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O Meu Mundo das 2 Tempos – Suzuki TS50

O nosso colaborador Victor Schwantz Barros viaja no tempo para conhecer a Suzuki TS50. Aqui fica a crónica do O Meu Mundo das 2 Tempos.

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História Suzuki TS50 – Muitos dos modelos de sucesso que existiram nos anos 90 já vinham nos catálogos das marcas, principalmente japonesas, desde os anos 70 e 80. Mas se há uma época em que as vendas se tornaram gigantes, essa época foi mesmo nos 90. Muito se pode escrever acerca de como as vendas cresceram, mas o que é certo é que a mentalidade dos jovens na altura era de rebeldia e as motos transmitiam isso.

Claro que na altura os bancos também davam um ‘empurrãozinho’ para nos ‘facilitar’ nos créditos para a compra da máquina que tanto gostávamos…

Portugal, nas décadas de 70, 80 e 90, foi sempre um grande consumidor de modelos de 50 cc, os chamados ciclomotores. Ao contrário de muitos países da Europa, por cá ter modelos 125 cc só mesmo a partir dos 18 anos, o que levava a muitos jovens na altura a iniciar a sua aventura em duas rodas nestes pequenos (de motor) modelos.

Havia que satisfazer os desejos dos futuros motociclistas, por isso muitos construtores nacionais e internacionais tinham muitos e variados modelos neste segmento.

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Foto @ Victor Schwantz Barros

Uma das vertentes mais conhecidas e populares em terras lusas (e não só) era a vertente do todo-o-terreno, eram ‘cinquentinhas’ fáceis de conduzir e que iam para todo o lado, desde uma ida até à escola ou até mesmo fazer uma boa trialeira, tudo era simples com estes modelos.

E foi neste estilo que saiu a Suzuki TS50 no princípio dos anos 70, um pouco antes do “best seller” que se chamava DT, e por isso podemos dizer que a TS foi até perto dos 90 uma das maiores concorrentes diretas do fenómeno da Yamaha. E é da Suzuki TS50 que vamos falar.

A Suzuki TS50 era mais conhecida por Hustler 50 no Japão. O departamento de design da Suzuki escolheu o nome Hustler para promover uma imagem de condução divertida e ao mesmo tempo uma condução mais agressiva. O nome não foi muito bem recebido em muitos países de língua inglesa porque o nome era mais sinónimo de vigarista, ladrão, e não era o mais indicado para uso nestes mercados.

Era o modelo de cilindrada mais pequeno dos modelos TS Hustler, e foi introduzida em 1971 e fabricada praticamente sem alterações pela casa de Hamamatsu até 1978. Os modelos seguintes foram a Suzuki TS50 ER (1979-1983) e a Suzuki TS50X (1984 em diante), que é o modelo das fotos neste artigo.

Foram comercializadas várias versões diferentes da TS50 em todo o Mundo, muito devido às diferenças na legislação relativa às motos de 50 cc. Em muitos países europeus, por exemplo, os ciclomotores tinham restrições de potência e, por vezes, até de peso, para que os jovens pudessem conduzir as suas ‘cinquentinhas’ sem carta. O que era o nosso caso por cá, em que só precisávamos de uma simples licença camarária, a partir dos 16 anos de idade.

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Foto @ Victor Schwantz Barros

 

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Os primeiros modelos de exportação e os modelos para o mercado doméstico no Japão eram bastante semelhantes, mas os últimos já não seriam. A principal diferença estava no motor – as versões japonesas vinham equipadas com motores arrefecidos a líquido e transmissões de seis velocidades (o futuro modelo em Portugal), enquanto que o modelo de exportação era arrefecido a ar e tinha cinco velocidades.

Foram fabricados modelos bastante diferentes para alguns países, que também tinham nomes de modelos algo diferentes.

A Hustler foi lançada em janeiro de 1971 e era uma versão de todo-o-terreno que poucas alterações teve até ao final da década de 90. Embora o motor fosse um monocilíndrico a 2 tempos de 49 cc, era arrefecido a ar na altura do seu lançamento, e todo o conjunto pesava aproximadamente 70 kg com cerca de 5 cv, e ela seria a grande novidade da Suzuki.

Até ao lançamento do novo modelo a TS50 vinha com pequenas atualizações, o tamanho das jantes foi aumentado para 19 polegadas na frente e 17 polegadas na traseira. A Hustler em 1979 passou a vir equipada com um manómetro de conta-rotações.

Em 1980 a TS foi renovada e o design do chassis foi melhorado com um novo quadro. O curso da suspensão também era agora maior.

