MotoGP – Vinte anos de emoções fortes!

Em 2022 completam-se vinte anos desde o começo da era moderna da categoria rainha MotoGP. Recordamos os campeões, as equipas e momentos marcantes.

Talvez passe quase despercebido, até mesmo aos adeptos mais fanáticos do Mundial de Velocidade, mas em 2022 completam-se vinte anos da era moderna da categoria rainha. Foi em 2002 que as mais altas esferas que regem os destinos do mundial decidiram introduzir a categoria MotoGP que veio substituir as saudosas 500 cc a dois tempos.

Num mundo em mudança e a abraçar uma mentalidade mais amiga do ambiente, a introdução dos motores a quatro tempos significou o fim dos motores a dois tempos. De 500 cc passámos a ter 990 cc na primeira geração das MotoGP. Uns anos mais tarde, em 2007 mais precisamente, chegaram as MotoGP com 800 cc. E depois vimos a cilindrada aumentar novamente, mas desta feita com um limite de 1000 cc, que ainda se mantém.

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Ao longo dos vinte anos desde a criação da categoria MotoGP vimos muitos pilotos competir. Alguns tiveram a sorte de ficarem para a história da categoria como campeões do mundo! Outros brilharam, mas nunca conseguiram alcançar esse ambicionado título.

Mas não foram apenas pilotos que brilharam nas últimas duas décadas. Diversos fabricantes tentaram a sua sorte, sendo que alguns permanecem no ativo ou regressaram, outros fizeram a sua estreia na era MotoGP, enquanto outros simplesmente abandonaram a competição.

MotoGPPilotos que foram campeões de 2002 a 2021

Valentino Rossi – 6 títulos – 2002, 2003, 2004, 2005, 2008, 2009

Marc Márquez – 6 títulos – 2013, 2014, 2016, 2017, 2018, 2019

Jorge Lorenzo – 3 títulos – 2010, 2012, 2015

Casey Stoner – 2 títulos – 2007, 2011

Nicky Hayden – 1 título – 2006

Joan Mir – 1 título – 2020

Fabio Quartararo – 1 título – 2021

Títulos de construtores de MotoGP – 2002 a 2021

Honda – 12 títulos – 2002, 2003, 2004, 2006, 2011, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017, 2018, 2019

Yamaha – 5 títulos – 2005, 2008, 2009, 2010, 2015,

Ducati – 3 títulos – 2007, 2020, 2021

Fique a conhecer os detalhes dos campeonatos de MotoGP desde 2002 até 2021

MotoGP2002

No ano de estreia das MotoGP com 990 cc, Valentino Rossi era o campeão em título na categoria rainha. Um título que o tornou no último piloto a ser campeão nas 500 cc.

O astro italiano, então inserido na equipa Repsol Honda, terminou o primeiro ano das MotoGP com 355 pontos. Rossi dominou por completo em 2002, e nem mesmo Max Biaggi (Marlboro Yamaha Team) conseguiu impedir o compatriota de festejar o título ao somar “apenas” 215 pontos. O terceiro classificado nesse ano foi o japonês Tohru Ukawa (Repsol Honda) com 209 pontos.

Em termos de fabricantes, este ano de estreia das MotoGP ficou marcado pela presença de um total de 6 construtores: Honda, que naturalmente foi campeã, Yamaha, Suzuki, Proton KR, Aprilia e ainda a Kawasaki.

Quanto às equipas, a campeã foi a Repsol Honda seguida da Marlboro Yamaha Team e com a West Honda Pons a fechar o pódio nesta classificação.

2003

MotoGPEste foi o último ano de Valentino Rossi na Repsol Honda. Mas “Il Dottore” despediu-se da Honda com mais um título, o seu segundo consecutivo em MotoGP. O binómio Rossi + Honda era imparável, ou perto disso, e a classificação final do campeonato revela bem todo o seu domínio: Rossi foi campeão com 357 pontos, e teve em Sete Gibernau (Telefonica Movistar Honda) o seu mais direto rival mas com apenas 277 pontos o espanhol ficou longe de poder sagrar-se campeão. O terceiro melhor classificado em 2003 foi Max Biaggi (Camel Pramac-Pons Honda).

