Se apreciarem as fotos deste teste, muitos reconhecerão os cenários usados para os disparos dos fotógrafos, a região norte do nosso país com o Rio Douro várias vezes como palco de fundo. É sempre uma satisfação receber nas nossas estradas os jornalistas estrangeiros e perceber que Portugal é um local onde gostam genuinamente de regressar, sendo que o Norte habitualmente nem sempre está, infelizmente, nas escolhas das marcas por diversas e justificáveis razões logísticas.
Mas esta apresentação destinava-se a jornalistas europeus, o mercado preferencial e quase exclusivo das Tracer 7 e Tracer 7 GT, que para além de vendidas e utilizadas por toda a Europa, também passam a ser concebidas nos Países Baixos, desenhadas em Itália e fabricadas em França.
Estas Tracer já venderam, desde 2016, mais de 60.000 unidades e são as líderes de mercado do segmento sport touring de média cilindrada. Para 2025, com a introdução da norma Euro 5+, a Yamaha fez uma revisão mais profunda aos modelos desta quarta geração e as Tracer 7 ganham importantes atributos que visam mantê-las no topo do segmento e como modelo de entrada da gama sport touring do construtor japonês.
As principais áreas de intervenção foram a ciclística, motor, eletrónica, estética e também na capacidade turística dos modelos, principalmente a GT. Como será que a nova Tracer Europeia se saiu no Douro? Vamos a factos!

As novidades
Basta olhar para as novas Tracer para perceber que há novo desenho, o “Droid 2.0” uma evolução do conceito anterior com mais curvas e uma linha à mesma cor da dianteira à traseira da moto, dando-lhe um ar mais elegante, moderno e agressivo. No coração das Tracer está o CP2, o dois cilindros paralelos de 689 cc, que já foi montado em mais de 400.000 motos da Yamaha de todas as gamas e que contínua a ser uma referência na facilidade de utilização e diversão.
A grande mudança vem com a adoção do YCC-T, o acelerador eletrónico ride-by-wire da Yamaha e que na Tracer visa principalmente a performance em média rotação e permite a adoção de dois modos de condução, Sport e Street, mais um outro ajustável às preferências do condutor chamado Custom. Estes modos são diferentes na entrega da potência e no funcionamento do Controlo de Tração, por forma a melhor controlar os 73,4 cv da moto e 68 Nm de binário.
Houve também melhorias nas relações da caixa de velocidades (que pode agora montar um Quickshifter bidirecional que é disponibilizado como acessório) e também a relevante introdução de uma embraiagem assistida e deslizante. Na ciclística, as novidades incluem um novo quadro mais rígido, que foi totalmente revisto da coluna de direção para baixo.

O braço oscilante assimétrico é também uma nova unidade, 40 mm mais comprido que o antecessor, para uma distância entre eixos de 1.495 mm. O novo amortecedor Monocross tem 21 ajustes de pré-carga de mola e outras afinações possíveis, para melhorar a estabilidade a alta velocidade com a moto carregada com bagagem e passageiro.
Uma das mais importantes mudanças nos novos modelos, e que faz mais diferença na condução, é a nova forquilha KYB invertida de 41 mm, mais rígida e que ajuda também a melhorar o visual da moto. O sistema de travagem Brembo foi revisto para trabalhar em conjunto com a nova suspensão e dessa forma melhorar o tato e o controle em todas as condições de andamento da moto.
Ao contrário de muitos dos seus novos modelos, a Yamaha optou por não montar as jantes SpinForged nas Tracer 7, porque depois dos primeiros testes dinâmicos entendeu que as de alumínio forjado funcionavam melhor com a moto, os pneus montados são os versáteis Michelin Pilot Road 6 GT.
A capacidade do depósito foi aumentada de 17 para 18 L. O TFT é uma nova unidade de 5” a cores, com conectividade com smartphone e a App My Ride da Yamaha, com mais definição e facilidade na leitura da informação, que pode ser mostrada em quatro temas de acordo com a vontade do condutor.
O acesso à informação é controlado por um joystick no comutador esquerdo, bastante intuitivo e fácil de usar, bem como o comando do cruise control que também passa a fazer parte do equipamento da Tracer 7. Os para-brisas têm regulação manual, num mecanismo de fácil ação e de uma posição para a outra variam 60 mm na sua altura. Ambas as versões montam proteções de mãos.

Encontrar as diferenças
As principais diferenças entre a 7 normal e a GT são fáceis de encontrar. Esteticamente a GT monta forquilhas douradas em vez de pretas, o para-brisas é de maiores dimensões e escurecido na parte mais baixa, com mais um milímetro de espessura para evitar vibrações indesejadas, grafismos refinados, guiador anodizado e o revestimento dos bancos do condutor e passageiro, que nesta nova geração da Tracer passam de uma única peça para duas separadas, com espuma mais espessa, painéis de conforto integrados, costuras de alta qualidade e materiais para uma imagem mais premium.
O banco do passageiro é 40 mm mais longo e o do condutor é mais plano, levando por vezes a alguns movimentos involuntários para a frente em travagem. A GT monta de origem punhos aquecidos, um manípulo de regulação da pré-carga do amortecedor traseiro e o descanso central, para ajuda no parqueamento e manutenção da moto.
As malas laterais são equipamento de origem na GT e são idênticas às da Tracer 9, com 30 litros de capacidade, podendo levar um capacete integral de cada lado, mas que deverá ser colocado invertido para caber. O sistema de montagem das malas é idêntico em ambas as versões e tem amortecimento flutuante para melhorar a estabilidade a velocidades mais elevadas e usam sistema mono-key aumentando a facilidade de usar apenas a chave da moto.
Todas são compatíveis para a montagem de um top case que está disponível nas capacidades de 34 e 45 L. Todas estes adicionais levam a uma diferença de peso de 9 Kg a mais na GT, o que é compreensível. Por último a distinção cromática, a 7 está disponível em preto (Midnight Black) e vermelho (Redline), enquanto a GT existe na cor das fotos, Icon Performance e também em Tech Black uma decoração preto mate.

