Este foi um assunto que veio vindo à baila à medida que a temporada passada se aproximava do fim: a KTM quer Marquez em 2019, diziam os rumores no paddock.
Agora os mais recentes dizem mesmo que o piloto espanhol – cujo contrato, à semelhança de todos os pilotos oficias, termina no final de 2018 – já assinou um pré-acordo com a KTM e que a sua contratação definitiva para 2019 estará apenas dependente dos resultados da equipa oficial laranja na primeira metade da temporada de MotoGP de 2018: para Marquez aceitar, um dos pilotos laranja tem que estar entre os seis primeiros do campeonato e a equipa tem que ter conquistado pelo menos um pódio. Esta condição será uma salvaguarda para Marquez ter a certeza que a moto é competitiva antes de se comprometer na assinatura do contrato.
Porém esse rumores contrariam as declarações públicas de Stefan Pierer, big boss do construtor austríaco. Citado por vários meios europeus, Pierer deixou claro que não estava interessado em Marquez, mas sim em Johann Zarco, dizendo coisas como: «Para ser honesto, quando olho para a tabela do campeonato, não consigo pensar noutro piloto senão em Zarco», ou «Marquez tem um talento único, está na sua própria liga. Mas se ele ganhar, é o Marquez, se ele perder, a culpa é da moto. Para mais, a sua contratação seria contraprodutiva para o nosso programa júnior» (entrevista aqui).
Tendo em conta o discurso de Pierer ao longo dos anos, as suas declarações não parecem mais do que atirar areia para os olhos do paddock, e a resposta à pergunta que dá título a este artigo é muito provável que seja positiva.
Porquê? Stefan Pierer foi o homem que disse em 2014 que não ia construir mais superbikes porque motos tão potentes eram demasiado perigosas para a estrada, mas depois fez a Super Duke R e 1290 Super Adventure, e que foi altamente crítico da categoria Moto2, em 2013 – «o conceito actual de quatro cilindros vai desaparecer porque é aborrecido. Acho que o promotor precisa reconhecer que são necessários um par de fabricantes, senão não é competição. Embora haja acção, onde está a atracção? Ninguém paga para a ver a Suter contra a Kalex. A jogada mais lógica seria aproveitar o conceito que têm em Moto3 (…) façamos bicilíndricas de 500 cc».
Pit Beirer, director desportivo da marca acrescentou em 2014 que «não faz muito sentido construir uma KTM com motor Honda. Nunca seria uma verdadeira KTM, por isso decidimos dar o salto e entrar nas MotoGP» -, mas acabou por fazer uma moto para a categoria inermédia, ainda por cima com motor Honda, o rival que Pierer «mais odeia»… e entraram nas MotoGP, mesmo depois de Stefan Pierer ter dito, em 2013, no blog oficial da KTM que «se olharmos para a década que aí vem, não creio que MotoGP seja tão interessante para nós, devido à quantidade de dinheiro necessária, sem grande proveito. Apenas Marquez é algo de refrescante na modalidade. Sem ele seria a categoria mais aborrecida. Para mim não há ali qualquer desafio. Nas Superbike é diferente. Se as regras levarem as coisas níveis mais baixos a acessíveis e as motos forem mais próximas do produto de produção e sem a regra das quantidades mínimas [para homologação], então pensaremos nisso» (ver blog aqui). Das duas uma, ou muda facilmente de ideias, ou é só para despistar…
Só para recordar: Marc Marquez foi piloto KTM nas suas primeiras temporadas no Mundial de Velocidade, na categoria de 125 cc, em 2008 e 2009. Para o espanhol seria assim uma espécie de regresso às origens.