Participar numa competição como é o caso do MotoGP é algo que os grandes fabricantes de motos desejam. Quer pela necessidade que sentem em bater os fabricantes rivais, quer pelo prestígio associado a competir na categoria rainha. Porém, nem sempre é possível manter-se nesta competição milionária. E isso mesmo é o que defende Toshihiro Suzuki, o presidente da Suzuki.
A casa de Hamamatsu abandonou o MotoGP no final da temporada 2022. E fê-lo em grande estilo, com Alex Rins a dar uma despedida de apoteose ao protótipo GSX-RR, com duas vitórias nas últimas corridas do ano antes da marca japonesa abandonar a competição.
Recordamos que, na altura, a Suzuki justificou a saída da competição com motivos financeiros e necessidade de focar as suas atenções nos modelos de estrada que possam ser, realmente, desfrutados pelos motociclistas em todo o Mundo.
Agora, e quando estamos a dois anos da entrada em vigor de um novo conjunto de regulamentos técnicos que irá revolucionar o MotoGP, surgiram rumores de que a Suzuki poderia estar a planear o regresso à categoria rainha.
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Um regresso da marca campeã em 2020 seria certamente um grande motivo de interesse para todos os fãs, não apenas da Suzuki, mas deste desporto de uma forma mais global.
Em reação aos rumores, o presidente do conselho de administração da Suzuki Motor Co., Toshihiro Suzuki, decidiu clarificar qual é a estratégia da sua marca no que ao MotoGP diz respeito.
O responsável máximo pela casa japonesa refere que “Vencer em MotoGP foi sempre muito importante para nós. Contudo, conta pouco se depois não tivermos uma gama de modelos (de estrada) completa e articulada para oferecer a todos os motociclistas. Eu penso que neste momento não nos encontramos nessa posição”, começou por referir no Salão de Milão EICMA a diversos meios de comunicação italianos, para depois reforçar que “Para nós é importante disponibilizar rapidamente uma completa gama de produtos que possa satisfazer todos os motociclistas. Depois, se tudo correr pelo melhor, regressaremos à competição. E regressaremos para vencer!”, vincou.
Esta posição do presidente da Suzuki Motor Co. já tinha sido transmitida à Revista Motojornal durante a apresentação nacional da GSX-8R.
Nesse evento, o responsável máximo do importador nacional, o grupo Moteo, confirmou-nos que no curto ou médio prazo não existem planos para participação da marca na categoria rainha ou um regresso a outras competições como o Mundial Superbike. O foco está claramente centrado no desenvolvimento de modelos de estrada adaptados às necessidades reais dos motociclistas, e não tanto no mundo da competição.
E, claro que, se estamos a falar de competição e que a justificação para a participação em MotoGP é a existência de motos desportivas que os motociclistas possam comprar nos concessionários Suzuki, então temos de falar na GSX-R1000.
A superdesportiva japonesa deixou de ser comercializada na Europa ou Japão devido às novas regras de homologação. Curiosamente, continua a ser possível adquirir uma ‘Gixxer’ nos Estados Unidos. A marca não atualizou o motor quatro cilindros em linha (e outros componentes) para ser mais ‘amigo do ambiente’.
Porém, deste mundo da competição vem uma boa notícia relacionada com a superdesportiva e, em última análise, com o MotoGP: a GSX-R1000R competiu nas 8 Horas de Suzuka do Mundial de Resistência FIM através de um projeto especial, ecológico, com muitos componentes, óleos e lubrificantes, pneus e até combustível, tudo fabricado com materiais ou matérias sustentáveis.
O sucesso desse projeto especial das 8 Horas de Suzuka, em que a GSX-R1000R ‘ecológica’ conseguiu terminar num excelente 8º lugar, deixa Toshihiro Suzuki entusiasmado com o futuro, referindo que “É um desafio a 360 graus este desafio relacionado com a sustentabilidade. Mas acredito que estamos capazes de demonstrar que sim, pode-se fazer, mesmo seguindo caminhos alternativos à mobilidade totalmente elétrica. É por isso que estou orgulhoso do 8º lugar que conseguimos. Este tipo de eventos é uma oportunidade única para testar componentes de zero emissões, tendo em vista o futuro”.
E se o futuro parece risonho para uma GSX-R1000 “eco-friendly”, conforme sublinhado pelo presidente da marca, então talvez se possa sonhar com o regresso da superdesportiva aos concessionários.
E esse será o sinal a que teremos de estar atentos pois poderá significa que a Suzuki regressará ao MotoGP, precisamente num momento em que o campeonato segue um caminho mais sustentável e amigo do ambiente.
Mas quando é que isso poderá tornar-se realidade? Toshihiro Suzuki não cede às pressões e mantém-se firme no seu discurso sem definir qualquer meta temporal:
“Neste momento existem novas regulamentações e normativas que temos de respeitar. E a Suzuki está a trabalhar para as respeitar, adaptando os nossos modelos para reentrar nos valores (de homologação). Porém, posso garantir que faremos o nosso melhor para desenvolver motos desportivas que não só respeitem as normas, mas que sejam verdadeiramente divertidas de conduzir”.
Por tudo isto, neste momento falar em regresso da Suzuki ao MotoGP é apenas um desejo, ou um sonho para muitos fãs. Na realidade os responsáveis da marca japonesa, a começar pelo seu presidente, continuam focados na expansão e consolidação das motos de estrada.
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