Volta Rápida: Livro “Por Baixo do Asfalto”

Ismael Margarido aos 63 anos concretizou a viagem que anda a planear há décadas e atravessou a mítica estrada americana, Route 66.

Texto Domingos Janeiro • Fotos Ismael Margarido •

Aos 63 anos de idade, Ismael Margarido, natural de Abrantes, conta com uma vasta “carreira” dedicada às duas rodas. Depois de uma vida inteira a trabalhar, com a reforma antecipada chegou a grande viagem pela mítica estrada americana, Route 66. Uma viagem de três semanas recheada de histórias para contar, imortalizadas agora em livro.

Ismael Margarido, nasceu numa aldeia do concelho de Abrantes, em 1957. De uma série de circunstâncias, o gosto pelas motos foi crescendo e aos três anos de idade, deliciava-se a ouvir a Norton 350 cc do tempo da segunda Guerra Mundial, que ecoava pelas ruas da aldeia. Do pai, herdou o gosto pela técnica e aos dezasseis anos fez a primeira corrida, numa motorizada emprestada. Início dos anos oitenta, nasce a pista de auto-cross em Abrantes e nasce também, pela sua mão, o carro com o qual viria a competir, até optar por se dedicar aos estudos, fazendo uma pausa nos carros e motos.

Ao longo da preenchida vida, trabalhou em diversos Ministérios Públicos e com as primeiras economias, comprou duas motos, uma para estrada e outra para fora dela. Ao longo dos últimos 30 anos, foram muitas as motos que comprou e vendeu e regressou à competição nas motos, já na classe dos veteranos. Na Baja de Portalegre, esteve à partida por trinta ocasiões, em todas as classes de motos, a 2T e 4T, nos moto4 e até nos automóveis! O que nunca dispensou mesmo foi conseguir ter duas motos, uma que lhe permitisse ir assistir ao GP de Jerez e outra para passear ao domingo fora de estrada. Como sempre deu maior importância ao convívio, hoje, aos 62 anos de idade continua a andar de BMW GS1200, numa Vespa 150, uma moto4 e uma V5, para conseguir estar presente nos mais diversos eventos motorizados, na companhia dos amigos que foi colecionando em cada uma dessas “classes”.

Ismael, o que o levou a fazer esta viagem? Por incrível que pareça planeei esta viagem há quarenta e quatro anos. Na altura não havia multibanco nem internet e a força da família ditou a espera. Nesse tempo, ir para o outro lado do Atlântico era uma temeridade. A viagem pela Route 66 aconteceu agora, porque reformei-me de forma antecipada, com uma grande penalização, mas para conseguir fazer tudo aquilo que quero, mas ainda não consegui concretizar, devido ao trabalho e à educação dos meus filhos. A primeira viagem está concluída!

Como correu? O balanço final é muito positivo. Mas quando comecei a viagem estava a nevar e o termómetro marcava dois graus negativos. No “Mid Point” apanhei uma trovoada tão grande que me obrigou a desistir por umas horas. Mas agora à distância, tudo foi maravilhoso.

Foi uma moto alugada? Que moto foi e porquê? Quando fiz os primeiros planos para esta viagem, aos dezoito anos, pensei que para cumprir o espírito da Route 66, tinha de ser numa Harley. Assim foi, creio que foi uma Electra Glide, que carregada com a bagagem, talvez ultrapassasse os quatrocentos quilos de peso. Aluguei a moto em Chicago e entreguei-a em Los Angeles.

Teve alguns contratempos na viagem? Alguns sim, mas todos resolvidos da melhor forma. É isso que está agora escrito neste livro e ao lerem, tenho a certeza de que vão aprender muita coisa, até como os polícias nos mandam parar nos Estados Unidos…

Quais foram os melhores momentos da viagem? E os piores? Os piores momentos foram causados pelo clima. Neve, granizo e chuva. Mas os melhores, acabaram por ser todos, porque até as intempéries tiveram a sua beleza. Quando parti da placa “Begin Route 66”, estava a nevar…

Porquê escrever o livro? Quando regressei dos Estados Unidos, as emoções transbordavam e decidi começar a colocá-las no papel. Como durante a viagem fui tirando apontamentos, penso que consegui compilar uma história repleta de sentimentos, poesia e grandes músicas. Agora, depois de ler as minhas palavras no livro, percebi que posso ajudar as pessoas a fazerem a Route 66, sem saírem do sofá. Ao lê-lo, podem mesmo sentir o cabelo a esvoaçar ao vento, como também o frio e o calor a baterem-lhes na cara.

O que relata o livro? O livro descreve todo o percurso da Route 66. As aventuras e desventuras do autor.