Este é mais um bom exemplo de que quando existe vontade, muita coisa pode ser feita e a vontade do ‘povo’ consegue superar algumas decisões políticas. A petição ‘Live and Let Live’, que começou em Portugal contra a ideia da Comissão Europeia impor a sua vontade às decisões dos países que estão contra a aplicação das Inspeções às motos, e que entretanto chegou ao Parlamento Europeu, mostra que os motociclistas unidos conseguem gerar um efeito ‘cascata’ que já começou a dar resultados.
Para além do tema das Inspeções às motos estar a ser agora discutido a nível europeu, embora por parte da Comissão Europeia, conforme refere o Grupo Acção Motociclista (GAM), um dos grandes promotores desta iniciativa contra as Inspeções Periódicas Obrigatórias (IPO) às motos, existir neste momento um ‘silêncio ensurdecedor’, “Pois o processo de legislação ‘empancou’… porque de facto não têm argumentos que suportem a obrigatoriedade das inspeções às motos”, são já vários os países europeus que decidiram tomar a iniciativa de estar contra as inspeções.
Portugal avançou contra as Inspeções às motos num momento histórico, a 5 de dezembro de 2024, e depois de uma dura luta dos motociclistas nas ruas, quando a Assembleia da República aprovou um conjunto de medidas que ficarão conhecidas como o ‘Pacotão das motos’, entre as quais o fim das Inspeções a veículos de duas rodas.
Essa decisão portuguesa está agora a ser replicada por vários países europeus, pese embora a Comissão Europeia tenha uma ideia contrária.

A viagem dos motociclistas portugueses a Bruxelas, onde entregaram no Parlamento Europeu as muitas dezenas de milhares de assinaturas da petição ‘Live and Let Live’, lado a lado com elementos de associações e federações de motociclistas de outros países, provocou um efeito contagioso.
A Bélgica anunciou que depois de ter iniciado as inspeções há três anos, vai deixar de as aplicar já a partir de 2026, tendo as autoridades belgas concluído que estas IPO são um negócio que não melhorou a segurança rodoviária, em particular a segurança dos motociclistas. Em Espanha, um país onde as inspeções às motos existem há muito, o tema está agora a ser amplamente discutido.
Em França, um dos maiores mercados de motos na Europa, a federação FFMC – Federação Francesa de Motards em Cólera, apela ao boicote às inspeções. O GAM refere que os motociclistas franceses estão a aderir a este boicote em larga escala, o que é mais uma demonstração de união dos proprietários de motos.
A própria FEMA (Federação Europeia de Associações de Motociclistas), que até agora se mantinha calada sobre o assunto, veio já também manifestar-se contra a obrigatoriedade das inspeções às motos que a Comissão Europeia pretende impor.
Diz a FEMA que “Em vez de criar legislação desnecessária, a União Europeia deveria colocar a sua energia em melhorias reais da segurança dos condutores, adotando medidas unicamente baseadas em provas. A nossa principal preocupação é que, segundo dados públicos disponíveis, existem muito poucas provas de que os defeitos técnicos são a causa principal dos acidentes de moto. A nossa posição é que as inspeções técnicas periódicas vão custar muito e conseguir muito pouco em termos de segurança rodoviária”.
Continuaremos atentos a este assunto que foi levado para além das fronteiras de Portugal graças à petição criada por António Francisco, o ‘nosso’ Tó Manel da Revista Motojornal, e o deputado Miguel Santos – leia aqui a nossa entrevista sobre a petição e as inspeções .
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