Nos construtores, este ano viu a chegada de mais uma marca ao MotoGP. A Ducati entrou em cena, mas foi a Honda que festejou mais um título de construtores. Neste ano competiram ainda Yamaha, Suzuki, Kawasaki, Aprilia e a Proton KR para um total de 7 marcas diferentes na categoria rainha.

Quanto à classificação por equipas, a Repsol Honda venceu o título seguida da Camel Pramac-Pons Honda e com a estreante Ducati Marlboro Team a terminar num promissor terceiro lugar.

2004

MotoGPDepois de muitos anos ligado à Honda, Valentino Rossi, então “fresco” de conquistar o título, decide deixar a Repsol Honda e aceitar o enorme desafio proposto pela maior rival. Rossi liderou o projeto da marca de Iwata inserido na equipa Gauloises Fortuna Yamaha. Muitos não acreditavam que fosse conseguir lutar contra a “todo o poderosa” Honda.

Mas Rossi começa o ano com a vitória na África do Sul, surpreendendo tudo e todos. Com nove vitórias na sua conta pessoal, Valentino Rossi foi novamente campeão mantendo a invencibilidade intacta na era moderna MotoGP. Fechou o ano com 304 pontos, Sete Gibernau (Telefonica Movistar Honda) foi segundo com 257 pontos, enquanto Max Biaggi (Camel Honda) voltava a ser terceiro com 217 pontos.

Nos construtores, a quantidade de marcas presentes em MotoGP aumentou para nada menos do que 9! Este foi o ano em que participaram, para além das sete marcas que referimos anteriormente, a Harris WCM e ainda a Moriwaki. A Honda venceu o título de construtores, a Yamaha ficou pouco atrás em segundo e a Ducati em terceiro.

Na classificação das equipas, a Gauloises Fortuna Yamaha sagrou-se campeã com 421 pontos, batendo a Telefonica Movistar e a Camel Honda.

2005

Neste ano algumas coisas mudaram na categoria rainha MotoGP. No entanto, Valentino Rossi e a Yamaha continuaram a dominar. O italiano voltou a ser coroado campeão terminando o ano com 367 pontos, enquanto Marco Melandri (Movistar Honda MotoGP) sagrou-se vice-campeão com 220 pontos. O “top 3” ficou completo com o americano Nicky Hayden (Repsol Honda).

Em pista as batalhas eram até ao fim! Que o diga Sete Gibernau que teve um encontro imediato com Valentino Rossi na última curva do circuito de Jerez. Um momento que todos os fãs se recordam, certamente.

Para além do segundo título de pilotos, a Yamaha finalmente celebrou o título de construtores destronando a Honda dessa posição. A Ducati voltou a fechar a temporada no terceiro lugar. O número de marcas presentes em MotoGP baixou para 8, devido à saída da Aprilia. Por outro lado, a Harris WCM foi substituída pela Blata.

Nas equipas, e sem grande surpresa, a Gauloises Yamaha Team foi a campeã com 546 pontos somados, enquanto a Repsol Honda voltou aos lugares cimeiros ao ser segunda classificada. O pódio de equipas ficou completo esse ano com a presença da Movistar Honda MotoGP.

2006

Desde a introdução do MotoGP e das 990 cc a quatro tempos, que a categoria rainha apenas conhecia um campeão. Porém, em 2006, as emoções estiveram ao rubro até ao final do campeonato no Grande Prémio da Comunidade Valenciana. Mas o circuito do Estoril, que nesse ano acolheu a penúltima ronda do campeonato, também teve muito que contar!

