Yamaha Niken, a revolução?

A Yamaha Niken é um veículo que nos deixou muito curiosos desde o momento em que foi anunciada a sua produção. Uma moto com três rodas que se conduz como uma de duas rodas é uma aposta arrojada. Fomos aos Alpes Austríacos para saber se esta é a revolução que a Yamaha anuncia.

É sem dúvida a novidade mais revolucionária dos últimos temos o que a motos diz respeito. A Niken é uma moto que desperta curiosidade a qualquer motociclista. Quer se goste ou não do conceito, depois de 300 km feitos com ela, uma coisa é certa, merece no mínimo ser experimentada. Pode estranhar à vista, mas depois de nos sentarmos e arrancar com ela tem tudo para nos convencer. Pode não ter sido pensada para motociclistas experientes, mas as suas vantagens em segurança e a confiança que transmite é benéfica para todos os que a utilizem.
O conceito LMW (Leaning Multi Wheels) da Yamaha é simples, ter a vantagem de três rodas, mas todo o prazer de curvar inclinado de uma moto. Durante 300 km testamos este sistema, com resultados que nos deixaram surpreendidos de forma positiva. Não será uma revolução, até porque se conduz como uma qualquer outra moto, mas claramente é uma evolução que torna a utilização de uma moto muito mais segura.

[cq_vc_sidebyside card1title=”DESTAQUES” card1titlecolor=”#ffffff” card1content=”Cilindrada: 847 cc
Potência: 115 CV/10.000 rpm
Binário: 87,5 Nm/8.500 rpm
Peso: 263 kg
Preço: 15.901 €” card1contentcolor=”#ffffff” dividerbg=”#ffffff” dividercolor=”#333333″ card2avatar=”image” card2image=”11604″ cardshape=”cq-rounded” cardstyle=”customized” card1bg=”#5967ea” card2bg=”#e2791d”]

Com toda a naturalidade

Arrancar com a Niken pela primeira vez não é muito diferente de arrancar com qualquer outra moto que pese 260 kg. Parados a largura do assento pode causar algum desconforto a quem tenha as pernas mais curtas, mas depois de arrancar nada é estranho. O peso que toda a estrutura da frente adiciona à Niken é o ponto negativo do conceito, mas este peso quase não se nota na direcção da Niken quando estamos em movimento. É na aceleração e travagem mais notamos que os quilos extra estão lá. Fora estes 40/50 kg em “excesso”, tudo na Niken é cativante desde os primeiros metros. Em menos de nada estamos a conduzi-la como qualquer outra moto de duas rodas. Para se fazerem curvas há que fazer o que toda a vida fizemos, inclinar para o centro das mesmas e a Niken responde à contra-brecagem da mesma forma que qualquer outra moto. Ou seja, as técnicas de condução que temos de aplicar não mudam, não temos de transformar a forma como andamos para a conduzir, temos apenas de evoluir para os novos níveis de aderência que temos na frente.

…depois entranha-se

Nunca chegamos a estranhar a condução da Niken, rapidamente nos esquecemos das duas rodas na frente. Passamos a aproveitar a forma “plantada” e segura com que desenhamos as trajectórias sempre seguros de que a frente vai para onde a apontamos. Durante o longo percurso que realizámos foram muitos o diferentes pisos encontrados. Desde o bom ao em mau estado, com gravilha solta e molhado, tivemos de tudo um pouco, até empedrado. Em todos a Niken manteve a mesma segurança. Transmite sempre um nível de confiança grande que nos leva a ir sempre um pouco mais rápido a entrar mais descontraídos para a curva seguinte. Sempre que surgem, os limites vêm da roda traseira. Há que nos habituar à ausência de informação transmitida pela direcção nas motos de frente convencional. O guiador, sem ligação directa às suspensões, deixa de nos dar o “tacto” dos movimentos e reacções da(s) roda(s). Não sentimos o que se passa mas o aumento de confiança mas é muito natural e surge com o passar dos quilómetros.

