MotoGP – Pilotos sem bónus por vitória nas corridas Sprint?

A estreia das corridas Sprint em MotoGP será uma revolução e os pilotos querem saber se as equipas vão pagar bónus por vitória.

A temporada 2023 será uma verdadeira revolução na forma como os fãs assistem a um fim de semana de Grande Prémio de MotoGP, devido à estreia das corridas Sprint mais curtas ao sábado à tarde e com metade da pontuação, mas também à forma como os pilotos olham para a sua conta bancária. Em particular no caso de vitória numa corrida de Sprint.

Apesar de ninguém falar abertamente sobre o tema de ordenados e respetivos bónus inscritos nos contratos entre pilotos de MotoGP e respetivas equipas, é do conhecimento geral que as equipas aceitam pagar um bónus aos seus pilotos que melhores prestações conseguem obter em corrida.

Uma vitória será, obviamente, o resultado que garante um bónus mais chorudo, mas outros resultados como segundo ou um terceiro lugar em corrida também contam. Para além dos resultados em corridas temos ainda as classificações no final da temporada, como explicou Jack Miller antes da corrida final de 2022 em Valência, referindo-se então a meio milhão de euros que poderia vir a receber.

motogpMas para o interesse deste artigo, o que está aqui em causa é o bónus pago aos pilotos que vencem ou terminam no pódio. A performance em cada corrida.

Com a introdução das corridas Sprint os pilotos vão ter de enfrentar um total de 42 corridas ao longo da temporada 2023 de MotoGP. Dobro das corridas por temporada, dobro das possibilidades de conquistar alguns milhares de euros em bónus por vitória.

Porém, como explica o empresário bem conhecido do paddock do Mundial de Velocidade, Carlo Pernat, em declarações ao portal italiano GPOne, as equipas da categoria rainha não parecem dispostas a pagar aos seus pilotos o bónus referente a uma vitória numa corrida de Sprint.

De acordo com o empresário italiano, muitas vezes controverso pelas suas opiniões, mas que representa pilotos de renome como Enea Bastianini, a questão do não pagamento de bónus é uma questão que “Está a deixar os pilotos bastante chateados, e têm razão. Se vão fazer uma corrida com metade da distância, deveriam receber metade do bónus por vitória, mas as equipas não parecem escutar os pilotos. Isto poderá tornar-se num problema”.

motogpPernat refere mesmo que existem já conversas entre empresários, citando os nomes de Albert Valera e Giovani Balestra, como forma de se unirem e dialogarem com as equipas a uma só voz, todos a “remar no mesmo sentido” e garantirem assim que os seus pilotos são recompensados pelo esforço e resultados obtidos nas corridas Sprint de MotoGP.

Sem receio de apontar o dedo aos culpados por este mal-estar entre pilotos e equipas, Carlo Pernat refere mesmo que a culpa desta situação é da Dorna, liderada por Carmelo Ezpeleta. Recordamos que a ideia da introdução de corridas de Sprint na categoria rainha partiu do organismo que faz a gestão do campeonato, em conjunto com a associação internacional de equipas e ainda a Federação Internacional de Motociclismo.

O objetivo destas três entidades foi gerar mais tempo de corrida durante um fim de semana de Grande Prémio, e garantir que as audiências televisivas sobem, mas também tentar contrariar a quebra no número de fãs nas bancadas dos circuitos.

O empresário italiano diz mesmo que “A Dorna decidiu tudo isto por instinto em vez de pensar com calma e falar com todas as partes para prever qualquer problema. Deveriam ter avaliado tudo, e depois anunciar em novembro, já com a temporada terminada”.

Esta ideia que a decisão de introduzir as corridas Sprint em MotoGP foi demasiado apressada já não é novidade.

Recordamos que no momento em que Carmelo Ezpeleta (Dorna), Jorge Viegas (FIM) e Hervé Poncharal (IRTA) anunciaram este novo formato de Grande Prémio para 2023, muitos foram os pilotos que questionaram se esta era a decisão certa, e porque é que não tinham sido ouvidos sobre o assunto pois são os pilotos que têm de competir.

De facto, durante a conferência de imprensa que anunciou as corridas Sprint, um jornalista questionou o líder máximo da Dorna sobre o tema, e a reação de Ezpeleta deu bastante que falar ao mostrar-se bastante inflexível sobre a forma como gere os destinos do campeonato, e especificamente se deveria ter falado com os pilotos antes de tomarem a decisão.

E se poderíamos pensar que ao falar de bónus por vitória em MotoGP estamos a falar de algumas centenas de euros, a verdade é que, apesar dos valores não serem confirmados a nível oficial, estamos a falar de bónus de valor bastante superior. Os rumores de paddock adiantam mesmo que a Ducati paga aos seus pilotos de fábrica um valor de 100.000 euros por vitória!

A ideia dos pilotos, adiantada por Carlo Pernat, é de que se numa corrida normal ao domingo o piloto pode receber esse bónus de 100.000 euros, numa corrida de Sprint, com metade da distância a percorrer, os pilotos devem receber metade do bónus, o que no caso dos pilotos Ducati deveria ser 50.000 euros.

Veremos como é que esta situação entre pilotos e equipas de MotoGP se vai resolver. Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos continuar a acompanhar de perto a evolução deste caso de bónus que os pilotos querem receber também nas corridas Sprint.