MotoGP na mira do fisco

O fisco espanhol quer tributar todos os pilotos face aos rendimentos obtidos nas provas em Espanha.

É por todos conhecida a ‘paixão’ que o fisco espanhol (Agencia Tributária) tem pelos desportistas sejam eles espanhóis ou apenas atletas de clubes do país. O caso mais mediático dessa ‘atenção’ foi naturalmente Cristiano Ronaldo numa história que todos conhecem.

Os pilotos de MotoGP não escapam igualmente a este ‘amor’ e depois de Marc Marquez ter sido quase condenado em ‘praça pública’ quando no final de 2014 afirmou tencionar viver em Andorra devido á menor carga fiscal – o piloto da Honda chorou mesmo numa conferência de imprensa onde anunciou que não o faria – mantendo-se ao lado de Joan Mir e Tito Rabat como os único espanhóis em MotoGP que tributam os seus rendimentos no seu país.

Na passada sexta-feira foi Jorge Lorenzo – que tem residência na Suiça tal como Dani Pedrosa – que recebeu logo pela manhã a visita dos homens do fisco que se dirigiram á ‘motorhome’ do maiorquino para realizarem uma inspecção aos dias de entrada e saída em Espanha para esclareceram se o mesmo cumpre com os requisitos exigidos para não tributar os seus rendimentos no país (menos de metade do ano no país, ou seja, 182 dias). Os suiços obrigam a pelo menos 90 dias de permanência no seu território e fiscalizam mesmo as facturas de água e luz, chegando igualmente a analisar a quilometragem dos veículos privados de forma a assegurar que as residências não são apenas virtuais.

A residir em Lugano desde 2013, na altura para estar mais perto da sede italiana da Yamaha e também próximo do aeroporto de Milão, o maiorquino foi assim novamente visitado pelo fisco, que já em 2007 o penalizou devido a um alegado falso domicilio em Inglaterra criado pelo seu manager da altura Dani Amatriain. Andorra é o território preferido de muitos dos pilotos de MotoGP para aí fixarem a sua residência, como é o caso dos irmãos Espargaró, Alex Rins ou Maverick Viñales, aos quais se juntam Bradley Smith e Jack Miller, pois aí a tributação anual não excede os 10% face aos 55% que teriam que pagar em Espanha.

Um regresso do fisco ao ‘paddock’ depois de no ano passado as finanças alemãs obrigou a que todas as equipas de MotoGP pagassem impostos sobre os rendimentos gerados durante o fim‑de‑semana do evento referentes aos últimos dez anos. Algumas estruturas foram forçadas a pagar até 1.3 milhões de euros face aos rendimentos não declarados.

A Agencia Tributária está actualmente a estudar uma forma de tributar todos os pilotos sobre os seus rendimentos obtidos em solo espanhol, pois quatro provas do campeonato são realizadas em solo espanhol. Uma questão que tem levantado algum burburinho no paddock, mas para já muito pouca poeira.