No traçado português, Dani Pedrosa e Nicky Hayden, que estava em disputa com Rossi pelo título, envolveram-se numa queda conjunta que deixou os dois pilotos da Repsol Honda fora de ação. O Grande Prémio de Portugal tinha então tudo para ajudar Rossi a amealhar muitos pontos de vantagem para Hayden a caminho da última corrida em Valência. Mas no Estoril, Toni Elias (Fortuna Honda), fez, talvez, aquela que foi a corrida da sua vida!

O espanhol lutou com Valentino Rossi (Camel Yamaha Team) até à linha de meta. Os dois cruzaram a meta do Estoril separados por apenas duas milésimas! A vitória no “photo finish” caiu para Elias, que assim ofereceu a Fausto Gresini aquela que seria a última vitória da estrutura Gresini durante muitos anos. Uma “seca” de vitórias que terminou em grande estilo em 2022 com Enea Bastianini a vencer o Grande Prémio do Qatar.

Na última corrida em Valência, Rossi tinha tudo para se sagrar novamente campeão. Mas os astros estavam alinhados para favorecer Nicky Hayden, que aproveitou inclusivamente a queda de Rossi no Ricardo Tormo para assim celebrar o seu primeiro e único título de MotoGP.

O “Kentucky Kid” sagrou-se campeão com 252 pontos somados, mais cinco do que Valentino Rossi. De repente os pontos perdidos no Estoril fariam toda a diferença! O terceiro classificado neste ano foi Loris Capirossi (Ducati Marlboro Team).

No campeonato dos construtores, a Honda voltou a vencer e deixou em segundo lugar a rival Yamaha. Por seu lado, a Ducati continuava a crescer em termos competitivos, e o terceiro lugar nesta classificação de MotoGP era disso um bom exemplo. Em 2006 competiram na categoria rainha 7 construtores: Honda, Yamaha, Ducati, Suzuki, KR211V, Kawasaki e ainda a Ilmor X3.

Nas contas da classificação das equipas, a Repsol Honda estava novamente no topo e sagrou-se campeã, a Camel Yamaha Team foi segunda classificada e o pódio ficou completo com a presença da Ducati Marlboro Team.

2007

Se as 990 cc eram motos que impunham respeito, a introdução da cilindrada 800 cc em 2007 significou uma mudança de paradigma em MotoGP. E quando existe uma mudança deste tipo, por norma verificam-se alterações no equilíbrio do poder numa classe tão competitiva como MotoGP.

Nesta segunda geração das MotoGP com menor cilindrada, o primeiro dominador foi Casey Stoner aos comandos de uma Ducati. O fabricante italiano soube explorar os novos regulamentos, e criou, pela mente de Filippo Preziosi, uma moto altamente competitiva e equipada com pneus Bridgestone que permitiam a Stoner pilotar de uma forma assombrosa!

O piloto australiano foi campeão de forma natural. Foi o único piloto a pontuar em todas as corridas dessa temporada de MotoGP, venceu nada menos do que 10 Grandes Prémios, e assim fechou com “chave d’ouro” o seu primeiro título. Dani Pedrosa (Repsol Honda) foi o segundo classificado e Valentino Rossi voltava a ver escapar o título ao ser terceiro classificado.

Ao nível dos construtores tivemos neste ano a presença de menor número de fabricantes. Seis foram os que se apresentaram para competir: Ducati, que foi campeã, Honda, Yamaha, Suzuki, Kawasaki e ainda a KR211V.

Nas equipas a Ducati Marlboro Team dominou e claro que fechou o “triplete” para a marca italiana, seguida da Repsol Honda e da Rizla Suzuki.

2008

Depois de dois anos sem ser campeão, Valentino Rossi, agora na equipa Fiat Yamaha, estava novamente ao ataque. Pese embora o campeão em título Casey Stoner tenha começado o ano a vencer no Qatar, Rossi fechou a temporada com 9 vitórias e foi segundo classificado em corrida por outras cinco vezes.

Foi assim que “Il Dottore” fechou o sexto título na categoria rainha, o quinto em MotoGP. Rossi termina a temporada com um total de 373 pontos contra os 280 pontos de Casey Stoner. Dani Pedrosa (Repsol Honda) fecha o “top 3” ao somar 249 pontos.

