Com quatro scooters de qualidades únicas, tentámos desbravar a selva que é hoje em dia circular no centro de Lisboa, para garantir esta sessão fotográfica, num caos de mobilidade urbana. BMW C400 X, Honda Forza 350, Kymco Xciting 400 VS e Yamaha X-Max 300 esgrimem qualidades de mobilidade que fazem delas umas das melhores companheiras para enfrentar os desafios de cidades muito movimentadas.
Face às mais pequenas “cento e vinte e cinco”, estas scooters de maior cilindrada apresentam uma real vantagem para quem tem de vir de zonas limítrofes dos grandes centros, circulando em vias-rápidas onde a velocidade máxima faz a diferença entre andar no limite e a fundo ou rolar tranquilamente a “meio gás”. São mais pesadas e volumosas que algumas opções com motores menores, mas têm também um nível de conforto superior, especialmente para dois adultos, espaço de arrumação e equipamento.
Este segmento começou por ter uma maioria de modelos com motores de 300 cc, que foram crescendo, sendo agora um misto que se eleva até aos 400 cc. Neste trabalho, juntámos 4 exemplares que se colocam no patamar mais elevado de preços, começando pouco acima dos 6000 euros e subindo até próximo dos 8000 euros.
Leia também – Comparativo Maxi Scooter desportivas
Entre elas, encontramos soluções que se adaptam melhor a diferentes gostos, desde os que querem um veículo mais dinâmico e desportivo até aos que querem mais proteção e conforto. As duas mais compactas são a Yamaha Xmax 300 e a BMW C 400 X, ficando a Honda Forza 350 e a Kymco Xciting 400 no patamar das mais volumosas, mas a diferença é pequena, sendo a Honda, mesmo uma das mais leves. Mas avancemos para ficar a conhecer cada uma melhor.
BMW C400X
A BMW C400X aparenta ser a mais compacta e destaca-se com grande agilidade para nos ajudar na mobilidade urbana. Embora seja uma das scooters mais pesadas, o guiador alto e largo garante um bom controlo da direção. Com um motor de 350 cc, fica a meio caminho no que diz respeito às prestações, embora em cidade e espaços curtos esta não seja uma vantagem demasiado evidente.
Mas é o preço, nível de equipamento e posicionamento mais desportivo que a elevam para um patamar diferente. Assim que nos sentamos aos seus comandos e a ligamos, encantam-nos as cores, animação e luminosidade do painel de instrumentos em TFT. Através deste último, podemos aceder a muita informação e ligá-lo ao nosso smartphone para expandir ainda mais as suas capacidades de comunicação.
BMW C400X
Preço: 7.100 €
Cilindrada: 350 cc
Potência: 34 cv
Peso a cheio: 206 kg
O seu preço base é um dos mais elevados entre as quatro, um pouco acima dos 7000 euros, apenas batido pela dispendiosa Kymco. Com uma carenagem frontal pouco volumosa e um ecrã pequeno e baixo, esta é a scooter mais compacta e isso acaba por se refletir na forma mais solta com que se deixa conduzir em ambiente urbano.
É ágil de direção e incita-nos a rodar com decisão, algo que a resposta mais contundente do motor também ajuda. Esta unidade sente-se “cheia” acompanhada pela Honda e Kymco no que respeita ao tato do motor. Conforto não é o forte da BMW C400X, ainda que não seja desconfortável. As suspensões são firmes, mas funcionam bem na filtragem de pequenas irregularidades, ao contrário de algumas das outras.
Tem controlo de tração de série, um sistema que funciona bem em bom piso, mas se torna muito limitante em zonas de empedrado ou com muitas irregularidades. Com piso seco, optamos por tê-lo muitas vezes desligado. A travagem, a única a apresentar dois discos na frente, é francamente superior às restantes, e o ABS funciona bastante bem, sem se mostrar intrusivo quando é acionado.
Honda Forza 350
A Honda Forza 350 é uma evolução muito bem-sucedida em relação à anterior 300, mantendo todas as qualidades de conforto e acrescentando melhorias nas prestações que fazem toda a diferença. Não é muito mais rápida do que o modelo que testamos no passado, mas ganhou um extra de resposta ao acelerador que retira a sensação de que era “ligeiramente curta”.