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Para mover a Niken, a Yamaha escolheu o seu muito apreciado CP3, o tricilíndrico de 847 cc que iniciou carreira na MT-09. Este tem 115 cv de potência, uma binário de 87,5 Nm e, acima de tudo, uma resposta muito linear e forte em todos os regimes. Para equipar a Niken este motor viu a caixa de transmissão reforçada para lidar com o peso extra. A cambota teve a sua massa aumentada, para uma melhor distribuição do binário, e a relação final foi encurtada.
A condução da Niken é agradável e solta, com o tricilíndrico a dar boa conta de si a mover o peso extra que aqui tem a seu cargo. Sente-se que parte do brilhantismo que encontramos na resposta ao acelerador nas Tracer e MT, aqui fica um pouco apagado. Não há aquele sentimento de urgência quando se “abre o punho”, a Niken anda para frente, mas não salta como uma MT. É natural.

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O desenvolvimento da Niken baseou-se na premissa “Maximum Cornering Performance”, as melhores prestações em curva. Para tal foi desenvolvida uma estrutura dianteira totalmente nova, que bebe parte dos princípios já usados na scooter Tricity. São usadas duas rodas fixas a estruturas com duas forquilhas de cada lados. No topo um sistema de paralelogramo garante que a Niken se pode inclinar para as curvas mantendo a direcção. No que respeita a amortecimento, cada roda trabalha de forma independente, mesmo quando inclinada.
Cada uma das forquilhas usadas têm funções diferentes. A traseira é de 43 mm e tem garante o amortecimento, com todas as afinações normais de uma forquilhas. A dianteira tem um diâmetro menor, de apenas 41 mm, e a sua função primordial de manter o sistema alinhado. Distancia entre rodas é de 410 mm, o afastamento que garante os melhores resultados. Os 460 mm de distância entres rodas, para a classificação de triciclo que permitiria a condução com carta de automóvel, nunca foi um objectivo. A Yamaha não quis ter condutores de automóveis a conduzirem um veículo com estas prestações de forma tão directa.
As rodas dianteira são de 15 polegadas com pneus de 120 mm, mais pequenas que as normais de 17″, reduzindo o peso sem perder estabilidade. Atrás mantêm-se a normal de 17″ com um pneu de 180 mm.

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Quantificar o preço de uma moto tão inovadora não é simples. Se virmos que a Niken custa pouco mais de 3000 € que a Tracer GT, surpreende a pequena diferença para um veículo que tem tanta tecnologia e horas de desenvolvimento associadas. Isto sem pensar nos vários elementos extra que tem, como as forquilhas, rodas e pneus, que foram desenvolvidos especificamente para a Niken. Além do mais tudo na Niken foi desenhado com grande preocupação com a qualidade, construção e materiais. Assim, os 15 901 € que neste momento temos de desembolsar para ter acesso a uma Niken, parecem-me um valor muito simpático e mais que justo.

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Yamaha Niken
Um dos pontos menos positivos é a protecção aerodinâmica. O pequeno ecrã garante uma estética muito apelativa mas garante pouca protecção, um mais alto deverá ser fácil de instalar.


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Yamaha Niken
Os comandos da Niken obrigam a um período de adaptação para o conseguirmos usar em andamento. Através deles podemos aceder a muitas funções onde se inclui o cruise control

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Yamaha Niken
Do lado direito os comandos dão-nos acesso à ignição do motor, aos modos de motor e ao “piscas” de emergência.

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Yamaha Niken
O painel de instrumentos da Niken utiliza um fundo negro que o torna muito elegante e garante uma leitura muito fácil de toda a informação disponível.

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Yamaha Niken
O controlo de tracção é definido numa tecla colocada no painel de instrumentos. Pouco lógico é o facto de só poder ser operado com a moto parada, caso contrário na é possível alterar o seu nível de actuação.

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Pendurados na frente da Yamaha Niken

Com um ritmo bem animado começamos a sentir que é a roda traseira quem vai ceder primeiro. Em zonas de piso molhado torna-se mais simples encontrar os limites e é de facto atrás que se vão sentindo algumas escorregadelas. O controlo de tracção vai mostrando a sua presença até o desligarmos. É um sistema semelhante ao utilizado pelas restantes motos equipadas com o motor de três cilindros CP3. Tem dois níveis de actuação e pode ser desligado. Totalmente ligado garante uma aderência perfeita, sem se notar muito quando intervém. No modo mais permissivo vai deixando a roda traseira ter alguma “vida” nas acelerações mais fortes, mas segurando o conjunto quando exageramos.
Contudo, em piso de boa aderência, este motor garante uma excelente capacidade de aceleração, com grande tracção. Com o controlo desligado é possível disfrutar de toda a diversão é possível com a Niken, que claramente, tem muito mais aderência na frente que na traseira. Sair de curva com a roda traseira num ligeiro deslizar é algo que se faz com “naturalidade” sempre que andamos mais depressa. À frente não descobrimos os limites nem, em altura alguma, sentimos estar perto deles. Nem mesmo na travagem, que se torna bem mais eficaz com as duas rodas dianteiras. A capacidade de travagem é superior à permitida pela roda simples. Podemos travar com alguma segurança mesmo em curva.