Para a Yamaha foi novamente um ano de glória, pois ao título de piloto somou ainda os títulos de construtor e equipas, com a Fiat Yamaha a superiorizar-se à Repsol Honda e Ducati Marlboro.

Mas o mundo fora da competição estava a atravessar uma crise, e isso refletiu-se também no número de marcas que participaram em MotoGP no ano de 2008: Yamaha, Ducati, Honda, Suzuki e Kawasaki. Apenas cinco fabricantes.

2009

A equipa Fiat Yamaha tinha na sua estrutura Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, o aspirante a campeão. Os dois companheiros de equipa da Yamaha lutaram sem dar tréguas, e proporcionaram verdeiros momentos épicos de condução. Quem não se recorda da batalha emocionante na Catalunha?

Essa vitória no traçado catalão talvez tenha dado a Rossi a força necessária para manter maior consistência de resultados até final da temporada. O italiano voltou a sagrar-se campeão de MotoGP, a sétima vez na categoria rainha e sexta na era MotoGP. Rossi fecha o título com 306 pontos contra 261 de Jorge Lorenzo. Dani Pedrosa (Repsol Honda) voltava a ser o terceiro melhor piloto no final da temporada.

Com o número de fabricantes a manter-se inalterado neste ano (5 marcas), a grande vencedora foi a Yamaha que bateu a Honda e a Ducati. Já nas equipas, a Fiat Yamaha voltou a ser superior às restantes, batendo a Repsol Honda e a Ducati Marlboro Team. Este foi mais um ano de glória para Rossi e para a Yamaha, que garantiram novo “triplete” em MotoGP.

2010

Neste ano, e após 18 Grandes Prémio realizados, a Yamaha garantiu um novo “triplete” ao conquistar todos os títulos em disputa em MotoGP. Porém, e ao contrário do que tinha sucedido até então, o campeão de pilotos foi o espanhol Jorge Lorenzo que fecha a temporada com nada menos do que 9 vitórias e sendo segundo classificado em outras cinco corridas.

O segundo classificado em 2010 foi Dani Pedrosa e Valentino Rossi o terceiro.

Desta forma, Lorenzo, para além de ser campeão pela primeira vez em MotoGP, oferece à Yamaha o título de construtores num ano em que apenas quatro fabricantes participam – Yamaha, Honda, Ducati e Suzuki – e com a Fiat Yamaha a celebrar novamente o título de equipas batendo a Repsol Honda e a Ducati Team.

2011

Nesse ano alguns dos melhores pilotos de MotoGP decidem mudar de equipa. Casey Stoner deixa a Ducati Team e assina pela Repsol Honda, equipa que estava desde 2006 sem vencer o título de pilotos. E a chegada do australiano à marca japonesa teve um impacto imediato!

Stoner venceu 10 corridas em 18 realizadas na temporada 2010. Naturalmente foi campeão, o seu segundo título em MotoGP, e fez com que a Repsol Honda voltasse ao topo da categoria rainha do motociclismo de velocidade.

O seu maior rival pelo título foi Jorge Lorenzo (Yamaha Factory Racing) que tinha assumido o papel de principal piloto da equipa de fábrica da casa de Iwata após a saída de Valentino Rossi. O terceiro classificado no campeonato foi Andrea Dovizioso que formava parte do trio de pilotos da Repsol Honda. Além de Stoner e Dovizioso, também Dani Pedrosa competia nesta equipa. Uma situação pouco habitual.

Para muitos fãs de MotoGP, a passagem de Valentino Rossi para a Ducati Team era o realizar de um sonho. Particularmente para os adeptos italianos. Ver um piloto italiano levar a Ducati ao título em MotoGP era o cumprir um ciclo que se tinha iniciado há muitos anos. Mas a passagem de Rossi pela Ducati não foi de sucesso, e o sonho rapidamente se transformou em pesadelo.