É um dos modelos melhor equipados de base, com um funcionamento muito bom de quase todos os componentes. Assim que assumimos os comandos da Forza, sente-se que a qualidade de todos os elementos é elevada, em paridade com as unidades mais caras deste trabalho, onde as exploramos em mobilidade urbana.
Honda Forza 350
Preço: 6.350 €
Cilindrada: 330 cc
Potência: 29 cv
Peso a cheio: 184 kg
O painel de instrumentos reforça essa sensação, com um desenho muito sóbrio, de leitura fácil e um excelente nível de informação, incluindo temperatura ambiente, tempo de utilização e médias de consumo. O para-brisas é o único entre as scooters aqui presentes que pode ser regulado durante a condução. Sobe e desce ao toque de um botão com grande rapidez, o que permite ter sempre a melhor proteção.
Por baixo do assento, que oferece um bom apoio, ainda que não seja o mais macio, apresenta-se um bom espaço de arrumação, que arrisca ser o maior do comparativo. Em condução, a Forza faz tudo com grande perfeição, é neutra em todas as suas reações, muito fácil de levar, cumprindo em levar-nos, de forma confortável, prática e eficiente até ao nosso destino.
O motor empurra sempre com força, e a transmissão é muito precisa na forma como atua, especialmente quando temos de manobrar a baixa velocidade. A travagem é muito eficiente, quase tão boa como a da BMW que usa dois discos na frente. As suspensões são firmes e sacrificam ligeiramente o conforto se as irregularidades forem mais pronunciadas, especialmente a unidade traseira, ponto que gostaríamos de ver melhorado.
Kymco Xciting VS 400 LE
Com uns “verdadeiros” 400 cc de motor, a Kymco Xciting VS 400 LE é a scooter mais encorpada deste lote, e isso nota-se também no seu peso, o mais elevado. É uma scooter que atrai pela sua estética, especialmente na decoração “alegre” desta versão LE (Limited Edition).
Assim que assumimos os seus comandos, nota-se a qualidade em muitos dos seus elementos, como é o caso das manetes, as únicas com regulação, e a existência de um travão para quando a moto está estacionada, muito útil nas inclinadas ruas do centro de Lisboa.
Kymco Exciting VS 400 LE
Preço: 7.790 €
Cilindrada: 400 cc
Potência: 34 cv
Peso a cheio: 213 kg
O seu motor mostra o seu maior potencial em cilindrada, parecendo rodar um pouco mais “folgado” do que os restantes quando nos aventuramos em estrada aberta ou vias-rápidas. Embora vigoroso em aceleração, permite que a BMW e a Honda se aproximem no tato de aceleração.
Apesar do desenho arrojado e desportivo, a verdade é que esta Kymco brilha pelo bom nível de conforto oferecido pelo assento, amplo espaço para os dois ocupantes e proteção aerodinâmica. O “vidro” pode ser regulado em altura de forma manual, permitindo ganhar mais conforto em estrada ou melhor visibilidade na cidade.
As suspensões garantem um bom funcionamento, tendendo ligeiramente para serem macias. Com o vidro na posição mais alta e a suspensão traseira com as molas na pré-carga mínima, a Xciting tende a abanar um pouco em condições de mais vento. Mas em mau piso, isso traduz-se numa resposta mais suave e confortável.
Yamaha XMAX 300
Com a evolução do segmento, a Yamaha Xmax 300, que no passado já teve uma versão “400”, é agora o modelo mais pequeno dentro deste lote. Em termos de resposta do motor, isso agora faz-se notar, mostrando-se o pequeno monocilíndrico de 292 cc o mais “curto”.
Ainda assim, continua a ser um dos mais agradáveis de utilizar, com um nível de vibrações contido e bom tato de acelerador. A resposta, embora imediata, é mais suave, quase melosa, levando-nos para a frente com vigor, mas sem aquela “tensão” que fazia a diferença no motor da primeira geração “300”. Continua a ser uma unidade bem desenhada, com um equilíbrio interno bem conseguido.
Yamaha XMAX 300
Preço: 6.495 €
Cilindrada: 292 cc
Potência: 28 cv
Peso a cheio: 183 kg
O modelo surge este ano com uma renovação estética, agora mais moderna e que garante também uma mais fácil utilização. O desenho do assento foi revisto para permitir que se chegue melhor com os pés ao chão, uma queixa recorrente ao modelo anterior. A maior qualidade da XMAX é o comportamento muito são da sua ciclística, que foge bastante ao normal tato de uma scooter.