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Foto @ Victor Schwantz Barros

Com muita da tecnologia que vencia no mundial de motocross, o motor monocilíndrico produzia agora uma potência máxima de 6,7 cv e conseguia uma rotação mais suave e um binário estável de baixa a alta velocidade. Ao adotar um cilindro de alumínio do tipo vertical com grandes aletas para o arrefecimento, podia suportar uma longa e mais dura condução fora de estrada.

A suspensão na roda traseira continuava a ser de dois amortecedores, e a TS50 contava com pneus semi-cardados de grande diâmetro com jante dianteira de 19 polegadas e traseira de 17 polegadas.

Na versão para a Europa do modelo de 1980, a Suzuki TS50 foi renomeada para TS50 ER.

O tamanho das jantes mudou de 17 polegadas à frente e atrás no primeiro modelo para 18 polegadas à frente e 17 polegadas atrás e, a partir de 1983, passou a ser um tamanho normal de todo-o-terreno, com 21 polegadas à frente e 18 atrás.

Já a versão da Hustler que era vendida no Japão em 1983 sofreu uma mudança completa no modelo. O seu motor passou a ter refrigeração líquida e a transmissão passou a ter seis velocidades. A Suzuki TS50 de 1983 tem jante dianteira de 21 polegadas à frente e 18 polegadas atrás e uma suspensão traseira “Full-Floater”.

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Foto @ Victor Schwantz Barros

Equipada com um motor monocilíndrico de 49 cc de 2 tempos, arrefecido a água, tinha um historial comprovado nos modelos de competição RM. A utilização de admissão por lamelas aumentou a tenacidade em baixa e média velocidade, e o arrefecimento a água evitou a degradação do desempenho devido ao calor durante a condução contínua, melhorando ainda mais a durabilidade.

Mas enquanto a versão Japonesa da TS50 (agora denominada TS50 W) recebeu todas estas atualizações, o modelo de exportação apenas herdou o aspeto e as jantes maiores. O modelo de exportação ainda tinha o motor arrefecido a ar e a caixa de 5 velocidades, mas seria o modelo japonês o futuro modelo que teríamos por cá.

No Japão, continuava a chamar-se de Suzuki Hustler 50, ou TS50 W. Os modelos de exportação e os modelos Europeus tinham semelhanças, mas não eram idênticos. O modelo japonês tinha um assento mais curto, não tinha as tampas da forquilha dianteira, o guarda-lamas traseiro era diferente…

Não houve atualizações até a saída da nova Suzuki TS50 X. A grande mudança seria então feita em 1990 quando sai com refrigeração líquida e seria vendida sem alterações até o modelo ser descontinuado em 1995.

O grande trunfo da TS50 X era o pequeno motor com que vinha equipada. E não, não era o da Wolf como se falava nas conversas de café e não só, mas sim a Wolf herdou o da TS, e basta ver que este mesmo motor sai na TS 10 anos antes da fantástica Wolf.

Foto @ Victor Schwantz Barros

O monocilíndrico de 49 cc com refrigeração líquida era alimentado por um carburador Mikuni VM 12 SH, o que lhe dava uma potência bem considerável de 7,2 cv com um binário máximo de 7,1 Nm / 7000 rpm, o que aliado a uma caixa de 6 de velocidades e um peso que rondava os 80 kg, fazia desta pequena Suzuki uma boa opção, seja ela para voltas diárias ou uma escapadinha até uma trialeira ou mesmo uma prova de enduro.

O arranque estava a cargo do ‘kick starter’ que dava vida a este motor.

A ciclística também não ficava atrás. Vinha equipada com um quadro em aço tubular soldado e tinha na frente umas forquilhas telescópicas com bainhas de Ø32 mm, com sistema monoamortecedor na traseira. As medidas dos pneumáticos eram de 2.50 em jante 21 com um travão tambor de 120,7 mm. Já na traseira vinha equipada com a medida 3.00 em jante 18 com um travão tambor de 100,7 mm.

Resumindo, a Suzuki TS50 até a chegada da sua sucessora em 1996, a RMX 50, foi sempre um excelente ciclomotor e uma grande entrada para os adolescentes no mundo das duas rodas. Tinha como cartão de visita um motor fabuloso, mas apesar de ter tido muito poucas alterações na sua longa vida, foi sempre equilibrada em relação aos modelos das várias marcas concorrentes, até que um dia sai a Yamaha DT 50 LC… Mas essa fica para uma outra história aqui na vossa Revista Motojornal.

Texto e fotos: Victor Schwantz Barros

Veja mais histórias das clássicas a 2T seguindo a página de Facebook O Meu Mundo das 2T da autoria do colaborador e fotógrafo da Revista Motojornal, Victor Schwantz Barros.

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