Ao nível dos construtores, voltámos a ter apenas quatro marcas envolvidas a nível oficial em MotoGP. Honda, Yamaha Suzuki e Ducati. A Honda foi a campeã, e viu também a Repsol Honda levantar o troféu de equipas batendo a Yamaha Factory Racing e a Ducati Team. O “triplete” desta feita ia para a Honda.

2012

Este foi o ano em que se iniciou aquilo que podemos chamar de terceira geração do MotoGP. A Dorna e a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) optaram por aumentar a cilindrada dos protótipos de MotoGP colocando o limite nos 1000 cc. Esta era uma mudança há muito aguardada por fãs e fabricantes.

Jorge Lorenzo teve um ano memorável em termos de resultados. Em 18 corridas, e à exceção das rondas da Holanda ou Valência em que não somou pontos, Lorenzo nunca ficou abaixo do segundo lugar! Uma consistência impressionante e que lhe permitiu recuperar o título de MotoGP com 350 pontos, batendo Dani Pedrosa (Repsol Honda), enquanto o campeão Casey Stoner era inclusivamente batido pelo companheiro de equipa.

No campeonato dos construtores, esta foi também uma temporada recheada de novidades devido à introdução da categoria CRT dentro do MotoGP. Em 2012 participaram um total de 12 fabricantes, se assim os podemos definir. Honda, Yamaha e Ducati, e depois um conjunto de marcas associadas às CRT ou Claiming Rules Team: ART, FTR, BQR, Suter, Ioda-Suter, Ioda, APR e BQR-FTR. Estas motos podiam usar motores de estrada bastante modificados montados em chassis protótipo de forma a baixar os custos e aumentar o número de motos na grelha de MotoGP. A Honda foi a marca vencedora desta classificação.

No campeonato de equipas, a Repsol Honda foi também a grande vencedora batendo a Yamaha Factory Racing e a Monster Yamaha Tech3.

2013

A categoria rainha está sempre em constante mutação com a chegada de novos pilotos e a saída de nomes consagrados. Isto, para além dos pilotos que trocam de equipa. Neste ano assistimos à chegada do piloto que se tornou no mais dominante dos últimos dez anos: Marc Márquez (Repsol Honda).

O espanhol chega ao MotoGP com o estatuto de estrela em ascensão. E começou a exercer o seu domínio na categoria rainha logo no ano de estreia. Márquez venceu pela primeira vez na sua segunda corrida em MotoGP (GP das Américas) e a partir daí apontou ao primeiro título fechando a temporada 2013 de MotoGP com um total de 334 pontos suplantando o então campeão em título Jorge Lorenzo (Yamaha Factory Racing) e com Dani Pedrosa (Repsol Honda) a ser terceiro no fecho do campeonato.

Neste ano vimos também Casey Stoner abandonar o MotoGP e colocar um ponto final na sua carreira, enquanto Valentino Rossi, depois de anos de pesadelo na Ducati, estava de regresso à Yamaha e termina a temporada na quarta posição da classificação de pilotos.

Em termos de construtores, a Honda bate a Yamaha e a Ducati, e continuamos a ver em pista as CRT da ART, FTR Kawasaki, FTR e ainda FTR Honda. O título de equipas fica para a Repsol Honda, que assim reconquista os três títulos em disputa na categoria rainha.

2014

Por esta altura a categoria MotoGP estava novamente ao rubro e a competitividade a aumentar, com rivalidades entre pilotos dentro e fora das pistas. Marc Márquez não parecia estar incomodado por ter de defender o seu primeiro título de MotoGP. O piloto espanhol da Repsol Honda nem deu hipótese a pilotos como Valentino Rossi ou Jorge Lorenzo, os dois recrutas da Movistar Yamaha.

Em 18 corridas, Marc Márquez venceu 13, sendo que venceu os dez primeiros Grandes Prémios de 2014 de forma consecutiva! Uma performance digna de ficar para a história da categoria rainha. Tornou-se então bicampeão de MotoGP na frente de Rossi e Lorenzo, 2º e 3º classificados, respetivamente.

