Desde o arranque do Mundial de Velocidade em 1949, a história do que hoje em dia identificamos, de uma forma geral, como MotoGP, foi construída por motos de competição de diferentes formas e feitios, e, principalmente, equipadas com motores de diferentes cilindradas.
Os motores de diferentes categorias do mundial variaram entre os 50 cc e os poderosos 1000 cc atuais que são usados nos protótipos da categoria rainha. Mas entre estas duas cilindradas há muitos mais para descobrir.
Hoje em dia há rumores que apontam para mais mudanças em termos de cilindrada na categoria rainha, nomeadamente uma redução da cilindrada dos motores de MotoGP que passariam de 1000 cc para os 850 cc.
Por isso, vamos aqui revisitar um pouco da história do Mundial de Velocidade e do MotoGP, redescobrindo as diferentes cilindradas que fazem parte desta competição tão especial.
350 cc
Para além dos diferentes tipos de motores, as motos de competição do Mundial de Velocidade tiveram muitas cilindradas. Mas tudo começou quando este campeonato arrancou em 1949, então com motos equipadas com motor de 350 cc que, claro, atualmente já não se utiliza.
A primeira corrida do então recém-criado Campeonato do Mundo de Motociclismo realizou-se a 13 de junho de 1949 na Ilha de Man. Esta categoria 350 cc desapareceu em 1982.
Nesta cilindrada encontramos como pilotos que foram campeões nomes, entre outros, como John Surtees, Jim Redman, Mike Hailwood e Giacomo Agostini, a lenda italiana que inclusivamente chegou mesmo a conquistar 7 títulos com motos desta categoria.
Nesta época existiram motores de um a vários cilindros, com potências que podiam ir dos 30 aos mais de 60 cv.
250 cc
Aquela que foi a categoria intermédia até há poucos anos, e percursora da atual categoria Moto2, começou a sua vida no Mundial de Velocidade em 15 de junho de 1949 no mesmo cenário onde dois dias antes tinha acontecido a primeira corrida das 350 cc. A última corrida desta categoria realizou-se a 8 de novembro de 2009 no Grande Prémio de Valência.
Ainda assim, a cilindrada de 250 cc viria a regressar ao Mundial de Velocidade, então com um novo nome, Moto3. Isto aconteceu em 2012 por altura em que os responsáveis do campeonato decidiram terminar com as antigas 125 cc a dois tempos como categoria de iniciação no mundial, trocando-as pelas modernas 250 cc a quatro tempos que hoje vemos em pista.
Os motores desta cilindrada passaram por diferentes fases. Começaram por motores de quatro tempos e monocilíndricos, chegando-se a ver em pista motores de seis cilindros paralelos, terminando nos bicilíndricos a dois tempos mais recentes.
Em termos de potência, as motos do Mundial de Velocidade que utilizaram esta cilindrada apresentaram potências que variaram entre os pouco mais de 30 e os quase 90 cavalos.
500 cc
A 17 de junho de 1949, e a finalizar a semana que assinalou o arranque do Mundial de Velocidade, realizou-se então aquela que foi a primeira corrida da categoria rainha, sempre na Ilha de Man. Esta cilindrada manteve-se de forma ininterrupta no mundial até 2002, quando as últimas 500 cc a dois tempos enfrentaram e coabitaram em pista com as então novas 990 cc a quatro tempos da era MotoGP.
Originalmente as motos desta categoria tinham motores monocilíndricos a quatro tempos que disponibilizavam cerca de 50 cv de potência, mas com o passar dos anos, a evolução destes motores e da categoria levou a que a potência aumentasse de forma espetacular.
Chegámos a ter motores de até seis cilindros, com a passagem aos dois tempos, motores de dois e quatro cilindros em V e potência que chegava a ultrapassar a marca dos 200 cv!
Também a categoria de Sidecars, que se disputou num período inicial do Mundial de Velocidade usou motores de quatro e dois tempos com estes 500 cc, desde 1951, com configurações de cilindros em linha, em V ou do tipo boxer. Antes disso usavam motores de 600 cc.
125 cc
A 3 de julho de 1949 realizou-se no Grande Prémio da Suécia aquela que viria a ser durante muitos anos a categoria “inferior” do Mundial de Velocidade, até à chegada das 50 cc. A cilindrada de 125 cc foi usada no campeonato até 2011, sendo depois substituída pela categoria Moto3 com motores de 250 cc.
A potência destes motores passou dos 15 cavalos inicialmente para os cerca de 50 cv, sendo que os motores foram também sendo de diferentes tipos: mono e multicilindros, tal como de dois e quatro tempos.
50 cc
A 1 de maio de 1962 durante o Grande Prémio de Espanha disputado no circuito de Montjuich, estreou-se a categoria com motos equipadas com motores de cilindrada de 50 cc. A mais pequena cilindrada alguma vez usada no Mundial de Velocidade.
Esta cilindrada manteve-se no campeonato de forma ininterrupta até 1983. Tal como aconteceu com as restantes categorias, também as 50 cc sofreram uma grande evolução durante os anos em que foram usadas no campeonato. Motores monocilíndricos e bicilíndrico começaram com potências de mais baixas do que 10 cavalos e foram subindo até aos 20 cavalos.
