Com cerca de 80.000 fãs nas bancadas do circuito Termas de Rio Hondo, talvez para não perderem a possibilidade de assistir ao vivo a uma corrida de MotoGP, pois o Grande Prémio da Argentina está em risco de não acontecer no futuro, disputou-se na tarde deste domingo a corrida principal da categoria rainha.
Sem o português Miguel Oliveira (Prima Pramac Yamaha) e também sem a presença do italiano Lorenzo Savadori (Aprilia Racing), o primeiro não arriscou competir com suspeitas de poder agravar a sua condição física no ombro esquerdo, nomeadamente os ligamentos, e o segundo a optar por não competir depois de ter deslocado o ombro esquerdo na qualificação, o plantel de MotoGP ficou então reduzido a 20 pilotos que disputaram o segundo Grande Prémio do ano.
Como tem sido hábito neste arranque de temporada 2025, Marc Márquez (Ducati Lenovo Team) traduziu em liderança a sua “pole position”. A dúvida estava em perceber se o oito vezes campeão mundial iria ser verdadeiramente importunado na sua caminhada triunfal rumo à quarta vitória do ano.
E, de facto, o maior adversário de Marc acabou por ser o seu irmão mais novo Alex Márquez (BK8 Gresini Racing).
Assim que os semáforos se apagaram assistimos à primeira queda da corrida do Grande Prémio da Argentina. Marco Bezzecchi (Aprilia Racing) entrou demasiado a ‘queimar’ na travagem para a primeira curva do traçado argentino, viria a tocar com violência na roda traseira da Yamaha YZR-M1 de Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), com o italiano a cair de forma aparatosa, enquanto o francês, de forma milagrosa, não caiu, mas viria a ficar com a sua corrida comprometida.
Com os irmãos Márquez a prometerem dominar novamente, tal como vimos na Tailândia e corrida Sprint do GP da Argentina, cabia a Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) tentar contrariar essas expectativas. O duas vezes campeão de MotoGP ainda tentou esboçar uma ultrapassagem a Alex, mas a sua tentativa falhou, permitindo que tanto Marc como Alex Márquez escapassem na frente da corrida.
Enquanto isso, era Johann Zarco (Castrol Honda LCR) que procurava pressionar, e muito, ‘Pecco’, que estava em claras dificuldades para aguentar o ritmo dos primeiros e tinha então de se preocupar com quem estava atrás de si e lhe queria roubar o terceiro lugar.
E, de facto, Bagnaia não encontrou argumentos para defender com sucesso essa posição. Enquanto Zarco o pressionava muito, seria, no entanto, Franco Morbidelli (Pertamina Enduro VR46), que aproveitou a performance do pneu traseiro macio, um dos poucos pilotos que optou por este composto para o pneu traseiro, para rapidamente passar pelo francês e depois repetir a manobra sobre o seu compatriota e amigo da academia VR46. ‘Franky Morbido’ estava então de regresso às posições de pódio, mas o pneu traseiro macio teria de ser gerido para durar até final.
Enquanto isso, na frente da corrida Marc Márquez ia mantendo um bom ritmo, mas um erro na abordagem à primeira curva do circuito Termas de Rio Hondo viria a permitir que Alex Márquez conseguisse assumir então a liderança. Conseguiria o mais novo dos irmãos Márquez levar a melhor sobre o irmão mais velho?
Nos momentos seguintes a esta troca de posições vimos Alex Márquez a puxar pelo ritmo da corrida do Grande Prémio da Argentina de MotoGP. Marc foi-se mantendo por perto, estando, no máximo, a uma diferença de meio segundo. Algumas tentativas falhadas de ultrapassagem permitiam a Alex ir respirando melhor na liderança, mas ficou claro que Marc Márquez tinha ainda qualquer coisa extra para desenhar um ataque final à vitória.
E foi precisamente isso que aconteceu. Já nas últimas cinco voltas desta corrida argentina de MotoGP, Marc Márquez ‘colou’se’ na traseira da Ducati do seu irmão. Até que surgiu o ataque, quando Alex iniciou a travagem mais cedo depois de percorrerem a longa reta do circuito, e Marc atrasou a travagem para facilmente o passar e reassumir a liderança.
A partir daí, vimos o piloto da Ducati Lenovo Team rapidamente abrir uma vantagem de meio segundo, que depois viria a fixar-se em 1,3 segundos na passagem pela bandeira de xadrez. Mais uma vitória que, desta feita não foi tão dominadora como vimos na Tailândia ou até na Sprint de ontem, mas que ainda assim não pareceu estar em causa, com Marc Márquez a dar indicações de que tinha sempre algo mais para dar caso fosse levado a isso.
Refira-se que com esta vitória no Grande Prémio da Argentina temos Marc Márquez a atingir as 90 vitórias em todas as categorias do Mundial de Velocidade, um número que lhe permite igualar a lenda do motociclismo, o também espanhol Angel Nieto. Neste particular convém ter em conta que o próximo piloto na ‘mira’ de Marc Márquez é Valentino Rossi com 115 vitórias, sendo que o primeiro da lista é o também lendário Giacomo Agostini com 122 vitórias em todas as categorias.
Com os dois primeiros lugares claramente definidos e ‘fechados’ pelos irmãos Márquez, a maior dúvida seria quem os iria acompanhar no pódio do Grande Prémio da Argentina.
Morbidelli tinha conseguido construir uma boa margem de segurança para Francesco Bagnaia ao longo da corrida. O italiano da Ducati Lenovo Team por sua vez tinha-se isolado da pressão de Johann Zarco, sendo que o francês viria a perder o 5º lugar mesmo na última volta para Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46).
Bagnaia conseguiu reduzir para apenas cerca de meio segundo a diferença que o separava de Morbidelli. O piloto da equipa de fábrica procurou por todos os meios conseguir fechar essa diferença, mas o seu compatriota reagiu, mesmo com o pneu macio traseiro nas últimas, e garantiu um importante pódio. Este é o primeiro pódio de Franco Morbidelli desde o Grande Prémio de Espanha de 2021. Passaram 1414 dias desde que vimos o #21 num lugar de pódio em MotoGP, que parece renascido das cinzas neste arranque de temporada 2025.
Resultados do Grande Prémio da Argentina de MotoGP
1 – Marc Márquez (Ducati Lenovo Team)
2 – Alex Márquez (BK8 Gresini Racing)
3 – Franco Morbidelli (Pertamina Enduro VR46)
4 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
5 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
6 – Johann Zarco (Castrol Honda LCR)
7 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
8 – Pedro Acosta (Red Bull KTM Factory)
9 – Joan Mir (Honda HRC Castrol)
10 – Luca Marini (Honda HRC Castrol)
Atualização: Depois da corrida, o piloto japonês Ai Ogura (Trackhouse Racing), que cruzou a meta em 8º, foi desclassificado porque a equipa utilizou na Aprilia RS-GP25 do “rookie” um software não homologado para usar em MotoGP.
Classificação de MotoGP
1 – Marc Márquez – 74 pontos
2 – Alex Márquez – 58 pontos
3 – Francesco Bagnaia – 43 pontos
4 – Franco Morbidelli – 37 pontos
5 – Johann Zarco – 25 pontos
6 – Fabio di Giannantonio – 22 pontos
7 – Brad Binder – 19 pontos
8 – Ai Ogura – 17 pontos
9 – Marco Bezzecchi – 14 pontos
10 – Pedro Acosta – 13 pontos
19 – Miguel Oliveira – 2 pontos
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