Nas contas do campeonato de construtores, foram sete os nomes que apareceram para competir: Honda, que venceu este título, a Yamaha, Ducati, a Forward Yamaha, a ART, a PBM e ainda a Avintia.

Já ao nível das equipas, a Repsol Honda superiorizou-se à Movistar Yamaha e a Ducati Team contentou-se com o terceiro lugar.

2015

Foi uma temporada que terminou em confusão que acabou por ofuscar o terceiro título de Jorge Lorenzo. A tensão entre Marc Márquez e Valentino Rossi estava ao rubro há já bastante tempo, com o italiano a acusar o espanhol de estar a favorecer em pista Lorenzo. Recordamos que Rossi estava à procura daquele que seria o seu 10º título mundial.

As emoções finalmente atingiram o seu ponto máximo no Grande Prémio da Malásia. Com Dani Pedrosa a liderar de “fio a pavio” e Jorge Lorenzo a fugir com o segundo lugar, Valentino Rossi e Marc Márquez estavam a batalhar pela terceira posição. Os dois acabaram por se tocar num momento que ficará para a história do MotoGP. Rossi continuou em pista, Márquez caiu e regressou à box para abandonar.

O título ficou decidido na última corrida do ano em Valência. Rossi foi penalizado pelas suas ações em Sepang, e arrancou do fim da grelha de partida. Mas o italiano recuperou muitas posições facilmente – algumas claramente facilitadas por outros pilotos – e até final da corrida no Ricardo Tormo a incerteza ficou no ar: Lorenzo ou Rossi?

Finalmente, e apesar de todo o esforço de Rossi, o título ficou entregue a Jorge Lorenzo que somou 330 pontos e deixou o seu companheiro de equipa Valentino Rossi na segunda posição com uma diferença de 5 pontos. Marc Márquez fechou o pódio dessa temporada.

Ao nível dos construtores, tivemos novamente sete marcas envolvidas em MotoGP. A Yamaha venceu na frente da Honda, a Ducati foi terceira e a Suzuki regressou ao campeonato. Também a Aprilia voltou, e o lote de marcas em competição ficou completo com a presença da Yamaha Forward e a ART.

Na luta pela melhor equipa, a Movistar Yamaha levou a melhor sobre a Repsol Honda, com a Ducati Team a ser então a terceira classificada.

2016

Depois de um final de temporada anterior que deixou muitas feridas em aberto no paddock, neste ano a categoria MotoGP voltou a ter como protagonistas os mesmos pilotos. Marc Márquez assumiu-se então mais uma vez como o melhor piloto da categoria, e recuperou o título de MotoGP.

Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, cada vez mais distantes um do outro em termos pessoais, deixavam a equipa Movistar Yamaha em polvorosa, mas os seus resultados permitiram terminar, respetivamente, em segundo e terceiro no campeonato.

A Honda venceu o título de construtores batendo a Yamaha e Ducati. Neste ano o lote de marcas que participaram em MotoGP desceu para cinco, sendo as restantes marcas a Suzuki e a Aprilia.

Por outro lado, na luta pela melhor equipa, a Movistar Yamaha conseguiu contrariar a força da Repsol Honda, com a Ducati Team a ser, invariavelmente, a terceira classificada.

2017

Com três títulos conquistados, Marc Márquez voltou ao seu melhor registo neste ano de 2017. Com 298 pontos na sua conta pessoal, foi capaz de manter o seu título, o que assim fez com que Márquez fosse então quatro vezes campeão da categoria rainha. Na segunda posição do campeonato terminou Andrea Dovizioso, com o italiano a começar a tornar-se na maior ameaça ao campeão Márquez. Maverick Viñales, depois de mudar-se da Suzuki para a Movistar Yamaha, fechou esta temporada atrás dos dois primeiros.