A XMAX usa uma forquilha “completa”, com bainhas compridas que ficam ligadas às duas mesas de direção, acima e abaixo da coluna de direção, tal como numa moto, ao invés do mais típico das scooters que usam pequenas forquilhas que sobem apenas até à parte inferior da coluna de direção. Isto resulta num comportamento da frente muito superior ao que se pode esperar.
É, por isso, uma das scooters mais divertidas de “pilotar”. O pisar da roda dianteira, com elementos bem mais longos, é muito estável e capaz de ultrapassar sem qualquer dificuldade as irregularidades do piso. As suas dimensões e peso mais contido “do lote” fazem da Xmax 300 uma companhia perfeita para quem passa a maior parte do tempo dentro “da urbe”.
Conforto a Bordo:
A posição de condução destas quatro scooters aposta bastante no conforto, com espaços amplos e assentos largos e macios. Entre todas, a BMW é a que apresenta uma diferença mais acentuada, apostando numa postura mais reta e sobre o guiador. A posição dos punhos é a mais direita, quase como se estivéssemos a segurar numa barra, e este conjunto acaba por nos colocar numa disposição mais dinâmica de condução.
A Honda e a Kymco têm a posição mais descontraída, ambas com excelente espaço nos pés para podermos assumir duas posições distintas de condução, com as pernas curvadas e pés assentes na plataforma ou com estes apoiados no “avental” e as pernas esticadas. A Honda peca apenas por ter menos espaço de assento para o condutor; o encosto poderia recuar 2 ou 3 cm e faria toda a diferença para utilizadores de maiores dimensões.
A Yamaha acaba por ficar a meio termo entre ambos os cenários. O assento é o que fica mais baixo em relação à colocação e altura do “guiador”. Estamos defendidos da deslocação do vento, piso sujo e intempéries, uma das grandes vantagens das scooters, e estas não são diferentes neste aspeto. Todas garantem uma boa proteção para pernas e zona inferior do tronco, mas diferem na parte superior.
A BMW volta a ser a que mais difere sendo muito ligeira no que respeita à proteção aerodinâmica, com um vidro superior bastante pequeno face às restantes e sem regulação em altura. Garante o essencial, mas nada mais. A Yamaha segue-a na ligeireza, mas ficando alguns furos acima, bem mais próximas das excelentes qualidades das duas outras, ambas exímias ferramentas de mobilidade urbana.
Honda e Kymco são as “rainhas” do conforto quando falamos de deslocação de ar, com a Honda a ter uma ligeira vantagem na proteção e pelo facto prático de que a regulação do seu vidro se faz de forma elétrica. A regulação da Kymco é manual e não é simples de se conseguir realizar com a moto em movimento. No caso da Yamaha existem apenas posições fixas e são necessárias ferramentas para fazer a alteração.
Muita Arrumação:
No que respeita ao espaço de arrumação debaixo dos assentos, Honda e Yamaha são claramente as vencedoras, com duas amplas zonas que aceitam facilmente dois capacetes e bastante mais objetos ou peças de roupa, como um ou dois impermeáveis.
Kymco e BMW confiam em duas soluções diferentes. O espaço da Kymco que aceita um capacete integral e mais alguns objetos tem o defeito de ter acesso apenas pela zona do assento do condutor, ao invés do que se passa com as restantes, cujo assento abre na totalidade dos dois lugares. A BMW precisa de usar o sistema Flexcase, com o qual o fundo do espaço de arrumação desce para ocupar a zona livre de movimento da suspensão traseira, para poder receber um capacete integral quando parada.
Em movimento, com o fundo recolhido, a capacidade de carga é bastante contida, dando apenas para dois capacetes tipo “jet”. Todas têm espaço de arrumação junto aos guiadores, todos com tomadas de corrente para carregar dispositivos eletrónicos. No final do dia, enquanto contemplávamos o pôr do sol sobre o rio Tejo, sabíamos que tínhamos enfrentado e vencido o centro da “nossa” capital.
O caos da mobilidade urbana em Lisboa transformou-se num dia de descoberta e inspiração, com as scooters de qualidade única a revelarem-se as companheiras perfeitas para explorar uma cidade tão diversificada e rica em história e, por isso, tão apetecível ao negócio do turismo. E, claro, fizemos muitas fotografias nas mais difíceis condições que nos lembramos para “pintar” este artigo.
