Será que temos corridas em 2020?

O Coronavirus não dá sinais de retrocesso e tal como a econonomia também o motociclismo espera, e desespera, para regressar 'à vida'.

O mês de Março tem sido fértil em tudo menos no que diz respeito a corridas de motos e depois daquele fantástico arranque do mundial Superbike em Phillip Island no fecho do mês de Fevereiro, recebemos a noticia de que o Mundial MotoGP não iria começar no Qatar – por força das restrições que as autoridades locais impuseram quanto à entrada de italianos, ou visitantes com visitas recentes a Itália de um dia para o outro – e quase dia após dia somos confrontados com sucessivos adiamentos de provas que colocam já o arranque do campeonato no distante mês de Abril – dia 19 – na melhor das hipóteses porque depois de dizerem que estada tudo bem as autoridades da Argentina ‘empurraram’ para Novembro a prova do mundial de MXGP agendada para daqui a quinze dias na Patagónia, ou seja…está bem para o MotoGP mas não para o MXGP? No lo creo!

Aqui ao lado em Espanha as provas dos campeonatos nacionais de motociclismo vão ser realizadas à porta fechada, sem o condimento principal de qualquer evento, muito mais um desportivo que é a presença, o carinho, o apoio do público, o mesmo que está a acontecer com outros desportos colocando atletas que arrastam multidões a jogar sem a atmosfera, sem o ambiente, ou seja..sem qualquer tipo de motivação extra senão a sede de vitória e superação que todos demonstram semana após semana. Mas esta ordem das autoridades sanitárias espanholas não fechou apenas as bancadas das provas nacionais, o mesmo se passando com as provas internacionais, o que deixa Jerez de La Frontera e a Andaluzia quase a ‘ver por um canudo’ os 30 milhões de euros que o GP de Espanha deixa na região anualmente, caso a ordem não se altere, situação essa ainda mais grave porque o mundial de Superbike tem também na sua ‘rota’ a passagem pelo circuito andaluz para breve, sendo que as 24 Horas de Le Mans em França foram igualmente adiadas para Setembro.

E em Portugal? Em Portugal temos para muito breve a realização da primeira prova do FIM CEV, quer marcará o regresso do campeonato ao asfalto do Autódromo Internacional do Algarve, prova essa que se realiza precisamente no mesmo dia em que Portugal acolhe a sua prova elegível para o mundial MXGP. Antes de lá chegarmos, a 26 de Abril, teremos que nos preocupar com as provas dos campeonatos internos – já com alguns cancelamentos – mas preocupante é mesmo perceber até que pontos os campeonatos internacionais se realizam ou não, se não estamos perante um sucessivo adiar até ao momento em que nada mais resta senão cancelar em definitivo. E falamos de quase todos os campeonatos do mundo, desde o MotoGP até ao Trial, com provas que se realizam maioritariamente na Europa, uma Europa neste momento ‘refém’ do Coronavirus, com países como a Itália ‘fechados’, uma Itália que recebe e é sede de muitas equipas no que é uma verdadeiro caos económico pois se as marcas têm capacidade para resistir a um problema como o que enfrentamos, muitas das equipas privadas necessitam dos apoios financeiros dos promotores para suportar as suas despesas e acima de tudo pagar os ordenados aos seus funcionários, algo para que apenas o dinheiro dos patrocinadores não chega.

O arrastar desta situação irá certamente deixar muitas equipas e famílias em dificuldades, reflectindo o que se passará com toda a economia mundial, neste momento ‘congelada’ por este vírus que nos trancou em casa e não parece para já dar tréguas. São momentos muito complicados aqueles que atravessamos…veremos até quando. Temo que não será muito em breve que vamos conhecer o destino das ‘caixas’ das equipas de MotoGP que ainda estão no Qatar à espera da decisão do seu destino.