Após um dia inteiro a competir no circuito Bugatti, chegou ao fim a 46ª edição das 24 Horas Motos em Le Mans, corrida que deu início à temporada 2023 do Mundial de Resistência FIM e que contou com a presença do piloto português Pedro Nuno, este ano a competir inserido na histórica equipa Team Bolliger Switzerland #8.
A prestação do piloto português e da equipa suíça liderada pelo diretor Kevin Bolliger acabou por ser afetada por diversas contrariedades e situações que impediram o Team Bolliger Switzerland #8 de atingir um resultado final condizente com o ritmo que apresentaram.
Tal como a Revista MotoJornal foi publicando ao longo das 24 Horas Motos em Le Mans, através das reportagens e vídeos ( clique aqui ) do nosso jornalista Bruno Gomes, que esteve este fim de semana integrado na equipa, Pedro Nuno estreou-se em bom nível na categoria principal EWC. A competir pela primeira vez na sua carreira com uma Kawasaki Ninja ZX-10R, o piloto português esteve consistente nas suas voltas e tempos obtidos, denotando algum cansaço e fadiga muscular nos stints finais, situação natural não só pela queda que sofreu na segunda qualificação na sexta-feira passada, como também pelo esforço de rodar na competitiva categoria EWC num traçado exigente como é o circuito Bugatti.
Sem se deixar atemorizar pelo passar das horas e inclusivamente uma queda devido a um highside na curva 5, Pedro Nuno foi conseguindo cumprir os seus stints, completando um total de oito entradas em pista, tendo registado a sua melhor performance no quinto stint, quando entrou em pista com um atraso de 50 segundos para o piloto à sua frente na classificação Geral, e conseguiu cortar essa diferença para apenas 5 segundos no final do stint de 30 voltas, o que ajudou a deixar o Team Bolliger Switzerland #8 mais perto do objetivo que era lutar pelo “top 5”.
Esse objetivo viria, no entanto, a escapar, pois não só a queda do Pedro Nuno obrigou a uma reparação mais prolongada (18 minutos) na box, com a Kawasaki Ninja ZX-10R a ter de receber muita atenção da parte dos mecânicos liderados por Kevin Bolliger. Mas já antes disso a moto tinha apresentado problemas de eletrónica, resolvidos com uma troca de quickshift, e Marcel Brenner, companheiro de equipa do piloto português, não evitou uma queda numa troca de pilotos na box. A moto japonesa, apesar de permitir registar bons tempos por volta, apresentou alguns problemas de travagem, com o Team Bolliger Switzerland #8 a ter de trocar de travões diversas vezes, e ainda dificuldades em realizar rapidamente as trocas de pneus.
Mesmo assim, Pedro Nuno, Marcel Brenner e ainda Nico Thöni deram tudo por tudo para conseguirem sempre recuperar desses azares, e um último stint deixou-os em 11º na Geral e 9º na classe EWC, um resultado moralizador para a equipa e que deixou Pedro Nuno num bom patamar de performance no Mundial de Resistência FIM.
“A corrida foi positiva de uma forma geral, principalmente por ter sido a primeira na categoria EWC. Tivemos alguns azares eletrónicos, juntando à minha queda, o que não nos ajudou muito nos nossos objetivos. Mesmo assim chegámos ao fim com um bom ritmo de todos os pilotos, e estou muito satisfeito por ter cumprido esta corrida de 24 horas e finalizar este desafio. Fisicamente senti alguns problemas devido às quedas e não só, mas esta corrida ajudou-me bastante a perceber onde tenho de melhorar. O frio durante a noite foi muito duro, temperaturas muito baixas, dificultaram a pilotagem. Foi também um momento importante para mim, pois foi a primeira prova com o Team Bolliger Switzerland, e senti-me super bem no seio da equipa, fui bem recebido, e os meus companheiros de equipa ajudaram-me bastante na adaptação à nova moto, a Kawasaki Ninja ZX-10R. Quero agradecer ao Kevin e a toda a equipa e já estou ansioso pela próxima prova em Spa, e também agradecer a todos aqueles que me deram força com as suas mensagens de apoio durante a prova”, disse o piloto português em declarações exclusivas à Revista MotoJornal.
Quanto à vitória nestas 24 Horas Motos em Le Mans, e perante uma moldura humana de mais de 77 mil pessoas, a vitória acabou por ficar na posse da FCC TSR Honda France. A equipa de fábrica da marca japonesa, composta pelos pilotos Josh Hook, Alan Techer e Mike di Meglio, iniciou da melhor forma a defesa do título, evitando grandes azares.
Ainda assim, a FCC TSR Honda France viu-se envolvida num toque com outra equipa candidata à vitória, a Yoshimura SERT Motul, logo no momento de arranque, que deixou a Suzuki praticamente fora de prova. Apenas com um grande esforço por parte dos mecânicos, a que se seguiu uma prestação irrepreensível dos pilotos Gregg Black, Sylvain Guintoli e Etienne Masson, a antiga campeã voltou aos lugares de “top 10”, terminando as 24 Horas Motos em Le Mans em 7º.
Refira-se ainda que o pódio à geral ficou completo com a presença da YART e da BMW Motorrad World Endurance Team, respetivamente 2º e 3º classificados.
A próxima ronda do Mundial de Resistência FIM será as 24 Horas de Spa Francorchamps na Bélgica, de 16 a 18 de junho.