TrialGP 2023 Gouveia – O trial vai à cidade!

Gouveia vai receber os melhores pilotos do mundo. O TrialGP está de regresso a solo nacional com o percurso no interior da cidade!

Foi durante a Bolsa de Turismo de Lisboa realizada no início de março na Feira Internacional de Lisboa (FIL), que ficámos a conhecer em maior pormenor os detalhes do regresso do Mundial de Trial ou TrialGP ao nosso país nos próximos dias 21 a 23 de abril.

Num evento que decorreu com a presença de Nuno Santos, vereador da Câmara Municipal de Gouveia, mas também contando a seu lado com as presenças de Jorge Simões, mais uma vez o responsável da equipa que tem a seu cargo a organização da prova, e ainda Pedro Bianchi Prata como embaixador do evento, foram divulgados os “traços” principais que fazem desta prova uma das mais aguardadas.

Reforçando a aposta do município em trazer até à cidade no distrito da Guarda muito público, que assim poderá explorar livremente as paisagens e beleza natural daquela zona, Nuno Santos acredita que esta edição de 2023, ganha um interesse especial para os fãs da modalidade, mas também para todos aqueles que gostam de motociclismo de uma forma geral, pois a prova será realizada num percurso definido no interior da cidade de Gouveia.

trialgpEste cunho mais urbano ao TrialGP permitirá que os fãs se movimentem facilmente entre as diversas zonas de obstáculos, sem recurso a elementos artificiais, e que assim consigam seguir mais de perto os pilotos.

Este redesenhado percurso no centro de Gouveia terá um total de 12 zonas, todas elas com a obrigatoriedade de serem ultrapassadas com os pilotos a não poderem colocar os pés no solo, sendo que o percurso, a cumprir por duas vezes, incluirá diferentes tipos de obstáculos e pisos, incluindo passagens em bosques e cursos de água, e sempre com a tradicional pedra de xisto como companheira dos pilotos.

Sendo este um campeonato do mundo, teremos em ação, de acordo com a previsão da organização a cargo de Jorge Simões (Talentos Objetivos Clube de Recreio e Enduro), nada menos do que 110 a 120 dos pilotos que competem no mundial, pelo que serão dois dias de alta intensidade e muita espetacularidade típica de uma modalidade onde a destreza e técnica de controlo da moto a baixa velocidade é fator primordial!

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Jorge Simões, organizador, e Dr. Nuno Santos, vereador da CM de Gouveia

Entrevista a Jorge Simões – organização do TrialGP em Gouveia

Aproveitando a presença de Jorge Simões no evento de apresentação que decorreu na BTL, a Revista MotoJornal falou com a face mais visível da organização que garante a presença do Mundial de Trial novamente em Gouveia.

MotoJornal – Quais são as grandes novidades que estão a ser preparadas para este ano?

Jorge Simões – A primeira novidade é que Portugal foi convidado para organizar. E nós aceitámos o desafio.

MotoJornal – O percurso deste TrialGP é concentrado em Gouveia. Vai ser mais fácil de assistir à prova?

Jorge Simões – É super fácil! Primeiro porque as pessoas dirigem-se a Gouveia e ficam logo lá para ver a prova. Podem parar na rua, desde que em locais autorizados, e podem sempre ver três ou quatro zonas dentro do carro.

MotoJornal – Mas quantas zonas são no total?

Jorge Simões – Serão 12 zonas dentro da cidade. Tirando um ou outra que ficam a uns 500 metros da cidade, mas que se pode facilmente chegar a pé ou de carro. Isto porque temos de distanciar ou alargar um pouco os pilotos para não se juntar o último com o primeiro. Tivemos de desenhar um interzonas um pouco mais longo para uma questão de gestão da corrida. Só o monte a que eu chamo de Livre Sagrado (um monte) tem 6 zonas, talvez 7, dependendo da estrutura. Ou seja, as pessoas sentam-se, e estão ali a ver muitas zonas sem terem de mudar de sítio. São zonas muito variadas, e penso que, muito provavelmente, será a única prova no mundo com estas características onde tens tudo.

MotoJornal – Mas é um percurso em piso urbano…

Jorge Simões – Não, não! É isso que eu agora ia dizer. Tens pedra, tens cascalho, tens água, embora a ribeira esteja mais seca, mas tem sempre água, areia, saibro, pedregulhos imensos. Ou seja, é um percurso com tudo. Em Gouveia consegues fazer tudo o que fazem nas outras provas. E atenção, pois não há obstáculos sem ser naturais! Não temos bobines ou manilhas. Nada disso. É tudo natural.