Destaque ainda para a saída de Jorge Lorenzo da Yamaha, marca com a qual tinha competido desde a sua estreia em MotoGP. O espanhol aceitou o desafiou da Ducati e mudou-se de “armas e bagagens” para a casa de Borgo Panigale. Mas este “casamento” não durou mais do que um ano.

Nos construtores, e com a Honda a continuar a dominar, assistimos à revitalização da categoria rainha. A KTM decidiu entrar oficialmente em MotoGP e logo no ano de estreia da marca austríaca, a RC16 conseguiu bater a Aprilia em termos de pontuação.

A classificação das equipas ficou ordenada com a Repsol Honda em primeiro, a Movistar Yamaha em segundo e a Ducati Team em terceiro.

2018

Marc Márquez e a Repsol Honda eram os nomes a bater. Mas 2018 não foi um ano bom para os rivais. Embora Andrea Dovizioso e a Ducati se tenham batido com todas as suas forças, Márquez logrou alcançar nove vitórias nesta temporada, que o ajudaram a selar o seu quinto título em MotoGP. Dovizioso foi novamente vice-campeão, enquanto Valentino Rossi o terceiro classificado.

Já Jorge Lorenzo, apenas um ano depois de ter assinado pela Ducati, acabou por sair da equipa italiana numa decisão algo controversa para muitos fãs, pois o espanhol parecia finalmente estar a conseguir regressar ao mais alto nível com a Desmosedici. Lorenzo, com três títulos de campeão, acabou por mudar-se para a Repsol Honda. Infelizmente para a equipa e para o piloto, as lesões e a “indomável” RC213V não permitiram ao espanhol obter bons resultados. E, na última ronda do ano, em Valência, Jorge Lorenzo colocou um ponto final na sua carreira como piloto de MotoGP.

As contas da classificação dos construtores mostram que a Honda continuou a ser a marca mais forte em MotoGP, e por isso somou mais um título de construtores. E a esse título juntaram ainda o de equipas, com a Repsol Honda a sagrar-se campeã na frente da Ducati Team e da Movistar Yamaha.

2019

Imune à pressão de Andrea Dovizioso e da poderosa Ducati, Marc Márquez voltou a ter em 2019 um ano que dificilmente esquecerá! A temporada contou com um total de 19 corridas. Nessas corridas, o piloto da Repsol Honda só não pontuou numa. No Grande Prémio das Américas, que era até então o seu “domínio”, Márquez não terminou a prova. De resto, fecha este ano com 12 vitórias e 6 segundos lugares!

Com este conjunto de resultados impressionantes, Marc Márquez torna-se campeão pela 6ª vez em MotoGP com um recorde de 420 pontos numa só temporada! Andrea Dovizioso é segundo classificado a grande distância, enquanto Maverick Viñales teimava em não concretizar o que prometia no início da temporada, pese embora tenha sido terceiro classificado no final de 2019.

Para os portugueses, este foi o ano em que finalmente tiveram a oportunidade de ver um piloto com as cores de Portugal a competir ao mais alto nível. Miguel Oliveira estreou-se com a Red Bull KTM Tech3, e terminou a temporada de estreia na 17ª posição com 33 pontos somados na sua conta pessoal.

Honda, Yamaha, Ducati, Suzuki, KTM e Aprilia disputaram mais uma vez o campeonato. E a vencedora foi, sem grande surpresa, a Honda. A marca japonesa logrou alcançar mais um “triplete” em MotoGP, pois foi também a melhor equipa com a Repsol Honda.

2020

Num ano profundamente marcado pela crise pandémica do Covid-19, a Dorna e a FIM viram-se forçadas a alterar significativamente o calendário de MotoGP. Com muitas restrições às viagens e sem público nas bancadas dos circuitos, o mundial centrou-se basicamente nos circuitos europeus, com rondas duplas para garantir um número mínimo de corridas ao longo do ano.

