InícioNotíciasTeste Yamaha R9 no circuito de Sevilha

Teste Yamaha R9 no circuito de Sevilha

A Yamaha R9 vem redefinir o segmento das motos desportiva, sucedendo à lendária YZF-R6. Descobre como a marca está a renovar o seu ADN.

-

O panorama das motos desportivas alterou-se significativamente nas últimas duas décadas, como prova a nova Yamaha R9. O que outrora foi um dos segmentos mais dinâmicos e inovadores do mercado tornou-se, hoje, um nicho direcionado sobretudo a entusiastas da competição, da performance e da condução em pista.

Com modelos que permanecem no mercado durante mais tempo sem grandes atualizações e uma oferta cada vez mais limitada, a diversidade neste segmento tem vindo a diminuir. Este cenário é agravado pelas normas europeias de homologação, cada vez mais exigentes, que reduzem ainda mais as opções disponíveis no mercado europeu.

Apesar destas limitações, algumas marcas continuam a investir em motos desportivas de média cilindrada, fundamentais para manter presença nas categorias do Mundial de Superbikes (WSBK). A Yamaha é um exemplo claro: após interromper o desenvolvimento da YZF-R6 para estrada, lança agora a nova Yamaha R9.

Este novo modelo surge com a difícil missão de suceder à icónica R6, uma das motos desportivas de 600 cc mais bem-sucedidas de sempre. Ao longo de 25 anos, a YZF-R6 conquistou inúmeros títulos mundiais e foi presença constante em campeonatos nacionais, marcando várias gerações de pilotos e entusiastas.

- PUBLICIDADE -

A nova Yamaha R9 representa uma mudança de paradigma dentro da gama desportiva da marca. Longe de ser uma simples sucessora da YZF-R6, este modelo rompe com a abordagem tradicional e apresenta-se com uma filosofia distinta, mais adaptada às exigências e tendências do mercado atual.

A Yamaha R9 rompe com o passado e aponta ao futuro do segmento Supersport

Ao contrário da R6, desenvolvida de raiz para ser a referência mais extrema e eficaz na sua classe, a R9 assenta numa plataforma mecânica já existente — o conhecido motor CP3 de 890 cc — privilegiando o equilíbrio entre performance e prazer de condução, tanto em estrada como em pista. Este conceito já tinha provado o seu valor comercial com a Yamaha R7, baseada no motor CP2, que também dá vida à MT-07, Tracer 7, Ténéré 700 e XSR700. A R7 conquistou o mercado ao oferecer uma desportiva acessível, visualmente agressiva e fácil de conduzir no dia a dia.

O legado da R6 continua, A nova Yamaha R9 promete revolucionar o segmento das desportivas médias com performance, tecnologia e ADN de competição

A fórmula repete-se agora com a R9, mas com uma exigência desportiva mais acentuada, uma vez que este novo modelo foi pensado para substituir a R6 nas competições de Supersport. E a estreia não podia ter sido mais promissora: a Yamaha R9 venceu a sua primeira corrida no Mundial de Supersport, em Phillip Island, no passado mês de fevereiro — um sinal claro do seu potencial competitivo.

Para chegar a este resultado, a Yamaha manteve inalterado o motor CP3, tal como é montado nos restantes modelos da marca. Trata-se de um motor tricilíndrico, DOHC, com refrigeração líquida e 4 válvulas por cilindro, que oferece uma resposta sólida e previsível graças ao sistema eletrónico YCC-T (Yamaha Chip Controlled Throttle). A única adaptação específica para o modelo R9 surge ao nível da relação final e dos mapas de ignição e injeção, que foram otimizados para maximizar a sua performance dentro da categoria Supersport.

Chassis leve e reforçado para desempenho desportivo

A nova Yamaha R9 estreia um quadro Deltabox em alumínio fundido por gravidade, completamente revisto face aos restantes modelos CP3. Com uma geometria mais agressiva — menos 2º na coluna de direção — o quadro foi otimizado para garantir maior precisão e estabilidade em condução desportiva.

- PUBLICIDADE -

A estrutura oferece uma rigidez superior nos eixos torcional, longitudinal e lateral, graças à utilização de diferentes espessuras de material, formas específicas e orifícios maquinados. O objetivo? Maximizar o feedback e o controlo sem comprometer o conforto. Com apenas 9,7 kg, é também 10% mais leve que o da MT-09.

Yamaha R9

A nível de suspensões, a R9 está equipada com a nova geração de forquilhas invertidas SPF da Kayaba, que se destaca pela separação das funções de compressão e extensão entre as duas bainhas. Atrás, o amortecedor traseiro KYB com tecnologia “swing valve” garante maior eficiência na gestão hidráulica.

A travagem está a cargo de pinças monobloco Brembo Stylema, leves e rígidas, desenvolvidas para oferecer máximo controlo e estabilidade. Combinadas com tubos em malha de aço inoxidável e discos dianteiros de 320 mm, garantem uma travagem potente e consistente, mesmo sob uso intenso. O sistema ABS é sensível à inclinação, com possibilidade de desativação na roda traseira, ideal para utilização em pista.

