em 3º atrás de Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team), mas o “rookie” espanhol não demorou muito a desenvencilhar-se do italiano e assumiu então o 2º lugar e as despesas de perseguir Jorge Martin, que logo nas primeiras voltas conseguiu ganhar uma margem de 9 decimas para os perseguidores.
Acosta imprimiu um ritmo bom, e também se destacou do grupo ficando isolado em pista e deixando um grupo de pilotos da Ducati a discutir o último lugar do pódio. Aliás, a dado momento nesta corrida de MotoGP, nos oito primeiros classificados estavam a rodar sete motos da marca de Borgo Panigale! Apenas Alex Márquez, que tinha caído, não estava nestes lugares cimeiros.
Neste grupo assistimos a intensas batalhas por posição, com inúmeras trocas de posição e pilotos a realizarem ataques e contra-ataques de forma soberba.
Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati), Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46), Francesco Bagnaia, Marc Márquez (Gresini Racing) e Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46) eram então os pilotos em luta direta. Mas o grupo viria a dividir-se um pouco, e a perder alguns pilotos.
Primeiro foi Fabio di Giannantonio a cair na curva 10 quando estava a lutar com Marc Márquez pela 7ª posição, e os dois a discutirem o 6º lugar com Bagnaia. E pouco depois foi a vez de Márquez ver o motor da sua Ducati Desmosedici GP23 da Gresini Racing ‘entregar a alma ao Criador’, em que o piloto espanhol viu mesmo a sua moto pegar fogo na escapatória do circuito de Mandalika.
Entretanto, na liderança do Grande Prémio da Indonésia de MotoGP a diferença entre os dois primeiros ia ajustando de volta a volta.
Ora Pedro Acosta conseguia recuperar algumas décimas para Jorge Martin, ora acontecia o contrário. A diferença entre primeiro e segundo chegou a estar em 6 décimas no seu ponto mínimo, mas nunca desceu daí.
Mais atrás, Franco Morbidelli tinha aproveitado a escolha de pneu dianteiro macio para forçar o andamento na primeira metade da corrida e rodar então em 3º. Porém, foi incapaz de resistir ao ataque de Enea Bastianini, que assim que passou pelo compatriota rapidamente escapou com o derradeiro lugar do pódio.
Infelizmente para as aspirações de Bastianini ao título de MotoGP, uma queda quando tinha o pódio na mão, na 21ª volta, deixa-o já bastante atrasado nessa luta pelo campeonato e foi mais um dos vários pilotos que não conseguiram terminar esta corrida de MotoGP. Nada menos do que 9 pilotos da categoria rainha não cruzaram a meta no GP da Indonésia!
Morbidelli, Bezzecchi e Bagnaia passavam então a discutir o derradeiro lugar no pódio.
Os três pilotos que integram a V46 Academy foram trocando de posições várias vezes, até que seria o bicampeão de MotoGP, Bagnaia, a ser o mais cerebral do trio, a fazer uma melhor gestão do momento certo para atacar, e, aproveitando as dificuldades que tanto Morbidelli como Bezzecchi estavam a sentir com o pneu dianteiro macio, o piloto da equipa de fábrica assumiu em definitivo a terceira posição quando estávamos na 23ª volta.
Por esta altura já os dois primeiros estavam sólidos nas suas posições e bastante distantes de Bagnaia, que mais não fez do que levar a sua Ducati até à linha de meta, percebendo que não seria atacado por Morbidelli e Bezzecchi, que estavam sem argumentos para sequer sonharem com algo mais do que o 4º e 5º lugar nesta corrida do GP da Indonésia.
Na frente, Jorge Martin estava então a entrar num ritmo significativamente mais forte e consistente. O espanhol da Prima Pramac Ducati não cortou acelerador, enquanto Pedro Acosta e a sua GasGas RC16 revelaram então alguma inconstância.
Naturalmente que a diferença entre ambos ‘disparou’ para mais de dois segundos, ficando claro que a vitória estava assegurada por parte do ‘Martinator’.
Porém, como se tinha visto na Sprint de sábado, Martin por vezes tem a tendência de exagerar quando tudo está controlado, e foi necessário bastante autocontrolo para que o piloto espanhol garantisse que não sofria uma queda ou um erro que lhe pudesse custar a vitória.
Nada disso aconteceu, e o líder do campeonato venceu mais um Grande Prémio nesta temporada 2024 de MotoGP. Uma performance dominadora de Martin, que reagiu da melhor forma à vitória de Francesco Bagnaia na Sprint, e à sua própria queda, sendo de destacar que o piloto da Prima Pramac Ducati fez questão de, depois de terminada a corrida, parar na curva 16 onde caiu na Sprint quando liderava, para exorcizar os seus fantasmas.
Pedro Acosta cruzou a linha de meta em 2º, em mais um grande resultado para o “rookie” espanhol. Porém, os resultados finais estão sujeitos a sofrerem alterações, pois a Direção de Corrida informou que Acosta está sob investigação devido à pressão de pneus na corrida do GP da Indonésia.
Tudo indica que isso levará a uma penalização que vai relegar o jovem espanhol para lugares bem mais atrás na classificação, e permitirá a Francesco Bagnaia subir de 3º para 2º, sendo que Morbidelli poderá ainda ser confirmado como 3º classificado. Esperamos agora pela confirmação oficial desta possível penalização a Pedro Acosta.
Destaque ainda para as performances das motos japonesas. Mais especificamente de Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), que consegue novamente estar nos lugares logo atrás do ‘Top 5’, que habitualmente é dominado pela Ducati. O francês foi 7º classificado.
Outra moto japonesa, neste caso a Honda RC213V, e de outro francês, Johann Zarco (Castrol Honda LCR), foi também um dos destaques positivos este fim de semana no circuito de Mandalika.
Zarco fechou a corrida deste domingo em 9º, no que foi um fim de semana bastante sólido para si, e também que pode deixar algumas indicações de que a Honda estará agora recuperar qualquer coisa para as suas rivais.
Refira-se ainda que, mais uma vez, a corrida principal de um fim de semana de MotoGP é concluída com um tempo total significativamente inferior ao que foi registado no ano anterior! Neste caso o GP da Indonésia foi concluído em quase 16 segundos a menos do que a edição de 2023.
Uma demonstração, mais uma, da performance e competitividade atual nesta categoria rainha.
Os resultados e classificações abaixo apresentados são antes de qualquer penalização ser aplicada oficialmente. Iremos atualizar se, e quando, for necessário.
Resultados do Grande Prémio da Indonésia de MotoGP
1 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
2 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
3 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
4 – Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati)
5 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
6 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
7 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
8 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
9 – Johann Zarco (Castrol Honda LCR)
10 – Raul Fernandez (Trackhouse Racing)
Classificação de MotoGP
1 – Jorge Martin – 366 pontos
2 – Francesco Bagnaia – 345 pontos
3 – Enea Bastianini – 291 pontos
4 – Marc Márquez – 288 pontos
5 – Pedro Acosta – 181 pontos
6 – Brad Binder – 173 pontos
7 – Maverick Viñales – 162 pontos
8 – Aleix Espargaró – 127 pontos
9 – Marco Bezzecchi – 125 pontos
10 – Fabio di Giannantonio – 122 pontos
14 – Miguel Oliveira – 71 pontos
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