Esta evolução contínua obrigou os fabricantes a desenvolverem e usarem caixas de velocidades com muitas relações, de forma a conseguirem aproveitar a pequena margem de potência gerada pelos motores de 50 cc. Chegou-se a ver em pista caixas com mais de 10 velocidades.
Um piloto em destaque nesta categoria foi Ángel Nieto, que conquistou nada menos do que seis títulos.
80 cc
Substituindo as 50 cc, esta categoria teve a sua primeira corrida em 1984 e foi usada até 1989, sendo, por isso, a categoria com menos anos de atividade no Mundial de Velocidade.
Os motores monocilíndricos a dois tempos usados com esta cilindrada tinham a capacidade de gerar potências em torno dos 30 cavalos às 14.000 rpm.
Dois seis títulos disputados em 80 cc, metade foram conquistados por Jorge Martinez Aspar aos comandos de uma Derbi GP 80.
990 cc
Em 2002 as regras do Mundial de Velocidade da categoria rainha mudaram, introduzindo os motores a quatro tempos de 990 cc por troca com as “poluentes” (e saudosas!) 500 cc a dois tempos.
Desde esse ano e até 2006, a nova categoria MotoGP utilizou esta cilindrada, a maior cilindrada usada até então no Mundial de Velocidade. Os motores de quatro e cinco cilindros, como o que foi o usado pela Honda na exótica RC211V, quase fizeram esquecer as míticas 500 cc.
O primeiro campeão das 990 cc foi Valentino Rossi e o último o americano Nicky Hayden. Ambos em motos da Honda.
No início os motores a quatro tempos com esta cilindrada rendiam potências de cerca de 210 cv, mas no último ano em que disputaram o Mundial de Velocidade as motos de MotoGP chegavam a mais de 260 cv!
A evolução vista nestes anos de motores com 990 cc assinalou um antes e um depois na categoria rainha, particularmente em termos de uso de sistemas eletrónicos para ajudar os pilotos a gerir a enorme potência gerada pelos motores.
800 cc
Em 2007 as regras voltaram a mudar, e a categoria MotoGP desceu para os 800 cc. O primeiro campeão foi Casey Stoner com uma Ducati, com todos os fabricantes a verem-se obrigados a reformular por completo os motores, que passaram a ser de quatro cilindros em linha ou em V.
A potência gerada pelos motores de 800 cc baixou para os 220 cv, mas, claro, os fabricantes conseguiram evoluir os motores de forma a encontrar mais potência que no final da sua era chegou aos cerca de 230 cv.
Um ponto importante a destacar durante este período foi a utilização mais pronunciada de sistemas de gestão eletrónica, a introdução das famosas caixas de velocidade “seamless”, e ainda válvulas de acionamento pneumático. Estes fatores ajudaram a que os tempos por volta conseguidos com as 800 cc fossem equiparados aos tempos obtidos pelas poderosas 990 cc.
Casey Stoner foi também o último campeão das “oitocentos”, mas aos comandos de uma Honda RC212V.
Moto2 600 e 765 cc
Em 2010 desapareceu a categoria intermédia 250 cc em favor das mais modernas e “amigas do ambiente” Moto2. Uma categoria onde as equipas participantes são livres de escolher as carenagens e quadros, mas que obrigatoriamente utilizam o mesmo motor.
No início, o motor usado por todas as equipas era o Honda quatro cilindros em linha de 600 cc, que a marca japonesa utiliza ainda hoje na supersport CBR600RR de estrada. Este motor rendia cerca de 125 cv. Em 2019 as regras alteraram e o fornecedor único dos motores passou a ser a Triumph, que entrega às equipas de Moto2 um tricilíndrico capaz de gerar cerca de 140 cv de potência extraídos de 765 cc.
O atual motor de Moto2 deriva do motor que podemos encontrar nas Triumph Street Triple 765 de estrada.
Em termos históricos, chegou a existir uma cilindrada de 750 cc nos anos 70 do século passado. Mas oficialmente esta cilindrada nunca integrou o Mundial de Velocidade.
Moto3 250 cc
Tal como já referimos, em 2012 as 125 cc a dois tempos foram substituídas pela nova categoria Moto3. Aquela que é a mais pequena hoje em dia do mundial.
Por regulamento, os motores de Moto2 são monocilíndricos de 250 cc e a quatro tempos. Apresentam ainda limitações ao nível do uso de eletrónica, rotações máximas e outros componentes mecânicos, pelo que a potência destas motos será de cerca de 50 cv.
MotoGP 1000 cc
Na categoria rainha assistimos em 2012 a nova mudança de regulamento. As 800 cc foram, ao contrário do que se esperava, e de um ponto de vista comercial, pois os fabricantes não tinham modelos de estrada com motores dessa cilindrada, uma desilusão. Assim, a categoria rainha MotoGP voltou a subir de cilindrada, desta feita para os 1000 cc, que ainda hoje são usados como limite.
Os motores usados atualmente são de quatro cilindros em linha ou em V. A potência gerada por estes motores “mil” é desconhecida, mas as estimativas apontam para potências que variam entre os 260 cv e os mais de 300 cv!
Claro que isso, em conjunto com uma série de outros fatores, como eletrónica e aerodinâmica, permite às MotoGP atuais superarem velocidades máximas inacreditáveis de mais de 360 km/h!
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a par de todas as novidades de MotoGP e com especial destaque para as prestações do piloto português Miguel Oliveira. A não perder!