Se é verdade que o Rali Dakar sob a alçada da ASO, e que agora se disputa num único País, Arábia Saudita, é a competição rainha do “off road” mundial, também não deixa de ser verdade que muitas vozes se “fazem ouvir” contra o rumo que este tipo de competições cross-country e ralis está a levar. Por isso o Africa Eco Race procura cada vez mais tornar-se numa prova que marca o regresso às origens.
E a edição que arranca no final deste mês reforça mais esta intenção.
Com arranque previsto para 30 de dezembro no Mónaco e fim em Dakar a 14 de janeiro, no icónico Lac Rose, a décima quinta edição do Africa Eco Race dá as boas-vindas a mais novidades na categoria Motos.
Com as atuais regras de cross-country a reservarem o calendário mundial para motos equipadas com motores monocilíndricos de 450 cc, muitos fabricantes de motos começaram a focar o seu interesse noutras competições que lhes permitam mostrar as capacidades dos seus modelos aos potenciais clientes.
Aliás, essa foi a justificação para a Yamaha abandonar o Rali Dakar, pois queria utilizar a popular Ténéré 700 em competições “off road” e estava impedida de o fazer. Pelo menos ao mais alto nível.
Pois bem, a organização do Africa Eco Race está a procurar (e a consegui!) atrair as mais diversas marcas, prometendo-lhes um nível de exposição das suas motos “comerciais” sem rival.
Assim, este ano podemos destacar uma batalha que se antevê intensa entre a Yamaha e a Aprilia. No caso da marca japonesa teremos os pilotos Pol Tarrés e Alessandro Botturi aos comandos da Ténéré 700, enquanto a marca italiana tem vindo a preparar a Tuareg 660 que será pilotada por Jacopo Cerutti e ainda por Francesco Montanari.
Por outro lado, mas também a mostrar toda a abrangência e até polivalência dos regulamentos, em ação no Africa Eco Race teremos ainda a “maior” Harley-Davidson Pan America 1250 pilotada por Joan Pedrero. O piloto espanhol enfrenta aqui um desafio como até agora ainda não tinha tido, mesmo tendo em conta os grandes resultados que tem conseguido com a maxitrail americana noutras provas em tempos recentes.
E como se tudo isto não fosse suficiente para conquistar o interesse dos apaixonados pela fórmula original do Africa Eco Race, sabemos já que a Ducati, cada vez mais focada em expandir a sua atividade competitiva para o “off road”, está a preparar uma versão de competição da Desert X que, no futuro, também estará inscrita nesta prova africana.
Tudo isto parece antecipar um novo mundial de ralis que permita motos equipadas com motores de maior cilindrada do que os 450 cc, para além de motores com mais do que um único cilindro, como acontece atualmente em provas como o Rali Dakar. Tudo indica que a Federação Internacional de Motociclismo, liderada por Jorge Viegas, já se encontra a trabalhar nos detalhes deste mundial.
O arranque oficial do Africa Eco Race será no Mónaco, de onde os participantes partem por barco rumo ao continente africano. Depois terão de enfrentar um total de 12 etapas através de percursos e trilhos variados em países como Marrocos, Mauritânia e Senegal, com um dia de descanso pelo meio. No final, os pilotos terão percorrido mais de 6.000 km!
Ao nível da competição das Motos, este ano teremos algumas novidades.
Os concorrentes das motos estarão divididos em três classes: 450 cc, mais de 450 cc e ainda uma classe dedicada a motos com mais de um cilindro e com mais de 650 cc. Para além disso, existirá a possibilidade de participar na prova, mas sem ser em formato competitivo. A denominada classe Raid permite aos participantes seguirem de perto a prova oficial, partilhar o bivouac e sentir o “sabor” do que muitos consideram ser o verdadeiro espírito do Rali Dakar.
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