As qualidades inerentes a uma moto

Colocando de lado o facto de ter três rodas e olhando para a Niken com a fria análise que normalmente colocamos numa moto encontramos qualidades de excelência. Começamos pelo equipamento que a Niken tem de base. No campo da electrónica esta moto possui vários elementos de ajuda, como é o caso do já mencionado controlo de tracção que peca apenas por termos de parar a moto sempre que queremos alterar o seu nível de actuação. Na caixa existe um quick-shift para nos facilitar as passagens de caixa. No arranque de parado, o motor sobe automaticamente de rotação quando começamos a largar a manete para facilitar o ponto de embraiagem. No lado do conforto o cruise-control é mais um bom aliando nas viagens longas.
 O conforto em geral é bom a bordo da Niken, com uma posição de condução que nos coloca numa posição relativamente direita, mas ainda assim com um bom domínio sobre o guiador. O assento é firme mas bem desenhado e largo, garantindo um bom suporte. No que respeita à protecção aerodinâmica, a Yamaha apostou mais na estética que na eficiência. A frente da Niken garante uma boa protecção até chegarmos ao diminuto ecrã. Este é muito baixo, claramente a pensar em manter a bonita silhueta do modelo. Contudo é fácil colocar um ecrã mais alto e no próximo modelo não deverá custar muito aos engenheiros da Yamaha criar um sistema com regulação em altura.

[vc_custom_heading text=”Queres saber com todo o detalhe como funciona a dianteira da Niken? O vídeo técnico deste Link tem uma explicação completa das principais características do sistema.” font_container=”tag:h2|text_align:left|color:%23f79a0e” link=”url:https%3A%2F%2Fmotopt.pt%2Fniken-video-tecnico%2F||target:%20_blank|”]

No final dos quase 300 km que fiz, uma conclusão é clara. O sistema de três rodas funciona e tem grandes vantagens, em especial para quem procura segurança e poucos lados negativos. Do lado negativo aquele que mais me incomodou foi mesmo o peso. Ainda assim não o suficiente para estragar a experiência, porque a estrutura da Niken esconde bem o peso que tem. Face a uma Tracer 900, a moto de duas rodas da Yamaha que está mais próxima da Niken, esta pesa mais cerca de 45 kg. Não é demasiado, tendo em conta tudo o que a Niken tem a mais na sua frente e sente-se mais durante as acelerações e travagens e não tanto entre curvas.
Quando se olha para a frente da Niken despida, vê-se que tudo foi construído para que não falhasse. As peças são volumosas, de aspecto robusto, claramente em excesso. Com o avançar desta tecnologia acreditamos que há muito por onde cortar e baixar o peso.

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Convence e abre caminho a novas alternativas

Uma situação curiosa, que prova a facilidade de condução da Niken e a confiança que transmite foi a coesão do ritmo de viagem de todo o grupo ao longo do dia. Em todas as apresentações é natural que o grupo em que rodamos fique sub-dividido em vários pequenos grupos, os diferentes ritmos de condução de cada participante isso ditam. Há invariavelmente uns quantos que se colam no líder e o “empurrem” para que se ande sempre rápido enquanto outra parte vai ficando para trás. Durante a apresentação da Niken o grupo andou sempre bastante unido, com os menos rápidos a não ficarem tão para trás como é usual. 
Esta parece-me uma prova de que a Niken realmente ajuda a uma evolução na capacidade de condução dos menos experientes, dando-lhes um maior à vontade. Em conversas de final de dia os menos experientes focaram-se muito na confiança que o sistema transmite, que lhes permite explorar um pouco mais de inclinação e velocidade em curva, algo que antes não se aventuravam a fazer.
Da minha parte senti ter deixado uma boa margem de segurança por explorar. 
A Niken é um conceito que tem potencial para outro tipo de projectos que nesta fase devido ao peso que envolve, deverá seguir um caminho que mais virado para o turismo. O mercado tem estado responder bem, com as vendas, que são feitas online, a bom ritmo e sem que os clientes tenham tido a possibilidade de testar.