MotoJornal – Os pilotos competem em diferentes classes e não partem todos misturados. Este ano há novidades na ordem de partida dos pilotos?

Jorge Simões – Este ano vamos ter a particularidade de o TrialGP, a classe principal, tanto para os homens como para as mulheres, vai ser a último a partir por estratégia de transmissão para a televisão. Por isso primeiro partem as 125, uma classe nova TR3, com pilotos dos 14 aos 16 anos, depois temos os TR2 que podemos dizer que é a segunda divisão do campeonato do mundo, e depois temos o TrialGP que é o principal do campeonato.

MotoJornal – Muitos motivos de interesse então para o público e os fãs do motociclismo visitarem Gouveia. Há mais novidades que queiras destacar?

Jorge Simões – Sim, este ano a Comissão de Trial da FIM decidiu criar um parque fechado. Isto para existir um maior controlo sobre as motos, como já existe, por exemplo, no enduro, e as motos ficam expostas ao público, que não paga para aceder ao paddock que está no centro da cidade. Claro que não podem tocar nas motos, mas podem circular, ver as motos de perto, e os pilotos vão poder conviver mais com as pessoas porque não estar ali a trabalhar nas motos.

MotoJornal – Em termos de pilotos portugueses, há possibilidade de ter presença portuguesa?

Jorge Simões – Essa é uma pergunta que eu não sei se sei responder como organizador. Mas como aficionado, ou como amante da modalidade, eu gostaria de ver no nosso país ver pilotos a correr. Os custos são muito reduzidos, a inscrição é igual a todas as outras provas em todo o mundo, mas já não precisam de se deslocar grandes distâncias e fazer viagens. Acho que é uma boa oportunidade de os pilotos portugueses do trial, e não só, pois aprende-se muito, como diz o Bianchi Prata, só de ver. Penso que existem duas classes, a TR2, mas nas 125 temos pilotos que têm idade para entrar na TR3. Há em Portugal pilotos com capacidade para participar. Se vão, isso eu já não sei. A mim não me compete dizer isso. Nas senhoras, é verdade que o campeonato é muito competitivo, e existe sempre o primeiro e o último. Só o facto de participarem em Portugal penso que era uma honra para a organização, para a FMP, e até para Portugal, pois teríamos um “P” na classificação do mundial. Porque o que importa é que a “Maria” ou a “Luisa” participaram, o que importa é a aprendizagem. É lógico que nós não temos atletas ou pilotos para serem campeões do mundo, mas podem disputar alguns lugares interessantes. Acho que a prática leva a evoluirmos. Seria uma boa oportunidade, e lanço aqui o desafio à Comissão de Trial para ajudar os pilotos a estarem presentes.

MotoJornal – Portanto, estás a perspetivar um bom fim de semana de mundial de trial em Gouveia?

Jorge Simões – Sim, e sinto-me satisfeito porque existe uma equipa a trabalhar, coesa com a federação, a FMP tem sido incansável, existe uma ligação muito forte. A FIM tem uma pessoa responsável, as agências de comunicação, um designer a tratar da imagem, e todos os dias falamos. E dá gozo trabalhar assim!

MotoJornal – E isso prevê uma continuidade para termos o TrialGP em Portugal nos próximos anos?

Jorge Simões – Os procedimentos normais são públicos e estão na federação. Os clubes que querem organizar têm de estar federados, enviar uma candidatura atempada à FMP, depois, se houver mais do que uma candidatura será feita uma análise pelo presidente da comissão ou direção da federação. Penso que deveriam existir mais candidaturas porque isto de organizar um mundial é cansativo. Sempre as mesmas pessoas, é preciso rodar.

MotoJornal – Até para aparecerem ideias novas…

Jorge Simões – Se houver gente nova, pode acontecer aquela situação de “olha, nunca me lembrei disso…”. E isso é bom para a modalidade. Mas há pessoas que dizem que o querem fazer e vão apresentar-se. Eu como organizador não ando a fazer concorrência a ninguém, por isso se me perguntarem se me vou candidatar, ou a direção do clube vai propor mais uma candidatura… não sei. Se gostava? Gostava. Mas eu sou um mero presidente do clube, sou mandatário de uma direção. Se nos convidarem para ajudar, nós temos alguns conhecimentos e estamos disponíveis.