Com Marc Márquez a ficar fora de ação por lesão muito grave logo no início da temporada, o campeão foi o surpreendente Joan Mir da Suzuki Ecstar. O piloto espanhol surpreendeu tudo e todos pela sua regularidade. Apenas venceu uma corrida, o Grande Prémio da Europa, e garantiu o seu primeiro título com um total de 171 pontos, mostrando que para se ser campeão é necessário ser consistente.

E por falar em surpresas, o italiano Franco Morbidelli da equipa satélite Petronas Yamaha SRT, foi o vice-campeão, na frente da segunda Suzuki pelas mãos de Alex Rins.

Para as cores portuguesas, esta temporada de 2020 saldou-se com resultados brilhantes por parte de Miguel Oliveira. No Grande Prémio da Styria, o piloto português venceu a corrida de forma brilhante – corrida que ficou marcada por um aparatoso acidente -, tornando-se então no segundo piloto a vencer em MotoGP com uma KTM (Brad Binder venceu o GP da República Checa antes).

Mas Miguel Oliveira não se ficou por aqui. No fecho da temporada no Grande Prémio do Algarve, prova que marcou o regresso do Mundial de Velocidade a Portugal, Miguel Oliveira fez a “pole position” e venceu a corrida final, garantindo então a sua segunda vitória da carreira em MotoGP. Fechou a temporada na 10ª posição e com 100 pontos.

Em termos de construtores, a Ducati bateu a Yamaha, com a Suzuki a ser a terceira marca. Nas equipas foi a Suzuki Ecstar a festejar e assim a culminar uma temporada de sonho para a casa de Hamamatsu que, depois do título de Kenny Roberts Jr. em 2000 (ainda nas 500 cc a dois tempos) voltava a ser campeã.

2021

Num ano ainda marcado pela pandemia, a Monster Energy Yamaha decidiu recrutar o jovem talentoso francês Fabio Quartararo à Petronas Yamaha SRT. E “El Diablo” não perdeu tempo a confirmar as suas credenciais! No ano de estreia com a equipa de fábrica, Quartararo conquistou o seu primeiro título de MotoGP terminando a temporada com 26 pontos de vantagem sobre Francesco Bagnaia, com o italiano a liderar a reformulada Ducati Lenovo Team que tinha ainda Jack Miller.

Joan Mir, que defendia o seu título, não teve desta feita hipótese de sonhar com o campeonato pois tanto a Yamaha YZR-M1 como a Ducati Desmosedici GP21 estavam num nível superior ao da Suzuki GSX-RR.

Noutros destaques de 2021, referimos o regresso de Marc Márquez. O seis vezes campeão voltou a liderar a Repsol Honda e somou três vitórias e um segundo lugar.

Mas para os portugueses, Miguel Oliveira, agora inserido na equipa Red Bull KTM Factory, sendo assim o primeiro piloto luso a ser piloto de fábrica em MotoGP, era o centro das atenções. Muito se esperava de Miguel Oliveira, mas a KTM RC16 apresentou-se como uma moto complicada de pilotar e os pneus Michelin não ajudavam.

Ainda assim, antes da pausa de verão, Miguel Oliveira subiu de patamar de performance. Foi segundo no Grande Prémio de França e repetiu esse lugar no Grande Prémio da Alemanha. Pelo meio venceu de forma convincente o Grande Prémio de Itália no mítico circuito de Mugello. Infelizmente para as aspirações do piloto português, a inconsistência de resultados traduziu-se no 14º lugar com 94 pontos somados.

Já na luta pelo título de construtores, assistimos à Ducati a manter-se no topo, com a marca italiana a vencer na frente da Yamaha e da Suzuki. Nas equipas, estas posições mantiveram-se, com a Ducati Lenovo Team a ser a melhor na frente da Monster Energy Yamaha e da Suzuki Ecstar.

Assim terminamos a nossa viagem pelos primeiros vinte anos de história da categoria MotoGP. Fique atento a www.motojornal.pt para ficar a par de todos os resultados e novidades da temporada 2022 do Mundial de Velocidade!