Texto Vitor Martins • Fotos Harley-Davidson
50 anos a andar de lado!
O nome pode não ser familiar deste lado do Atlântico, porque a XR750 é uma moto de competição. Veio substituir a KR em 1970 quando o regulamento do AMA Grand National Championship foi alterado para equilibrar as forças entre H-D e construtores japoneses e britânicos. O Grand National incluía corridas de flat track e velocidade, e a Harley dominava com a KR. E depois continuou a fazê-lo com a XR750: a moto venceu 29 dos 37 títulos possíveis entre 1972 e 2008! A versão de velocidade da XR era a XRTT.
«A XR750 é a moto que acumula mais vitórias que qualquer outra na história das pistas da AMA Pro Racing. A empresa aproveita este aniversário para prestar homenagem a todas aquelas pessoas que a desenharam, fabricaram e pilotaram durante estes anos de competição», diz Jon Bekefy, actual diretor geral de Global Brand Marketing da Harley-Davidson. Antes da XR750 a Harley-Davidson dominava porque o regulamento permitia motores de válvulas laterais com 750 cc, mas limitava os motores com válvulas à cabeça a apenas 500 cc.
O regulamento igualou o limite máximo de cilindrada nos 750 cc, independentemente do tipo de distribuição, permitindo assim a entrada das populares motos britânicas de 650 cc.
Dick O’Brien, então director do departamento de competição da moto britânica, tinha um budget limitado para conceber uma nova moto. Assim, pegou no existente motor da Sportster da altura, que tinha 900 cc, manteve os cilindros e as cabeças de ferro, mas reduziu-lhe o curso para chegar ao limite de 750 cc. O motor teve que ser redesenhado em 1972 porque sobre-aquecia; os cilindros e as cabeças passaram a ser de alumínio, e as cotas internas foram alteradas. O diâmetro aumentou e o curso foi reduzido. Segundo as regras da altura, a moto tinha que ser homologada e vender pelo menos 200 unidades; custava 3200 dólares.
Era o início de uma longa carreira de sucesso, e entrou para a história como ‘a moto de competição mais bem sucedida de todos os tempos’. Para além dos resultados desportivos, a XR750 ficou ainda mais conhecida porque foi a moto usada por Evel Knievel entre 1970 e 1976 para os seus alucinantes saltos. Uma das suas motos faz parte da exposição ‘America on the move’ do Museu Nacional da História Americana, em Washington DC.
Uma XR750 fez também parte das 114 motos da exposição ‘The Art of Motorcycle’, que esteve patente durante três meses no Guggenheim Museum de Nova Iorque em 1998. Em 2016 a Harley-Davidson voltou a renovar a sua moto de flat track, dotando-a com o motor Revolution X refrigerado por líquido da Street 750, passando a chamar-se XG750R.
A XR750 foi também a inspiração para a XR1200, um modelo da gama Sportster lançada em 2006. A Harley-Davidson lançou originalmente este modelo apenas no mercado europeu, mas acabou um ano depois por comercializá-lo também nos Estados Unidos, respondendo assim ao desejo da clientela americana. A produção da XR1200, com estética flat track, terminou em 2012.