Teste Aprilia RS 660

Aqui em teste, a Aprilia RS 660 é a primeira de uma série de modelos da marca italiana com um novo bicilíndrico de média cilindrada. 

A Aprilia RS 660 foi uma das motos que esteve em evidência na capa da nossa Motojornal, num teste assinado por Vitor Martins para a edição nº 1501, em fevereiro de 2021.

A sigla RS tem uma grande reputação na Aprilia. Foi o nome dado no início da década de 1990 às motos a dois tempos de baixa cilindrada da marca italiana. Vieram substituir as saudosas AF1, e manter vivos os sonhos dos adolescentes de então.

Entretanto as dois tempos desapareceram das estradas, a Aprilia dedicou-se a motos de maior cilindrada, e as RS 50, 125 e 250 deixaram de existir. Primeiro a RSV Mille e depois a RSV4 mantiveram o nome e a tradição desportiva da marca italiana. E agora a Aprilia acrescenta mais uma RS na sua gama, desta vez de média cilindrada.

Apresentada em 2019 no Salão de Milão, a RS 660 já chegou ao mercado, e parece estar à altura do nome. Como já referimos, a RS 660, apesar da cilindrada, não é exatamente uma supersport. Este segmento tem também vindo a definhar, e por isso a Aprilia optou por uma abordagem diferente. O objetivo era obter uma desportiva mas para o mundo real, com prestações suficientes para entusiasmar, mas fáceis de explorar, e com ênfase em algo pelo qual os modelos desportivos da Aprilia sempre foram famosos: uma excelente ciclística, resultando numa agilidade de sonho.

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A RS 660 tem um motor de dois cilindros, que deriva dos cilindros dianteiros do V4 da RSV4; usa a mesma cabeça, coletores, cilindros e êmbolos, já que mantém os 81 mm de diâmetro (com 63,9 mm de curso na 660). Chega aos 100 cv de potência, um par de dezenas menos que as supersport 600 que ainda sobrevivem, mas com um carácter suficiente para chegarmos ao fim do dia com um grande sorriso nos lábios. O motor de dois cilindros paralelos tem 659 cc de cilindrada, duas árvores de cames à cabeça para quatro válvulas por cilindro. É alimentado por um sistema de injecção com corpos de acelerador de Ø48 mm e coletores variáveis, com acelerador eletrónico, algo em que a Aprilia foi pioneira, já que a Shiver 750, em 2008, foi a primeira moto de produção a receber o sistema ride-by-wire.

O motor está montado num quadro de dupla trave em alumínio, com braço oscilante do mesmo material e ambos fundidos. Com uma distância entre eixos de apenas 1370 mm, a RS 660 é uma moto curta e compacta, e com 183 kg de peso em ordem de marcha, resulta numa moto ágil e, consequentemente, muito divertida. Apesar de compacta, a posição de condução não é acanhada, e nem radical como numa supersport. É uma posição desportiva, na medida em que ficamos inclinados para a frente, mas sem colocar todo o peso nos braços. O assento é amplo e muito mais confortável do que seria de esperar.

A sonoridade, especialmente em regimes de rotações mais elevados por momentos faz-nos duvidar da motorização, já que pode ser confundido com o som de um motor em V. Isto por causa do desfasamento de 270° na cambota, que origina duas explosões muito próximas. Graças à presença de um veio de equilíbrio, não há vibrações. O que há é uma rápida subida de rotação, acompanhada de uma entusiasmante so- noridade, e aquela proverbial ligação entre o acelerador e a roda traseira. Outra coisa que a Aprilia tem sido muito bem sucedida é no quick shift, denominado AQS.

À semelhança do que acontece nos modelos V4, na RS 660 passar caixa quase se faz apenas com o pensamento: é tocar no seletor e já temos a mudança seguinte, seja para baixo, seja para cima. Em qualquer rotação, a qualquer velocidade, e isso inclui engrenar primeira quase parado. Também tal como as V4 de Noale, o AQS faz parte do completo conjunto eletrónico denominado APRC (Aprilia Performance Ride Control), que conta com a unidade de medição inercial. Do sistema fazem parte o controlo de tração, anti-cavalinho, cornering ABS, cruise control, ajuste do efeito de travão-motor e os modos de condução. Estes são cinco, três para utilização em estrada e dois pensados para utilização em pista. Para a estrada os modos são Commute, Dynamic e Individual, sendo que este é totalmente configurável ao gosto de cada um. Para a pista os modos são o Challenge e o Time Attack, e estes têm uma configuração independente, no vasto mas intuitivo menu, e quando um deles está ativo a cor predominante do ecrã TFT muda de verde para vermelho, para que não haja qualquer dúvida.

Apesar do tempo chuvoso – praticamente não chegámos a rodar com a RS 660 com o piso totalmente seco – fomos alternando entre o modo mais ‘normal’, o Commute, e o mais desportivo Dynamic. E mesmo no Commute, a Aprilia RS 660 mostra o seu caráter, especialmente quando a estrada fica mais sinuosa. A resposta ao acelerador, o som, e a forma como nos obedece, a rápida mudança de direção, sem caprichos, faz da RS 660 um verdadeiro brinquedo. O motor tem prestações mais do que suficientes para satisfazer os mais experientes, sem ter que intimidar os menos experientes.

Ao mesmo tempo, a ciclística exemplar ajuda a tornar a condução mais fácil, animada e confiante. Os travões são potentes e doseáveis, ajudando à faceta desportiva da 660. Para além disso, é confortável o suficiente para usar não só no dia-a-dia, mas também em percursos mais longos, uma vez que não força braços nem costas, nem deixa o fundo das costas quadrado.

A Aprilia parece ter acertado na mouche com este modelo. No final do teste a esta Aprilia RS 660 confirma-se que é uma desportiva que, sem ser radical nem caprichosa, é muito divertida e fácil. Ou seja, é uma desportiva para o mundo real, fácil de explorar. E ainda por cima, ‘italianamente bela’, especialmente nesta cor ‘ouro ácido’, que realça as linhas da RS, que está disponível em mais duas cores – vermelho e preto – para além deste amarelo.

Já está à venda em Portugal, com um preço de 11 650€ (PVP de 2022).

Texto Vitor Martins • Fotos Bruno Ribeiro

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