Douro e outras paisagens
A Yamaha serviu-nos uma panóplia de estradas diversificada e completamente ajustadas à Tracer 7. Quase perfeita diria, traçados onde a moto evidenciou todas as suas qualidades e nos divertiu a todos num dia épico de calor (e chuva a fechar o dia) e condução. A sensação de facilidade é incrível, a Tracer 7 deixa-se levar de forma tranquila ou completamente “de faca nos dentes” sempre de forma composta e como se fosse feita para tal.
O encaixe na moto é muito bom e funciona bem para uma amplitude grande de tamanhos de condutor, sendo fácil chegar com os pés ao chão, com os braços a ficarem bem posicionados no guiador e com a sensação de controlo do que a moto está a fazer por baixo de nós. O motor CP2 é de facto um caso sério nas metamorfoses de andamento e agora com os modos de condução ainda está melhor neste aspeto e no modo Sport libertou todo o seu potencial nas reviradas estradas do Douro, como a EN304 e foi… lindo!
A subida de rotação fácil, o motor sempre cheio com a nova curva de binário a funcionar em pleno, a ligação entre o punho e o que se passa na roda traseira muito mais fina e imediata, a ciclística bem plantada a permitir abusos na hora de travar, curvar e acelerar, os pneus a darem muito boa conta de si e tudo isto num ritmo que só as médias cilindradas permitem, sem sustos, sem chegar demasiado rápido à curva seguinte, sem derrapagens descontroladas, apenas diversão.
Mas nem só de curvas vive o mototurista e também testámos a Tracer em IP e autoestrada, onde o conforto a bordo é bastante bom. A nível de proteção aerodinâmica o pequeno para-brisas da Tracer 7 funciona surpreendentemente bem, com o vento a ser bem defletido em ambas as posições e deixando apenas os ombros mais expostos.
Na GT quando a velocidade aumenta os meus 186 cm de altura não funcionaram bem com o para-brisas na posição mais baixa, por conta de uma turbulência impossível de manter por muito tempo no topo do capacete. Na posição mais alta o problema resolve-se quase na totalidade, tornando a vida a bordo muito mais relaxada.

Outro fator a ter em conta são as malas laterais a alta velocidade, pois como é habitual estes elementos têm um efeito negativo na aerodinâmica da moto, podendo esta abanar um pouco, principalmente se houver vento. Os bancos da 7 e da GT fazem diferença, mas gostei mais da simplicidade do banco da Tracer 7.
Um detalhe que não gostei foi do protetor de depósito, pois várias vezes ao montar na moto, a costura das calças ficou presa neste, tendo inclusivamente saído do sítio uma vez. De uma forma geral, a versão base é mais divertida que a GT e até a posição de condução oferece melhor encaixe, bem como a distância ao solo em curva melhora com a ausência do descanso central, principalmente nas curvas para a esquerda.
As recuperações do motor são boas, é necessário trabalhar a caixa, mas com a nova embraiagem até isso se tornou de uma enorme facilidade, a velocidade média de cruzeiro é fácil de manter e os consumos são frugais, podendo levar longe esta sport touring só com os 18 L do depósito. O TFT tem excelente leitura e o GPS através da App funciona bastante bem com o mapa no écran.
Resumindo, são duas motos “iguais”, mas direcionadas a públicos diferentes. Os 1.590€ de diferença estão bem justificados, mas apenas para os que procuram uma companheira de viagens ou um ar mais sofisticado. Com este motor não há por onde se possa falhar na escolha, mas com a ciclística a acompanhar, a Tracer 7 é um caso sério de polivalência, capacidade e diversão, muita moto para quem precisa de fazer tudo!
Texto: Hugo Ramos
Fotos : Yamaha Motor Europe
Neste teste utilizámos os seguintes equipamentos de proteção:
Capacete – NEXX X.WST3 B-Side
Blusão – REV’IT! Aero GT; Calças – Shift
Luvas – Yamaha
Botas – TCX
Ficha Técnica: Yamaha Tracer 7 / (Tracer 7 GT)
Preço: 9.950€ / (11.540€)
Motor: Dois cilindros em linha a 4T, refrigeração líquida
Distribuição: DOHC
Diâmetro x Curso: 80mm x 68,6mm
Cilindrada: 689 cc
Potência máxima: 73,4 cv / 8.750 rpm
Binário máximo: 68 Nm / 6.500 rpm
Alimentação: Injecção electrónica (PGM-FI)
Embraiagem: Multidisco em banho de óleo
Caixa: 6 velocidades
Final: Corrente
Quadro: Diamante tubular em aço
Suspensão dianteira: Forquilha invertida de 41 mm 130 mm de curso
Suspensão traseira: Mono amortecedor com 139 mm de curso
Travão traseiro: 1 disco de 245 mm com pinça de 1 pistão
Travão dianteiro: 2 discos flutuantes de 298 mm com pinças de 4 pistões
Pneu dianteiro: 120/70ZR17
Pneu traseiro: 180/55ZR17
Altura do assento: 830 mm / (845 mm)
Distância entre eixos: 1.495 mm
Capacidade do depósito: 18 litros
Peso a cheio: 203 kg / (212 kg)
Garantia: 3 anos
Importador: Yamaha Motor Portugal
Galeria de Fotos Yamaha Tracer 7 e Tracer 7 GT
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