FICHAS TÉCNICA:
BMW C 400 X
Preço: 7100 €
Tipo: monocilíndrico, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 4 válvulas, DOHC
Diâmetro x Curso: 80 x 69,6 mm
Cilindrada: 350 cc
Potência Máxima: 35 cv / 7.500 rpm
Binário Máximo: 35 Nm / 5.750 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica
Embraiagem: automática centrifuga
Caixa: variador contínuo
Final: por correia
Quadro: tubular em aço
Suspensão dianteira: forquilha de 35 mm, com 110 mm de curso
Suspensão traseira: amortecedor duplo, com 112 mm de curso e regulação pré-carga da mola
Travão Dianteiro: dois discos de 265 mm, pinça de 4 pistões
Travão Traseiro: disco de 265 mm, pinça de 1 pistão
Pneus Dianteiros: 120/70-15″
Pneu Traseiro: 150/70- 14″
Altura do Assento: 775 mm
Distância entre eixos: 1560 mm
Capacidade do depósito: 12,8 litros
Peso a cheio: 206 kg (a cheio)
Importador: BMW Motorrad Portugal
Honda Forza 350
Preço: 6.350 €
Tipo: monocilíndrico, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 4 válvulas, DOHC
Diâmetro x Curso: 77 x 70,8 mm
Cilindrada: 330 cc
Potência Máxima: 29 cv / 7.250 rpm
Binário Máximo: 31,5 Nm / 5.250 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica
Embraiagem: automática centrifuga
Caixa: variador contínuo
Final: por correia
Quadro: tubular em aço
Suspensão dianteira: telescópica, 33 mm de diâmetro, 125mm de curso
Suspensão traseira: amortecedor duplo, com 130 mm de curso e regulação pré-carga da mola
Travão Dianteiro: disco de 256 mm, pinça de 2 pistões
Travão Traseiro: disco de 240 mm, pinça de pistão simples
Pneus Dianteiros: 120/70-15″
Pneu Traseiro: 140/70- 14″
Altura do Assento: 780 mm
Distância entre eixos: 1510 mm
Capacidade do depósito: 11,7 litros
Peso a cheio: 186 kg (a cheio)
Importador: Honda Motos Portugal
Kymco Xciting VS 400 LE
Preço: 7790 €
Tipo: monocilíndrico, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 4 válvulas, DOHC
Diâmetro x Curso: 72,1 x 84 mm
Cilindrada: 400 cc
Potência Máxima: 34 cv / 7.250 rpm
Binário Máximo: 37,5 Nm / 5.750 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica
Embraiagem: automática centrifuga
Caixa: variador contínuo
Final: por correia
Quadro: tubular em aço
Suspensão dianteira: forquilha telescópica
Suspensão traseira: amortecedor duplo
Travão Dianteiro: dois discos de 280 mm, pinças radiais
Travão Traseiro: disco de 240 mm, travão de estacionamento
Pneus Dianteiros: 120/70-15″
Pneu Traseiro: 150/70-14″
Altura do Assento: 810 mm
Distância entre eixos: n.d.
Capacidade do depósito: 12,5 litros
Peso a cheio: 213 kg (a cheio)
Importador: Grupo Multimoto
Yamaha XMAX 300
Preço: 6.495 €
Tipo: monocilíndrico, 4 tempos, refrigerado por líquido
Distribuição: 4 válvulas, DOHC
Diâmetro x Curso: 70 x 75,9 mm
Cilindrada: 292 cc
Potência Máxima: 28 cv / 7.250 rpm
Binário Máximo: 29 Nm / 5.750 rpm
Alimentação: Injeção eletrónica
Embraiagem: automática centrifuga
Caixa: variador contínuo
Final: por correia
Quadro: tubular em aço
Suspensão dianteira: forquilha, com 110 mm de curso
Suspensão traseira: amortecedor duplo, com 79 mm de curso e regulação pré-carga da mola
Travão Dianteiro: disco de 267 mm, ABS
Travão Traseiro: disco de 245 mm, ABS
Pneus Dianteiros: 120/70-15″
Pneu Traseiro: 140/70- 14″
Altura do Assento: 795 mm
Distância entre eixos: 1540 mm
Capacidade do depósito: 13,2 litros
Peso a cheio: 183 kg (a cheio)
Importador: Yamaha Motor Portugal
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a para de todas as novidades do mundo do desporto em duas rodas. A não perder!