Veja o vídeo

A Yamaha R9 vem equipada com uma centralina avançada e um pacote eletrónico digno das pistas. Através da aplicação Y-TRAC e com ligação via smartphone ou módulo GPS Bluetooth, os pilotos podem aceder a um verdadeiro sistema de telemetria. A função lap timer integrada e o registo detalhado de dados permitem analisar cada volta e identificar oportunidades de melhoria com precisão profissional.

Tecnologia de competição ao alcance de todos
O painel TFT a cores de 5 polegadas transforma-se num verdadeiro “pit board”, com mensagens em tempo real enviadas da boxe, incluindo alertas como bandeira vermelha, entrada nas boxes (Pit IN) ou previsão de chuva.

Graças à unidade de medição inercial (IMU) de 6 eixos, a R9 oferece sistemas de apoio à condução altamente refinados, incluindo:
Controlo de entrega de potência (PWR)
Controlo de tração (TCS)
Controlo de deslizamento (SCS)
Controlo de travagem (BC)
Gestão da derrapagem traseira (BSR)
Travão-motor ajustável (EBM)
Controlo de elevação da roda dianteira (LIF)

Todos os sistemas são configuráveis em múltiplos níveis, permitindo afinações específicas para estrada ou pista.

Para maior comodidade, a Yamaha R9 oferece ainda três modos de condução pré-definidos — Sport, Street e Rain — dois modos personalizáveis e quatro modos dedicados ao uso em circuito.

- PUBLICIDADE -

Primeiras impressões da nova Yamaha R9 em pista

Para testar a nova Yamaha R9, viajámos até ao renovado Circuito de Sevilha — onde também tivemos oportunidade de experimentar a Ducati Panigale V2. As condições climatéricas estiveram longe do ideal, permitindo apenas duas sessões com a pista quase seca, o que inviabilizou o uso de pneus slick e afinações focadas exclusivamente na condução desportiva.

Yamaha R9

Ainda assim, a primeira impressão da R9 foi francamente positiva. A dianteira revela um comportamento muito consistente: estável, precisa e bem assente em curva, transmite confiança para travagens fortes e entradas decididas. Apesar de não ter a mesma facilidade de correção rápida da Ducati V2, oferece excelente feedback sobre a aderência do pneu dianteiro.

Os pneus Bridgestone RS11 merecem destaque, com níveis de aderência notáveis e uma forma previsível de escorregar, garantindo segurança e suavidade mesmo nos limites. Já o motor CP3, com uma transmissão mais longa, perde algum ímpeto inicial, mas ganha em progressividade e utilizabilidade em toda a faixa de rotações. Continua a ser uma unidade entusiasmante, com resposta eficaz desde os baixos regimes até aos altos, e com um som envolvente que, mesmo abafado pelo escape restritivo, é compensado pela admissão ressonante junto ao depósito.

A única crítica vai para a inércia da cambota, que poderia ser mais leve para melhorar a resposta em aceleração e desaceleração. Mas esse é o compromisso necessário para manter o conforto de utilização em modelos como a Tracer ou a XSR.

Comparando com a R6, a nova R9 confirma aquilo que os números antecipam: é maior, mais pesada e menos radical. Contudo, surpreendeu pela eficácia em pista e, com as afinações certas, mostrou ter potencial competitivo — algo que ficou provado logo na sua estreia vitoriosa no Mundial de Supersport.

Mas talvez o seu maior trunfo esteja na versatilidade. O motor tricilíndrico oferece uma experiência de condução muito mais acessível e agradável, especialmente para estrada, em contraste com o exigente e afiado quatro em linha da R6. Além disso, a R9 é mais espaçosa e confortável, posicionando-se como uma desportiva com ADN de pista, mas bem mais adaptada ao mundo real.

Equipamento de proteção usado neste trabalho:

Capacete: NEXX XR3R
Fato: IXON Yamaha
Luvas: Macna StreetR
Botas: XPD XP3-S

Ficha Técnica:

Yamaha R9
Preço: 19.760
Tipo: três cilindros em linha, refrigeração por líquido
Distribuição: DOHC 4 válvulas por cilindro
Diâmetro x Curso: 78 x 62,1 mm
Cilindrada: 890 cc
Potência Máxima: 119 cv / 10000 rpm
Binário Máximo : 93,0 Nm / 7000 rpm
Alimentação: Injeção, acelerador electrónico
Arranque: eléctrico
Embraiagem: multidisco, banho de óleo
Caixa: 6 velocidades
Final: por corrente
Quadro : tipo diamante em alumínio
Suspensão dianteira: Forquilha telescópica invertida KYB SFD, diâmetro de 43 mm, com afinação da pré-carga, da compressão e da extensão. Curso de 120 mm.
Suspensão traseira: duplo braço oscilante, com amortecedor KYB “swing valve”, com afinação da pré-carga da mola e hidráulico em compressão e extensão.
Travão Dianteiro : 2 discos de 320 mm, pinças Brembo Stylema, com cornering ABS
Travão Traseiro : disco de 220 mm, com cornering ABS
Pneu Dianteiro : 120/70 – 17″
Pneu Traseiro : 180/55 – 17″
Altura do Assento : 830 mm
Distância entre eixos: 1420 mm
Capacidade do depósito : 14 litros
Peso a cheio: 195 kg (179 kg a seco)
Importador : Yamaha Motor Portugal

- PUBLICIDADE -